Atração por crianças e adolescentes.

“Pessoas atraídas por crianças ou adolescentes” (ou “paca”) é um termo que se refere a adultos que sentem atração sexual ou romântica por crianças ou adolescentes, mas também se refere a adolescentes que sentem esse tipo de atração por crianças. O conceito se relaciona com outros, como pedofilia e hebefilia. No entanto, esta categoria é relativamente nova e a maioria das pessoas não vê a diferença entre a atração por crianças ou adolescentes e estupro de vulnerável. Por causa disso, a autoestima das pessoas atraídas por crianças ou adolescentes é severamente prejudicada, elas se escondem e desenvolvem ódio ou mesmo medo de si mesmas. Mas é importante que a pessoa atraída por crianças ou adolescentes entenda que ela não é uma ameaça às crianças ou aos adolescentes, que sua atração é aceita em outras culturas e que, olhando por esta ótica, a atração por crianças ou adolescentes não é uma doença em si, mas é tornada tal dependendo do contexto social. Isso deve ajudar as pessoas atraídas por crianças ou adolescentes a aceitarem-se de todo o coração, a ver os fenômenos culturais como passivos de mudança, a melhorar a compreensão de si mesmas e encaminhá-las a alguém que as ajude, se necessário.

O problema.

Este texto é destinado às pessoas atraídas por crianças ou adolescentes e, por isto, é escrito presumindo que o leitor é atraído por crianças ou adolescentes. Então, me referirei a tais pessoas usando o pronome “você”.

Tente procurar a palavra “pedofilia” on-line agora mesmo. O que você provavelmente verá é uma série de artigos de notícias sobre casos de estupro, molestamento ou coisa pior. No entanto, para um grupo de pessoas, essa é uma imagem muito reducionista. Estou falando de você e seus semelhantes. Afinal, você tem sentimentos por crianças ou adolescentes, por isso está em posição de julgar o que os outros dizem sobre você. E para você, as notícias não refletem quem você realmente é, certo?

O fenômeno da atração por crianças ou adolescentes é muito diverso para ser adequadamente descrito pelos meios de comunicação de massa, orientados para o lucro que advém de reportagens chocantes. Dentre seus semelhantes, há os que são pedófilos (atraídos por crianças pré-púberes), mas também há nepiófilos (atraídos por bebês) e hebéfilos (atraídos por pubescentes). Talvez você pense que o que você intimamente deseja não precisa ser ilegal ou talvez você prefira que as coisas continuem como estão. E o mais interessante é que pode ser que você nem seja adulto.

Assim, há um nuance: nem todos os seus semelhantes são adultos, nem todos são pedófilos, nem todos chegam a se relacionar com algum vulnerável, muitos não têm interesse em fazer isso por uma variedade de razões, embora a luxúria exista. Mas as generalizações promovidas pela mídia de massa fazem com que você se sinta isolado ou desesperado. Você não se vê nos monstros retratados nas notícias, nem nunca se verá: o pedófilo que nunca se relaciona com uma criança não é algo que a grande mídia veja como digno de ser noticiado. Então, se você é obediente à lei, você pode pensar que é um de poucos ou que você logo infringirá a lei. Não só isso, você sente que está sendo injustamente comparado com pessoas horríveis. Daí os sentimentos de desespero. No entanto, esse desespero é baseado em uma falsa suposição: a de que você é um criminoso ativo ou potencial. E isso não é verdade: os sentimentos que você tem não necessariamente lhe tornarão um criminoso.

Dito isto, procurar informações sobre a atração por crianças ou adolescentes em geral e a pedofilia em particular pode ser uma atividade muito dolorosa e infrutífera. O objetivo deste texto é fornecer informações precisas sobre a atração por crianças ou adolescentes para você, a fim de fazer você se sentir mais à vontade consigo próprio, ao mesmo tempo em que enfatiza a necessidade de se manter obediente às leis. A primeira seção tenta definir atração por menores, a segunda tenta explicar a diferença entre pensamentos e ações. Espero que, depois de ler isto, você consiga dormir bem.

Antes de prosseguir, eu preciso declarar que este guia não vai te ensinar a quebrar a lei: não há informação sobre aliciamento, compartilhamento de pornografia infantil, nada disso. Se você chegou a esta página esperando algo assim, você se decepcionará.

Atração por crianças ou adolescentes.

Ser atraído por crianças ou adolescentes é ter uma ligação erótica com pessoas que, por lei, não são adultas. Atração por bebês é chamada de nepiofilia, atração por crianças pré-púberes é chamada de pedofilia, atração por crianças e adolescentes púberes é chamada de hebefilia, atração por adolescentes pós-pubescentes é chamada de efebofilia. É importante ressaltar que esses termos implicam uma atração preferencial: se você se sentiu sexualmente atraído por uma criança uma vez, mas foi uma ocorrência única, ou se seu desejo por adultos é maior, você não é um pedófilo. Destas, apenas a pedofilia (e, por extensão, a nepiofilia) é considerada um transtorno mental, de acordo com a Classificação Internacional de Doenças e o Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais, mas somente se o pedófilo estiver profundamente angustiado pelos sentimentos que tem ou se ele agiu de acordo com o impulso. Dito isto, um pedófilo não é necessariamente doente mental, dependendo de quão bem o pedófilo lida com seus sentimentos. A razão pela qual a hebefilia e a efebofilia não são consideradas doenças, mesmo quando o sujeito se relaciona com adolescentes, é porque essas atrações são muito comuns para serem consideradas anormais. Além disso, a classificação da hebefilia como transtorno mental teria efeitos indesejáveis ​​no campo forense.

Você e seus semelhantes não diferem somente em “idades de atração”, mas também diferem de acordo com posição política. A idade de consentimento é uma lei. Posicionar-se como favorável ou contra uma lei é uma posição política. Há pedófilos que são favoráveis ​​à reforma da idade de consentimento e há aqueles que não são. Se você é favorável ​​a baixar ou abolir a idade de consentimento, você é “pró-reforma”. Caso você prefira deixar a idade de consentimento como está ou aumentá-la, você é “anti-contato”. Tais rótulos não são indicativos de ficha criminal: uma pessoa pode ser pró-reforma e obediente à lei. O sujeito obediente à lei é muitas vezes chamado de “inofensivo”. Nenhum dos rótulos implica uma posição sobre a pornografia infantil: mesmo sendo pró-consentimento, pode ser que você não queira a legalização da pornografia infantil, enquanto alguns anti-contatos podem querer a legalização de pornografia infantil desenhada (sem crianças reais), sendo contra a legalização de pornografia infantil com crianças reais.

Poder-se-ia perguntar por que você, por exemplo, adotaria uma posição particular sobre a idade do consentimento. Enquanto aqueles que são pró-consentimento argumentam que algumas relações entre adulto e criança, sexuais ou não, poderiam ser inofensivas ou mesmo benéficas, de uma forma que seria mais justo se essas relações fossem julgadas caso a caso, aqueles que são anti-contato argumentam que o dano ainda acontece e que pode ser devastador ou que, mesmo que essas relações possam ser inofensivas e positivamente lembradas, elas ainda são imorais, porquanto o consentimento dado pela criança sempre pode ser questionado. O mero fato de que tal debate exista em comunidades atraídas por menores deve servir para dissipar o preconceito de que você não tem ética. Porque a sexualidade inclui vários elementos interpessoais e uma dinâmica entre a pessoa que deseja e a pessoa desejada, algo que é observado até mesmo em adolescentes, então é seguro dizer que a atração sexual é uma característica de uma resposta erótica mais ampla que inclui sentimentos de amor. É improvável que você defenda qualquer das duas posições, desconsiderando a segurança e os sentimentos das crianças.

A coisa ganha ainda novos nuances se você não for adulto: de acordo com uma das pesquisas da B4U-ACT, a maioria dos seus semelhantes sente sua primeira atração por uma criança menor aos 12 anos e percebe que tal atração é preferencial aos 14 anos. Isso significa que há adolescentes que são atraídos por crianças, por exemplo. Como uma pessoa que odeia você em consequência de seu desejo de proteger as crianças responde a isso? Proteger as crianças implica também proteger as crianças atraídas por menores. Então, odiar você não é algo que possa ser conciliado com o desejo de proteger as crianças em geral, caso você ainda seja criança ou mesmo adolescente.

Causas.

As causas da atração por menores não são claras. Ela parece ser notada pela primeira vez na adolescência e é resistente a mudanças. Considerando que até mesmo as pessoas com menos de 12 anos são seres sexuais e que têm brincadeiras sexuais entre si (para exemplos de atividade sexual na infância, ver Campbell et al, 2013 , páginas 154 a 157), pode-se pensar que o problema da atração por menores reside no fato de que a pessoa, quando cresce, continua a ser atraída por crianças, mas nem sempre é assim: algumas pessoas percebem que são preferencialmente atraídas por crianças também na idade adulta. O traço, no entanto, parece ser inerente. Não há como “se tornar” uma pessoa atraída por menor: você é ou não é. No entanto, pode-se falar de “descoberta”. Você se descobre como uma pessoa atraída por menores, mas não se pode dizer que um evento específico “desencadeou” a atração.

Por um tempo, pensou-se que ter contatos sexuais com um adulto faria com que a criança crescesse como pedófila. Essa linha de pensamento é chamada de “teoria do ciclo do abuso” e está sendo contestada atualmente. Parece não haver um vínculo necessário entre ter contatos sexuais na infância e crescer atraído por crianças, especialmente se esse contato for considerado negativo.

A única coisa que pode ser dita é que a atração por menores em geral e pedofilia em particular não são escolhas, com um punhado de pesquisadores afirmando que a pedofilia poderia ser uma orientação sexual. Se a atração por menores for uma orientação sexual, uma analogia com a homossexualidade é possível: nada pode te “tornar gay”, ou você é gay ou não é. Mas você pode dizer que “se descobre gay”. Embora isso não garanta que o sexo entre adultos e crianças deva ser legal, isso significa que, se os pedófilos não escolherem sua condição e a mudança dessa condição não for possível, odiá-los só por isso é injusto. Você não é responsável pelos sentimentos que tem, mas apenas por suas ações.

Características.

Quando você percebeu que gosta dos mais novos? Aos dez, doze ou catorze anos? Talvez só na vida adulta, quem sabe? A maioria dos seus semelhantes percebem sua primeira atração por volta dos 12 anos de idade. Ao contrário da crença popular, não é um fenômeno exclusivamente masculino: mulheres e meninas também podem ser atraídas por pessoas muito mais jovens do que elas. Os sentimentos que você tem vêm em três níveis: carinhoso, romântico e sexual. No primeiro nível, você pode ter o desejo de cuidar dos jovens, oferecer orientação, proteger e estar disponível para as suas necessidades. Isso ajudaria a explicar por que tantos escândalos sexuais envolvem pessoas em posições de orientação, como padres ou professores. No segundo nível, o desejo é ter expressão emocional. No terceiro nível, os desejos são voltados para o que poderíamos chamar de “molestamento”, em termos legais: tocar, acariciar, atos libidinosos que são mais frequentemente centrados na criança. Tem sido apontado na literatura que, pelo menos quando se trata de pedófilos (não incluindo hebéfilos ou efebófilos), a penetração é uma característica rara do contato sexual com crianças. Considerando que esses sentimentos sexuais podem coexistir com sentimentos amorosos, parece natural que os pedófilos, como pessoas atraídas por crianças pré-púberes, evitem a conjunção carnal, pois esta seria ao mesmo tempo dolorosa e provavelmente degradante para a criança. É improvável que uma criança imatura gostasse de penetração: perder a virgindade pode ser uma experiência dolorosa para meninas mais velhas e até mulheres, quanto mais para uma criança pequena. Uma criança nunca deve ser submetida a qualquer coisa além do seu nível de maturidade.

No entanto, como está implícito nos dois primeiros níveis de atração (carinho e romance), você provavelmente não sentiria gratificação se a criança ou adolescente não estivesse disposto a participar. Os leigos poderiam então perguntar “e os casos de estupro infantil que vemos na televisão?” Sabe-se agora que a maioria das pessoas presas por sexo com menores não preenche os critérios diagnósticos para a pedofilia. Em termos leigos, isso significa que a maioria das pessoas que são processadas por sexo com crianças não são pedófilos em primeiro lugar. Há várias razões para uma pessoa ter relações sexuais com os menininhos e a pedofilia é apenas uma delas. A pessoa pode fazer sexo com um adolescente ou criança por experimentação, vingança, desejo de causar dor, intoxicação, desordem mental ou, em casos extremos raros, por ser forçado por um adolescente mais forte. Se apenas uma minoria dessas pessoas na televisão são pedófilos de verdade, os leigos devem estar mais preocupados com pessoas “normais”, especialmente as de dentro da própria família, que poderiam abusar de seus filhos. Se um abusador realmente pode ser “qualquer um”, sabe-se agora que raramente é um pedófilo.

Finalmente, considerando o impacto social dessas relações e os sentimentos amorosos e românticos que coexistem com os sentimentos sexuais, não é surpresa que muitos de seus semelhantes optem por permanecer celibatários em relação a crianças e adolescentes. De fato, mesmo entre aqueles que adotam uma visão pró-reforma, ter um relacionamento sexual com uma criança é visto como antiético, já que pode expor tanto o adulto quanto o pequeno às tribulações da intervenção social. Assim, os pedófilos que têm sentimentos sinceros de amor pelas crianças devem permanecer celibatários, mesmo que se julguem inofensivos, pelo menos até que o clima se torne mais receptivo a essas relações.

Existe um tratamento ou cura?

Quer a atração por menores seja uma orientação sexual ou um distúrbio, ela é resistente a mudanças. Sabemos que a terapia de aversão, antes usada como uma tentativa de transformar a atração homossexual em heterossexual, não funciona como tratamento e sim como punição. E essa punição ainda é aplicada a pessoas com atrações sexuais problemáticas. As técnicas de terapia de aversão incluem choque elétrico, indução de vômito, zumbidos de alta frequência e outros estímulos desagradáveis, enquanto, ao mesmo tempo, também é dado àquela pessoa algo que as excita sexualmente.

Se a atração por menores não pode ser modificada, o melhor que podemos fazer no clima atual é ajudar seus semelhantes a permanecerem cumpridores da lei enquanto melhoramos sua qualidade de vida. Quando você está isolado ou tem a sensação de “não ter mais nada a perder”, você está mais propenso a quebrar a lei. Isso significa que isolar você da sociedade não é útil para os objetivos da sociedade, nem para seus objetivos de permanecer na lei. Com isso em mente, o grupo terapêutico B4U-ACT não defende o tratamento que visa “curá-lo”, especialmente porque o B4U-ACT não vê atração por crianças ou adolescentes como uma doença. Os terapêutas que trabalham com o B4U-ACT devem se dedicar ao tratamento humano, com foco no seu bem-estar, o que diminui as chances de quebra da lei.

Sentimentos e ações.

Sentir atração por crianças ou adolescentes é diferente de agir segundo tal atração. Para fazer uma analogia, várias pessoas têm vontade de fazer coisas ilegais: assassinar ou espancar uma pessoa da qual não gosta, experimentar drogas ilícitas ou jogar coisas proibidas. No entanto, ter esses sentimentos não garante que uma pessoa agiria de acordo com esses impulsos. As pessoas têm direito às suas fantasias. O mesmo vale para você.

No Japão, a pornografia infantil desenhada, sob a forma de mangá lolicon / shotacon, é tolerada. Mas a disponibilidade de tal pornografia (como acontece com qualquer pornografia) não parece aumentar as taxas de abuso sexual infantil no Japão. Por outro lado, os Estados Unidos e o Reino Unido, dois territórios que investem muito na luta contra a pedofilia, aparecem na lista dos cinco países com maiores índices de abuso sexual infantil. Como podemos explicar tal fato?

Em um estudo sobre a presença de pornografia e sua correlação com as taxas de crimes sexuais, descobriu-se que a República Tcheca tinha menores taxas de abuso sexual infantil depois de legalizar a posse de pornografia infantil. Embora isso não garanta que a pornografia infantil deva ser legal, isso pode significar que a presença de pornografia infantil torna os pedófilos, em particular, menos propensos a procurar encontros com crianças reais. Isso poderia ajudar a explicar por que as taxas de abuso sexual infantil são baixas no Japão, mas altas nos Estados Unidos: o Japão permite que os pedófilos tenham uma saída para seus sentimentos, na forma de mangá e animê, dando-lhes uma descarga segura. Crianças reais não precisam participar da produção de um material interessante para você. Por isso, há algumas pesquisas sobre pornografia infantil de realidade virtual, que serviria ao mesmo propósito. Embora as evidências mostrando que a pornografia infantil faz com que os pedófilos fiquem menos propensos a se relacionar com crianças sejam inconclusivas, vale a pena investigar cientificamente até que ponto a pornografia que não envolve crianças reais, como o mangá ou a realidade virtual, é capaz de imitar esse efeito. Portanto, se você for contra qualquer modificação nas leis de idade de consentimento, essa possibilidade é algo que você deve considerar.

Mesmo que nenhuma saída seja dada, ninguém pode tirar seu direito de fantasiar. Não é possível tornar pensamentos e sentimentos ilegais. Enquanto você tiver uma maneira de ter alívio sexual legal, a propensão para quebrar a lei será menor. Além disso, existem outras formas de expressão que não são sexualmente explícitas. Por exemplo: de vez em quando saem novelas ou romances sobre o tema do “desejo proibido” entre um adulto e alguém muito jovem. Outro exemplo seria o filme I Love You, Daddy, lançado em 2017. A existência de obras de ficção legais com tais temas mostra que a sublimação do desejo através do trabalho artístico também é possível e também pode ser feita de forma aceitável, legal e até mesmo lucrativa. É importante notar também que tais obras podem muito bem terem sido escritas feitas por pessoas que não são seus semelhantes.

Idade de consentimento e cultura.

A volatilidade das leis as torna inadequadas para definir o que é doentio e o que não é, mesmo que elas possam ditar o que é socialmente aceitável e o que não é. Essa é uma questão importante a ser considerada para o seu bem-estar, porque parte da vergonha que você sente sobre seus sentimentos pode vir do fato de que muitas formas de expressão da atração por crianças ou adolescentes são ilegais em determinado território.

A idade do consentimento varia de acordo com as culturas, ou seja, de acordo com tempo e local. As primeiras idades de consentimento eram muito baixas. Nos Estados Unidos, por exemplo, a idade de consentimento costumava ser 7 em Delaware. Essas leis refletem o fato de que relacionamentos entre adultos e menores eram historicamente comuns, mesmo que tais relacionamentos sejam pouco estudados hoje. Movimentos sociais, especialmente o feminismo, desempenharam um papel na mudança dessa imagem, embora alguns círculos de direitos da mulher sejam mais sexualmente liberais. Mas até hoje, as idades de consentimento podem ser muito baixas em outros lugares: a menor idade de consentimento no Japão é 13, a idade de consentimento no Brasil é 14 em todo o país e era 12 nas Filipinas até bem pouco tempo. O caso do Brasil é especialmente interessante porque a idade de consentimento no Brasil era de 16 anos em 1920, atualmente é de 14 anos e havia, em 2011, uma proposta para diminuir para 12, seguindo, entre outras coisas, a descoberta de que a idade de consentimento estava interferindo nos romances adolescentes. Assim, dos países que acabei de mencionar, o Brasil mostra uma tendência a diminuir sua idade de consentimento com o passar do tempo. Há também países sem idade de consentimento, mas que têm limites mínimos de idade para o casamento, os quais também podem ser bem baixos. Esses países frequentemente impõem restrições à atividade sexual para mantê-la dentro do casamento. Então, em alguns países, se você é casado, a disparidade de idade não importa. Por último, em culturas isoladas indígenas, tal lei também pode estar ausente.

Existem iniciativas contra o próprio conceito de policiamento da sexualidade infantil, como o programa partidário do Partido Comunista da Grã-Bretanha (CPGB-PCC), que lista, como uma de suas demandas imediatas, a abolição do controle paternal, religioso e policial sobre a sexualidade infantil e a elaboração de legislação alternativa contra a exploração sexual infantil. Por outro lado, um movimento mundial para aumentar a idade de consentimento em todo o globo não poderia ser feito sem encontrar muita resistência cultural, especialmente no Oriente. Esse movimento levaria décadas para ter sucesso, se existisse.

Isso significa que ter casos românticos ou sexuais com menores nem sempre é ilegal, dependendo do contexto cultural (isto é, das leis locais e do período histórico). Se você tivesse nascido no lugar certo, na hora certa, sua atração seria tolerada, aceita ou mesmo valorizada. Não é que você seja doente; você apenas nasceu na cultura errada. Embora isso seja um fato e embora a idade de consentimento seja uma lei volátil, essas informações sozinhas não devem ser vistas como uma incitação para violar a lei, nem como um incentivo para se relacionar com crianças. Tal volatilidade foi exaustivamente apontada em outros trabalhos.

Considerando isso, pode-se perguntar por que a idade de consentimento no Reino Unido e nos Estados Unidos, por exemplo, é tão alta. Um dos argumentos para manter uma alta idade de consentimento é que as crianças amadurecem em ritmos diferentes: um adolescente de 15 anos poderia se comportar como se tivesse 12 anos, apesar de outra pessoa de 15 anos ser capaz de se comportar como se tivesse 18 anos. Assim, definir uma idade de consentimento alta pode garantir que nenhuma criança ou adolescente subdesenvolvido consinta com algo que eles, na verdade, não entendem.

Estatísticas e anedotas.

Porém, idades mais baixas de consentimento implicam que relacionamentos sexuais na infância ou adolescência podem não ser violentos. Isso leva à pergunta sobre se o contato sexual antes da idade do consentimento é sempre prejudicial ou não. As relações entre adultos e crianças podem funcionar? A evidência estatística e anedótica mostra que as relações intergeracionais não são consistentemente prejudiciais. Se o contato sexual precoce fosse sempre prejudicial, a idade do consentimento variaria menos. Além disso, se esse fosse o caso, a idade de consentimento seria uma lei muito mais antiga, como as leis contra assassinato, violência, estupro e roubo.

A consideração sobre contatos sexuais precoces lembrados como positivos não seria incluída neste documento se não fosse registrado na literatura que o conhecimento de tal informação poderia melhorar sua autoestima. Mas uma discussão sobre a intimidade sexual entre adulto e criança não pode ser feita sem considerar as razões para a proibição.

Ao contrário do que comumente se pensa, a ciência não confirma a crença de que a intimidade sexual entre adultos e crianças é sempre prejudicial. Alguns desses contatos são lembrados como positivos. Um dos livros usados ​​como referência para este texto é Positive Memories, de Rivas, que compila casos de contatos sexuais voluntários entre menores de 15 anos ou menos com adultos de 18 anos ou mais. Tais casos foram extraídas de outros trabalhos, como biografias, artigos de notícias, artigos científicos e outros. As fontes podem ser encontradas na bibliografia do livro. Outras compilações estão disponíveis em outros lugares. Então, aí está uma das várias provas contra a ideia de que a expressão sexual entre adulto e criança é sempre negativa. Compilei outras na seção final, para que você tenha algo para ler quando estiver entediado.

Também vale a pena mencionar que nenhum desses estudos assume uma posição pró-legalização definitiva. Mas alguns estudos têm a cautela de dizer que a idade não é um fator determinante no julgamento que o menor faz da experiência, considerando que tanto há estudos que mostram que a idade guarda relação positiva com tal julgamento quanto há aqueles que apontam uma relação negativa, além daqueles que não apontam relação. Será que é para a idade que deveríamos estar olhando? Será que não faz mais sentido atribuir o dano à presença ou ausência de violência e não à idade dos envolvidos? Dito isto, a mera exposição desses dados não deve ser vista como incentivo para violar a lei. Além disso, os dados científicos por si só não podem operar mudanças na lei e, se a ciência quiser ser imparcial, ela não deve se preocupar com o clima político ou com a lei, mas com os fatos.

Mas, considerando que a evidência da relação entre idade e dano é inconclusiva, por que o contato sexual entre adulto e criança ainda é ilegal? A resposta está no consentimento informado. A crença de que as crianças não podem consentir parece ser a única razão pela qual esses contatos ainda são considerados sempre abusivos. Mas o que significa “consentir” neste contexto, já que muitos desses contatos são considerados “voluntários” pela suposta vítima?

O consentimento informado é necessário quando o risco está presente: sempre que você está prestes a fazer algo perigoso, você precisa estar ciente das consequências do ato e deve ser capaz de tomar uma decisão livre sobre correr o risco ou não. O sexo é considerado arriscado, no sentido de potencialmente prejudicial. Se o sexo é potencialmente prejudicial, todos que se envolvem em práticas sexuais devem dar consentimento informado, isto é, devem estar cientes das consequências e ser capazes de assumir uma postura livre ao assumir o risco ou não. O problema do contato sexual entre adulto e criança é que, enquanto alguns adultos não estão plenamente conscientes das consequências de seus atos e enquanto o desequilíbrio de poder é inerente às relações humanas, as crianças são ignorantes das consequências e estão em posição desfavorecida em relação a todo o resto da sociedade. O consentimento informado baseia-se em informações ou em dinâmicas de poder equilibradas ​​e nenhuma das duas coisas existe para a criança em tal relacionamento. E isso também explica por que a idade de consentimento varia de acordo com as culturas: diferentes países têm diferentes atitudes em relação ao sexo, juventude mais ou menos informada, extensão mais ampla ou mais estreita dos direitos das crianças, em diferentes contextos históricos. Então, quando alguém diz “as crianças não podem consentir”, o que ele está dizendo, em termos funcionalistas, é:

1. as crianças não são informadas o suficiente para dar um consentimento válido em relações sexuais inerentemente desiguais e;
2. essa questão é importante porque o sexo é arriscado, isto é, potencialmente prejudicial.

Porque dar consentimento a um ato sem informação sobre as consequências é uma escolha nula e porque dar consentimento em uma situação onde você não pode realmente dizer “não” (pois um adulto perigoso poderia tentar forçar a criança se o consentimento for negado) também é um ato nulo, o consentimento da criança é nulo ou, pelo menos, não informado, portanto, juridicamente inválido (caso a criança tenha consentido, o que não significa que a lei relevará tal consentimento). Não importa se a criança disse sim: se o seu consentimento é nulo, o ato é equivalente ao estupro, mesmo que apenas em termos puramente legais (daí o termo “estupro” de vulnerável). Essa é a razão por trás do consentimento informado e a razão pela qual o contato sexual entre adulto e criança permanece ilegal. Mesmo que o ato seja genuinamente praticado livremente e mesmo que nenhum dano, mas apenas benefício, resulte do ato, ele ainda é imoral para a sociedade, o que reflete nas leis.

Para muitas coisas, pais e responsáveis ​​consentem no lugar de seus filhos. Então, quando se trata de questões sexuais, mesmo que a idade de consentimento seja abolida, isso não equivale à liberação plena da criança. A criança ainda seria cuidada e nutrida pelos pais, que seriam responsáveis ​​por ela e responsabilizados pelo dano que a criança poderia sofrer de qualquer fonte, sexual ou não. Por causa disso, muitos pais não aceitariam seus filhos se envolverem em tais aventuras, mesmo que a criança venha expressar seu desejo de participar.

Em qualquer caso, as crianças têm seu próprio ritmo de amadurecimento e cada criança se desenvolve de maneira diferente. Crianças deveriam aprender sobre sua sexualidade à sua maneira. Essa é uma situação muito complicada, porque a introdução de elementos adultos (como fidelidade, privacidade ou responsabilidade) em uma sexualidade que ainda está em desenvolvimento poderia prejudicar tal desenvolvimento, o que poderia resultar em frustração para a criança, talvez não imediatamente, mas depois que ela cresce. Ainda teríamos que considerar a possibilidade de adultos egoístas enganarem ou manipularem a criança ou, de alguma forma, tentarem fazer com que seu interesse prevaleça sobre o interesse da criança, como já há os que fazem isso com adultos. Se isso é uma possibilidade, a legalização continua sendo arriscada. Tenho certeza de que você pode ser uma pessoa amorosa, mas outros podem não ser muito. E finalmente, uma criança e um adulto em uma relação sexual poderiam estar procurando por coisas diferentes: o adulto poderia estar procurando por intimidade física e apegos emocionais, enquanto a criança seria motivada pela curiosidade e prazer. Se as motivações forem diferentes, o relacionamento pode não ser satisfatório para ambos.

Além disso, mesmo que exista um contato sexual positivo entre adulto e criança e mesmo que evidências anedóticas ou estatísticas mostrem que há menores desejando tais encontros, o ato, quando descoberto, causará danos a ambas as partes do relacionamento, devido ao processo judicial e possível terapia posterior. Reitero que agir segundo esses desejos em um contexto cultural que desaprova tal conduta é uma demonstração de irresponsabilidade. Se você for pró-reforma, questione a lei enquanto a segue. Isto é a coisa republicana a se fazer. Questionar as leis e tentar mudá-las não deve é uma atitude que não deve ser confundida com a violação das leis. Siga a lei, mesmo que você também esteja tentando mudá-la, e faça isso tanto por você quanto pela criança que você ama.

Recomendações.

Se você não necessariamente cometerá nenhum crime, se a maioria das pessoas que cometem crimes sexuais contra crianças não são pedófilos e se tais atrações foram, são e poderiam ser aceitáveis ​​dependendo do contexto cultural, então você não tem tantos motivos para se sentir mal. Se isso é tudo o que você precisava ouvir ou ler, você poderia deixar de lado a questão e parar de se preocupar com ela, pois é a carga social atribuída aos sentimentos, e não os sentimentos em si, que causam a vergonha e a culpa. Isso quer dizer que é a sociedade que faz você se sentir mal, não os sentimentos que estão presentes em você.

Você poderia se beneficiar de alguma companhia para, pelo menos, lidar com a sensação de isolamento. Existem comunidades legais on-line e fora da Internet nas quais você e seus semelhantes podem confiar, trocar experiências e receber orientação de pessoas que compartilham a atração. Claro, você também é encorajado a evitar comunidades ilegais. B4U-ACT tem um grupo de mútuo apoio, por exemplo. Outras comunidades como Boychat ou Girlchat, Virtuous Pedophiles e os grupos JORis da NVSH (este último na Holanda) também são opções. Destes, apenas o Virtuous Pedophiles tem exigências políticas de associação, já que a pessoa que se junta ao seu grupo também precisa ser contra a legalização. Devo lembrar ao leitor que o fato de alguém ser favorável a mudanças na lei não indica que a pessoa é criminosa. B4U-ACT, Boychat, Girlchat e os grupos JORis de NVSH não possuem essa exigência política. Como o B4U-ACT quer alcançar o maior número possível de pessoas como você, faz sentido que tal organização não professe qualquer ponto de vista específico sobre a questão do contato: quando a Paedophile Information Exchange operou no Reino Unido, o ativismo pró-reforma da organização fez com alguns membros se distanciassem do grupo. Quando se trata de reforma da idade de consentimento, autoajuda e ativismo político são difíceis de conciliar, se não impossíveis. Dito isto, se um grupo de apoio para pessoas como você quiser alcançar o maior número possível de pessoas, ele deve evitar qualquer posição definitiva sobre a idade de consentimento, o que encorajaria a sua participação, não obstante seu posicionamento em relação às leis. Tal atitude também manteria a própria organização segura. Os grupos JORis e B4U-ACT também realizam reuniões fora da Internet de vez em quando, mas, enquanto os grupos JORis tentam ser um grupo de apoio onde as pessoas podem se apresentar e falar sobre suas lutas para receber apoio de pares, as reuniões presenciais da B4U-ACT são de natureza acadêmica e pesquisadores também participam. Enquanto as pessoas assistem às reuniões do B4U-ACT por conta própria, algumas pessoas são encaminhadas aos grupos JORis pelo sistema de justiça.

Não ver atração por menores como algo negativo e ter amigos que entendem tal atração e escutam você é crucial para o seu bem-estar, o que evita a temida mentalidade de “não ter nada a perder”, o que faria você adotar comportamentos desesperados, como o suicídio. Se as pessoas odeiam você porque acreditam que você viola a lei, lembre que essa crença é comprovadamente errada. Não vale a pena odiar você. De fato, se você é obediente à lei, você pode se passar como pessoa perfeitamente “normal”. Muitos provavelmente são amigos de pelo menos uma pessoa como você.

Para dissipar os preconceitos que existem sobre você e seus semelhantes, a melhor solução seria a participação social. É muito mais seguro “se assumir” online, em contas dedicadas, e muitos o fizeram no Facebook, Twitter, Youtube, WordPress, Tumblr, Medium e assim por diante. A liberdade de expressão é um direito humano e a liberdade de pensamento é algo que não pode ser tirado de você. Nenhuma petição pode mudar isso. Se você puder se assumir on-line, especialmente se souber separar sua identidade pública de uma identidade on-line, isso já será útil. O preconceito contra você só existe porque os outros podem dizer o que quiserem sobre uma minoria silenciosa. Quantas pessoas como você existem? O palpite mais baixo, de acordo com a página de fatos do B4U-ACT, é de 600.000 adultos, contando apenas os Estados Unidos. Quantos existem em outros países? Todas essas pessoas são más?

Leituras.

Pra saber mais sobre o fenômeno da atração por crianças ou adolescentes, os dois links a seguir são ótimos pontos de partida (você precisa manjar de inglês ou usar um tradutor):

B4U-ACT’s Research Summary. https://www.b4uact.org/know-the-facts/
Ipce’s Library 4. https://www.ipce.info/library

Também tem os links abaixo, caso você queira algo pra ler quando estiver se sentindo entediado (novamente, inglês, com a exceção de um link em português, do G1):

Age of consent around the world. https://www.worldatlas.com/articles/age-of-consent-around-the-world.html

Age of consent in European & American history. https://discover-the-truth.com/2013/09/09/age-of-consent-in-european-american-history/

A meta-analytic examination of assumed properties of child sexual abuse using college samples. https://pubmed.ncbi.nlm.nih.gov/9670820/

A meta‐analytic review of findings from national samples on psychological correlates of child sexual abuse. https://www.jstor.org/stable/3813384

A rapid review of sexual pleasure in first sexual experience(s). https://pubmed.ncbi.nlm.nih.gov/33871295/

Aversion therapy – punishment as treatment and treatment as cruel and unusual punishment. https://www.ncjrs.gov/App/publications/Abstract.aspx?id=35461

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Could sex robots and virtual reality treat paedophilia? https://www.newscientist.com/article/2099607-could-sex-robots-and-virtual-reality-treat-paedophilia/

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Staff member at prestigious school had sex with boys “under duress”, court hears. https://www.theage.com.au/national/nsw/armidale-school-sex-boys-court-teacher-20180907-p502hr.html

Student, 14, raped and killed his maths teacher before disposing her body in a wheelie bin. https://www.mirror.co.uk/news/real-life-stories/student-14-raped-killed-maths-7672822

Subjective reactions to first coitus in relation to participant sex, partner age, and context in a German nationally representative sample of adolescents and young adults. https://pubmed.ncbi.nlm.nih.gov/37286764/

Teenage girls want relationships with older men – that’s why it’s men’s responsibility to say no. https://metro.co.uk/2017/10/27/teenage-girls-want-relationships-with-older-men-thats-why-its-their-responsibility-to-say-no-7032490/

Teen girls crave older male partners – an uncomfortable truth British society ignores. https://www.telegraph.co.uk/women/womens-life/11794721/Teen-girls-sexually-crave-older-partners-an-uncomfortable-truth.html

The elephant in the room: youth sexuality. https://link.springer.com/article/10.1007/s10508-023-02624-4

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The problem of modern pederasty in queer history: a case study of Norman Douglas. https://www.berghahnjournals.com/view/journals/historical-reflections/46/1/hrrh460104.xml?rskey=KL6hWG&result=7

The sexual interest of the pedophile. https://www.newgon.net/prd/pedo/interest.html

“The Unorthodox Thing About Love, a novel”, by Jonas Boehm. https://www.goodreads.com/book/show/41152583-the-unorthodox-thing-about-love

Tribunais absolvem acusados de sexo com menor apesar de nova lei. http://g1.globo.com/brasil/noticia/2012/05/tribunais-absolvem-acusados-de-sexo-com-menor-apesar-de-nova-lei.html

What if the child appears to enjoy it? Moral attitudes towards adult-child sex among men with and without pedohebephilia. https://pubmed.ncbi.nlm.nih.gov/28139141/

What’s wrong with adult-child sex (Finkelhor). https://www.mhamic.org/sources/finkelhor.htm

When a boy goes with a man… https://jumima.net/en/

“Will there always be this dark side?” Gay teenage boys’ sexual experiences with adult men. https://www.sciencedirect.com/science/article/abs/pii/S0190740923005340?via

Woman, 22, who had “sexual contact” three times with a boy, 14, who she met on the Internet avoids jail after judge says “there was genuine affection” between the pair. https://www.dailymail.co.uk/news/article-8477231/Woman-22-sexual-contact-three-times-boy-14-avoids-jail.html

World Conference on Women. https://iwhc.org/wp-content/uploads/2020/03/Beijing-25-Feminist-declaration.pdf

Youth, suicidality, and seeking care. http://www.b4uact.org/research/survey-results/youth-suicidality-and-seeking-care/