Pedra, Papel e Tesoura

28 de setembro de 2014

Anotações sobre os filósofos pré-socráticos.

Filed under: Livros, Passatempos — Tags:, , , — Yure @ 18:06
  • O que é vivo precisa de umidade para viver. As coisas mortas são secas. Tales também acreditava que objetos tinham alma, por isso não poderiam ser chamados de “inanimados”.
  • O limitado não é capaz de criar algo. Tudo o que está separado deve juntar-se um dia e depois separar-se novamente. O ser humano procedeu de peixes.
  • O vivo dissipa-se em sua origem. Anaximandro via que os elementos transformavam-se reciprocamente uns nos outros, por isso não supôs que um deles fosse substrato. Deus é ilimitado e vice-versa.
  • O ser humano é o único animal que não nasce pronto para sobreviver ou que não o aprende à curto prazo, precisando assim de proteção. Os primeiros seres humanos, então, recebiam proteção dos peixes, uma ideia derivada da doutrina de Tales de que tudo vem da água.
  • O ar torna-se fogo por rarefacção, mas torna-se outros elementos por condensação. Assim, tudo vem do ar.
  • É natural que as pessoas concebam para si deuses antropomórficos. Se cavalos, por exemplo, pudessem conceber deuses, parece natural que intentassem deuses com aparência de cavalo. O verdadeiro deus não deveria comportar nenhuma característica humana.
  • Mais vale saber das coisas que ser forte.
  • É totalmente errado que as pessoas concebam deuses como perfeitos e atribuam a deuses toda sorte de comportamento humano desonroso, como a traição conjugal.
  • Ninguém tem qualquer autoridade para dar uma última palavra sobre o divino, nem o próprio filósofo, então que se tome o que ele pensava como a opinião dele.
  • O mundo sempre existiu, é eterno.
  • Felicidade não coincide com prazer corporal. A pessoa comum ora para estátuas e ídolos, ignorando o que representam.
  • É digno morrer em consequência de combate. O que há depois da morte é um mistério.
  • Melhor a glória eterna que o prazer transitório.
  • As grandes coisas merecem tempo devido para serem julgadas. A democracia não necessariamente produz o melhor resultado. A guerra é necessária à mudança. Dados sensíveis são facilmente mal interpretados.
  • Os opostos coincidem em Deus. A alma é ligada harmoniosamente ao corpo.
  • Tolos tudo temem.
  • Se algo feito pela natureza nos parece injusto, isso se deve a nossa inaptidão de entender a justiça da natureza que, em geral, é melhor que a nossa. Para usufruir do potencial cognitivo sensorial, uma boa alma se faz necessária. Algumas coisas que queremos é melhor não ter. A voz da natureza precisa ser ouvida.
  • Parte do sucesso de Heráclito deve-se ao quão simples eram suas ideias. Qualquer um pode entender o que está escrito, se der-se ao mínimo de esforço.
  • O mundo vem de um elemento simples e pare esse elemento retorna periodicamente.
  • A discórdia é necessária.
  • O conhecimento confiável vem da razão comum, que precisa ser ouvida. Os que procuram saber das coisas sem recorrer a razão, erram.
  • Tudo se repete e nada é realmente novo.
  • É mais fácil se defender de um inimigo que de um amigo.
  • O mesmo é pensar e ser.
  • É importante conhecer tanto a verdade como as opiniões dos mortais, para saber o que se deve evitar, como não se deve pensar e como refutar. Os sentidos não são completamente condenados por filósofos pré-socráticos.
  • O não-ser não pode ser pensado, dito e não existe. Pensar e ser são a mesma coisa. O ser é eterno, imóvel, esférico.
  • A filosofia erra quando usa todos os significados de ser como se fossem o mesmo, sem separá-los, gerando ambiguidade. O ser se diz de várias formas. Foi provavelmente o primeiro a dizer que terra é matéria e fogo é movimento.
  • Se algo é adicionado a um corpo e não aumenta seu tamanho, se algo é subtraído de um corpo e não diminui seu tamanho, esse algo não existe.
  • O nada é estéril. Se houve um ponto em que nada existia, efetivamente nada existiria agora. É necessário que algo tenha sempre existido.
  • Movimento implica espaço vazio. De fato, se tudo estivesse completamente cheio, não seria possível mover-se.
  • Os deuses são impassíveis de se conhecer.
  • O corpo é confiável como instrumento de conhecimento.
  • Nada vem do nada.
  • O estudo fortalece o entendimento. Os quatro elementos (água, ar, fogo e terra) e as duas forças (amor e ódio) têm a mesma idade.
  • Mesmo os deuses são feitos desses elementos.
  • Quando as coisas se juntarem novamente em uma, pela força do amor, o ódio será a única coisa que não participará da mistura.
  • Todos os seres têm inteligência.
  • Não se deve alterar a natureza das coisas para não matá-las. Quem nutre opiniões a respeito de deuses ao invés de buscar a verdade sobre os deuses, é um desgraçado.
  • Há seis princípios, quatro materiais (água, ar, terra e fogo) e dois ativos (amor e ódio).
  • Ódio e amor governam alternadamente. O fato de que as coisas se separam mais que se juntam mostra que, atualmente, o ódio governa.
  • O gosto dos alimentos vem da composição do solo. De fato, o sabor do vinho varia conforme o terreno no qual foram cultivadas as uvas. Inteligência e alma são a mesma coisa.
  • Todas as coisas têm números e é impossível pensar sem números.
  • O número permite conhecer aquilo que é duvidoso.
  • Existem pensamentos que são mais fortes que nós. A Terra gira em torno do elemento fogo, em uma rota circular oblíqua.
  • Som é consequência de choque.
  • A agudeza de um som deriva da velocidade de execução.
  • Cada coisa tem fragmentos de cada coisa. Tudo está em tudo… menos no espírito.
  • O espírito não incorpora matéria que lhe é estranha, muito embora possa ser incorporado em matéria.
  • Nascer é ser composto e morrer é ser decomposto. Os animais são mais fortes e mais rápidos, mas o indivíduo é mais inteligente.
  • Ar é Deus, está em tudo.
  • Todo discurso tem um pressuposto, que deve ser exposto de forma simples e digna.
  • Ar coincide com vida e inteligência. É um deus que se manifesta de diferentes maneiras tal como a inteligência.
  • Os mundos são formados de ar condensado e são ilimitados em número. A Terra é redonda. O ar de Diógenes é eterno e imóvel, não coincide com o ar comumente concebido pelas pessoas.
  • Tudo acontece por uma razão.
  • Leucipo fundou o atomismo, doutrina que prega que todas as coisas são feitas de átomos que se agregam e se separam mecanicamente. Assim, o mundo não é eterno.
  • Leucipo, Demócrito e Epicuro acreditavam que o pensamento decorre do estímulo externo.
  • Felicidade é comedimento e ponderação e não agitação.
  • Prazer e dor definem vantagem e desvantagem.
  • Os sentidos podem conhecer até certo ponto. Daí, a razão precisa assumir.
  • O artista entusiasmado e inspirado produz bela arte.
  • A sabedoria liberta a alma das paixões. O indivíduo é um microcosmo.
  • Felicidade vem da retidão e da prudência. O mal deve ser evitado por dever e não por simples temor.
  • É correto se sujeitar aos mais sábios quando estes são reconhecidos como tal. A crítica vinda de uma má pessoa não precisa ser acatada. Quem se acha sábio se fecha ao conhecimento novo.
  • Ação irrefletida provoca arrependimento. Sabedoria vem da experiência. Dá para identificar a pessoa inexperiente pelas suas aspirações. É infantil desejar sem medida. Deve-se recusar o prazer que não traz vantagem.
  • Apenas aceite favores se puder retribuir com juros. Viver sem amigos não vale a pena.
  • Elogiar quem não merece é causar dano ao elogiado, pois não corrigirá sua conduta. Coçar-se e amar provocam a mesma sensação.
  • Querer agradar alguém a todo custo é prejudicial. O indivíduo aprende dos animais por imitação. O corpo precisa ser bem cuidado.
  • Viver sem moderação é aceitar morrer aos poucos. Procurar saber tudo é ignorar tudo.
  • Deve-se educar pela palavra e não pela punição, para que o aluno não pense que pode fazer o que quiser quando não houver quem o puna. Educando pela palavra, ele agirá corretamente mesmo na ausência de punidor.
  • A existência de velhos estúpidos mostra que é a educação que traz sabedoria, não o tempo. Assim, experiência não coincide com mera passagem dos dias. O máximo de felicidade e a minimização da tristeza são obtíveis pela procura do prazer em coisas imperecíveis. Procurar prazer, por exemplo, no dinheiro (que acaba) é aceitar a possibilidade de que sua fonte de prazer é esgotável. O que fazer quando ela esgotar?
  • O animal, quando necessita de algo, sabe do quanto necessita. Já a pessoa, não sabe. Fugir da morte é aproximar-se dela.
  • O que o corpo deseja é fácil encontrar (comida, água, abrigo, local pra aliviar-se), mas o que o espírito mal dirigido deseja (fama, fortuna, imortalidade) é difícil de encontrar. A busca por essas coisas raramente dá certo e traz muitos sofrimentos, além de que elas não fazem ninguém feliz. Deve-se trabalhar como se a morte nunca fosse chegar.
  • Num estado dividido pela guerra civil, vencedor e vencido são levados à perda.
  • O assassino de um injusto não merece punição. A lei da alma é não praticar o mal. É justo que as falhas sejam mais lembradas que os sucessos para que não se repitam facilmente.
  • Educar crianças é doloroso, mas os resultados de uma má educação na infância doem ainda mais. Melhor adotar filhos que procriar.
  • Quem suporta a pobreza dignamente tem domínio próprio.
  • A alma também é feita de átomos.
  • Nada pode ser infinitamente dividido.
  • A alma não é imortal. Nada feito de átomos é imortal, por ser passível de decomposição. Mas o átomo é imperecível.

6 Comentários »

  1. […] que se pinta Deus com uma barba? Por acaso ele é humano? Se a toupeira adorasse a Deus, provavelmente o conceberia como uma toupeira divina. “Imagem e semelhança” não é […]

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    Pingback por Anotações sobre o dicionário filosófico. | Pedra, Papel e Tesoura. — 27 de setembro de 2016 @ 14:20

  2. […] em plena acepção do termo, isto é, partículas que não podem ser ulteriormente divididas, os átomos de Demócrito e […]

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    Pingback por Anotações sobre os princípios da filosofia. | Pedra, Papel e Tesoura. — 8 de maio de 2016 @ 11:49

  3. […] finito vem do infinito. A criatura vem do […]

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    Pingback por Meditações metafísicas. | Pedra, Papel e Tesoura. — 24 de março de 2016 @ 08:05

  4. […] e ódio, na filosofia de Empédocles, são princípios dos […]

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  5. […] de Sócrates, República, Elogio de Helena, Fédon, Fedro, Mênon, Metafísica, dois livros sobre os pré-socráticos, Banquete e Teeteto. É que literatura não é algo que eu curto muito, mas […]

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    Pingback por Carta trocada com um amigo. | Pedra, Papel e Tesoura. — 22 de junho de 2015 @ 09:54

  6. […] essa foi, em linguagem metafórica, sua primeira navegação, em que ele aprendeu com esses filósofos. De fato, ao explicar o mundo como causado por elementos materiais, coisas incorpóreas, mas […]

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    Pingback por Às beiras da verdade. | Pedra, Papel e Tesoura. — 5 de janeiro de 2015 @ 20:26


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