“O Contrato Social” foi escrito por Jean-Jacques Rousseau. Abaixo, o que aprendi lendo seu texto.
- Não são os políticos que escrevem sobre política: estando no cargo, validam seu pensamento com suas ações, não com palavras.
- Se eu fosse político, não escreveria sobre política; eu faria política.
- Todos os que participam de uma sociedade devem refletir sobre política.
- A primeira sociedade é família.
- A dependência entre familiares é, a princípio, natural.
- A família pode continuar existindo quando não há mais dependência um do outro, mas, nesse caso, a família só existe por convenção e não por necessidade.
- Ninguém abdica de sua liberdade se não ganhar algo em troca disso.
- Quem é escravo faz tempo não anseia mais a liberdade.
- Os primeiros escravos foram feitos escravos pela força. mas os escravos que vieram depois foram feitos escravos pelo costume.
- Todos têm igual direito a governar.
- O monarca que quiser evitar conspirações, rebeliões ou guerras civis faria bem em se desfazer totalmente de seu povo.
- Obedecer à força não é um ato de moral, mas de prudência.
- Se não há, portanto, opção de desobediência, não há moralidade.
- Se o mais forte tem sempre razão, então eu tenho que ser forte.
- Eu só posso desobedecer ao forte sendo mais forte que ele.
- Um povo se aliena (se vende) porque espera disso algum benefício.
- O rei tira sua subsistência dos súditos; somos nós quem sustentamos o governo.
- Ninguém trabalha de graça.
- Numa guerra, há inimizade entre governos, não entre povos, que só matam porque são mandados.
- Não existe escravidão em sentido pleno.
- Entre humanos, o povo preexiste ao governo.
- O contrato social é a renúncia à liberdade natural em prol de uma liberdade convencional estabelecida de mútuo acordo visando a obtenção dos benefícios da vida em sociedade.
- Existe uma “vontade geral”, manifesta nas leis decididas de comum acordo e asseguradas pelo contrato.
- É injusto ter só direitos e nenhum dever.
- Quem se recusar a obedecer à vontade geral, será forçado a isso pelo todo.
- A vida em sociedade permite o desenvolvimento do ser humano ao governo distante do animal.
- Existem dois tipos de liberdade em Rousseau: a natural e a civil.
- A liberdade civil é caracterizada pela propriedade privada: cedo parte de minha liberdade natural em nome da liberdade de ter coisas só minhas.
- Obedecer às próprias regras é liberdade também.
- Os primeiros monarcas não eram senhores de terras, mas de nações, isto é, senhores de pessoas.
- A natureza fez todos diferentes, mas o contrato social implica tornar todos iguais, não pela natureza, mas pelo direito.
- A vontade geral é a única que dirige uma sociedade para seu fim comum, que é o bem-estar de todos.
- Se existe uma coisa que todos querem, o governo deve garantir essa coisa para manter o povo unido.
- Se ordenando para esses pontos de convergência da vontade dos súditos, a vontade geral, o governo pode se ordenar para a igualdade, pois estará literalmente atendendo a todos.
- Quem cala, consente.
- A verdade sozinha não traz riqueza.
- A vontade geral pode errar quando o povo é levado a desejar o que é ruim pra si mesmo.
- Isso pode ser feito mentindo pro povo.
- Vontade geral é a soma de todas as vontades, excluindo as que se contradizem, restando, efetivamente, aquilo que todos querem.
- É possível destruir a livre manifestação da vontade geral num ambiente democrático fazendo as pessoas votarem contra o que todos querem em prol de uma vontade particular (através de manipulação mediática, voto de cabresto, compra de votos, entre outros).
- Para que a vontade geral se manifeste de maneira pura, é preciso que cada um vote por si mesmo e não pelo grupo ao qual pertence, porque o interesse da maioria emerge quando todos votam segundo seus próprios interesses.
- O governo não pode exigir de um particular nada que não sirva ao bem do todo, porque é pelo bem do todo que o governo deve zelar.
- Não se deve julgar politicamente usando critérios que os outros impõem: a decisão política implica critérios próprios.
- Votar por si próprio já é votar pelo todo.
- A vontade geral sempre diz respeito ao todo.
- Para salvar nossa vida, às vezes temos que arriscá-la.
- Falta de informação pode matar.
- Se você violar as leis de seu governo, está sujeito à punição prevista.
- Por outro lado, se você não gosta dessas leis, pode procurar outro país com leis mais a sua cara.
- Um governo que mata muitos é um mau governo.
- Quanto mais crimes cometidos, mais impunidade; quanto mais impunidade, mais crimes cometidos.
- Não existe um país em que não haja criminalidade.
- Todos têm senso de justiça, mas a justiça só acontece se houver reciprocidade.
- Existem leis que favorecem os maus e prejudicam os bons.
- Leis naturais não são leis civis.
- Não se pode legislar para uma pessoa só.
- O ato de governar implica fazer o ser humano agir de maneira que não é natural.
- Quem faz as leis não deve ser o soberano.
- O sábio não será entendido pelo vulgo sem adotar sua linguagem.
- Existem ideias complexas demais pra serem traduzidas em linguagem coloquial.
- Legislar é algo muito sério.
- Isso é algo tão sério que as primeiras leis eram inseparáveis da religião.
- Não se deve fazer leis que o povo não pode aceitar.
- Existem povos viciosos com leis boas às quais não se submetem.
- Existem nações que prosperam com leis consideradas ruins.
- Cada povo tem sua especificidade; costumes estrangeiros podem não pegar aqui.
- É mais fácil manter um povo forte se ele for pequeno: quanto mais pessoas, mais difícil manter todos unidos.
- Governos grandes requerem degraus de poder: o presidente não pode governar todo o país sozinho se o país é enorme.
- Países que não têm recursos o bastante se veem forçados a conquistar o território dos outros.
- Se o povo estiver desesperado, aceitará qualquer lei.
- O desafio da lei não é instaurar um novo bem, mas destruir um mal já conhecido.
- A liberdade não pode subsistir sem igualdade: se todos começam em condições iguais, estão habilitados a exercer sua liberdade em igual medida e ninguém poderá reclamar que estava em desvantagem.
- Ninguém deve ser tão rico a ponto de poder comprar uma outra pessoa ou tão pobre a ponto de vender-se.
- As leis devem zelar pela igualdade.
- Se o país não consegue produzir suas próprias riquezas pela agricultura, deveria investir em outros meios de fazer dinheiro, tal como o comércio de bens artísticos ou culturais.
- A impunidade permite que os criminosos legislem.
- O povo pode, pelo seu desejo, destruir leis boas: se o povo deseja sua destruição, quem pode pará-lo?
- Toda a ação depende de dois elementos: vontade e poder.
- A vontade do governo é o legislativo e o poder do governo é o executivo.
- Quando um poder tenta fazer as vezes do outro (quando o legislativo tenta agir como executivo ou vice-versa) ou quando o povo se recusa a obedecer às leis, ocorre despotismo ou anarquia.
- Quanto maior o povo, menos poder político cada súdito tem.
- Quanto mais forte é o governo, menos liberdade se tem.
- Matemática não serve para medir a ação política.
- Não é o número de pessoas que faz a revolução, mas a ação desse número.
- A vontade do governante, enquanto governante, deve ser a vontade geral: ele deve zelar pelo interesse do povo.
- Se o povo ou o governo tiverem que se sacrificar, que seja o governo, não o povo.
- Soberana é a vontade geral.
- Um desejo é mais forte quanto mais é pessoal.
- Por causa disso a vontade geral se impõe menos que o interesse particular.
- Se o governo for todo entregue nas mãos de uma pessoa só, a tentação será grande demais, o potencial de corrupção será muito alto.
- Um governo exercido por um só seria altamente ativo.
- Cada integrante do governo tem poder político em si, mas o povo, mesmo sendo soberano em um governo democrático, não tem poder político a menos que se una.
- Dividindo o poder em diferentes pessoas, não completamente separadas, mas dependentes entre si, como no regime democrático, o risco de passar o interesse particular à frente é menor.
- Mesmo num governo democrático, nem todos participam da democracia.
- Não é bom que o executor das leis seja o legislador.
- Se um povo se governa bem, não precisa de governo e pode viver bem sem um.
- A democracia perfeita nunca existiu por uma variedade de empecilhos que tornam a democracia representativa (que não é perfeita) mais cabível.
- O luxo corrompe ricos (pelo cuidado em não perder a riqueza) e pobres (pelo desejo de obter a riqueza).
- É natural que o governo democrático não permaneça muito tempo na mesma condição.
- A democracia é um modelo perfeito e justamente por isso que ela não pode ser perfeitamente administrada por seres imperfeitos como seres humanos.
- Numa aristocracia, existem duas vontades gerais: a do povo e a dos governantes.
- Aristocracias podem existir em três sabores: natural, eletiva e hereditária.
- O melhor homem não necessariamente é o mais rico, já que riqueza não compra virtude.
- Na política, é preciso fazer as coisas moverem dando a impressão de estarem imóveis.
- O interesse do monarca é que seu povo dependa dele, então é preciso mantê-lo sempre com certo grau de debilidade.
- A obra de Maquiavel deveria ser lida por leigos pra que eles saibam como os governantes operam, a fim de se defender.
- Quem se esforça para chegar ao poder por meios duvidosos atesta que não pode chegar lá por meios legítimos.
- É mais fácil conquistar um território do que administrá-lo.
- O exemplo dos pais pode ser abandonado pelo filho dependendo do caminho que ele quiser seguir.
- Os melhores reis não receberam educação pra serem reis.
- Se o governo é ruim e nada pode ser feito, o melhor que se pode fazer é sofrer até o fim do mandato.
- As três formas de governo não funcionam sempre em todos os territórios: a monarquia nunca vai funcionar em determinados países, tal como existem alguns que rejeitam a democracia de caso pensado.
- É preciso que um país fique com a forma de governo que melhor lhe convém.
- O supérfluo de cada um produz o necessário de todos.
- É preciso que o trabalhador tire lucro de seu trabalho, ou o país será pobre.
- Quando o governo começa a falhar, uma revolução pode colocá-lo de volta nos eixos.
- O excedente de produção de uma tarefa difícil é menor.
- A alimentação sem carne é superior, se você variar os alimentos que consome.
- É possível viver bem comendo pouco.
- Os alimentos dos locais quentes são mais gostosos.
- Não dá pra saber qual tipo de governo é o melhor, mas é possível saber quando um povo está sendo bem ou mal governado.
- Não é possível saber qual tipo de governo é o melhor porque o conceito que cada um tem de “bom governo” varia.
- O poder tende a corromper.
- Por causa desse fenômeno, não existe governo humano que dure pra sempre.
- Essa “morte natural” do governo pode ocorrer por dois caminhos: quando o governo é restrito (isto é, quando uma democracia se torna uma aristocracia ou uma aristocracia se torna uma monarquia) ou quando o governo se dissolve.
- Ele pode se dissolver de duas formas: quando o governo passa a tomar decisões fora da lei ou sem consultar o povo ou quando cada membro do governo usurpa poder para si.
- Em situações como essa, o povo é forçado a obedecer, mas não é obrigado, porque ninguém pode tirar do povo o direito de revolta.
- Se o governo se dissolve, entramos em anarquia.
- “Tirano” é governador ilegítimo.
- O comportamento típico do déspota (tirano que governa uma democracia) é agir como se estivesse acima da lei.
- Pra fazer algo bem é preciso não tentar o impossível.
- Cada corpo político tem as causas de sua própria destruição.
- Para fazer algo estável, é preciso abdicar da pretensão de fazê-lo durar pra sempre.
-
O corpo humano é obra da natureza, mas o corpo político é obra dos humanos.
-
É possível fazer o governo durar mais e mais tempo, mas ele eventualmente cairá, o que não quer dizer que devamos descuidar dele.
-
O poder legislativo é o coração do governo, enquanto que o poder executivo é seu cérebro.
-
Só não acredita em liberdade quem se fez escravo.
-
Não se deve considerar o futuro antes de considerar o presente.
-
Liberdade e sossego nem sempre andam juntos.
-
Se as pessoas se ocupam demais em negócios privados, é porque o governo não é capaz de lhes prover o bastante.
-
Abundância de serviços públicos trabalha contra a iniciativa privada.
-
Se o governo é ruim, não dá gosto votar.
-
Boas leis levam a melhores leis.
-
Más leis levam à piores leis.
-
Quando as pessoas não se importam mais com política ou com governo, a política morreu.
-
Se o povo puder falar por si mesmo, não há necessidade de eleger representantes pra criar leis (no caso, o povo seria o congresso, anulando a necessidade de deputados e senadores).
-
Só é lei se o povo seguir: não adianta fazer uma lei que todo o mundo vai quebrar.
-
Se submeter a um governo injusto é covardia.
-
Não exija dos outros o que você não pode fazer.
-
Nenhum ato particular deve constituir lei.
-
O governo democrático é o mais fácil de instaurar se não houver nenhum já em vigor no local.
-
Seria interessante se qualquer membro do executivo pudesse ser tirado de lá pela vontade do povo.
-
Impedir manifestações populares é uma tentativa de calar a vontade geral.
-
Atacar assembleias populares periódicas é se declarar contra o povo.
-
Agir contra a vontade geral é dizer que o mal público pode ser compensado por uma conquista particular.
-
É possível mascarar interesses privados sob uma máscara de luta pelo bem público.
-
O governo prefere que o direito de opinar, discutir e debater questões políticas seja dele somente, tanto que o debate popular tem zero efeito no governo.
-
A liberdade é inalienável ao ser humano.
-
Se há dúvida sobre o que a vontade geral deseja, uma votação deve ser o bastante.
-
Um governo ruim pode durar vinte anos, na medida em que subverte as regras do governo sem encontrar oposição.
-
A ostentação da riqueza pode se tornar causa de pobreza.
-
Antigamente, o voto secreto visava permitir que a pessoa votasse numa opção injusta sem sofrer vexame público.
-
Quando um governo se torna corrupto, só pode subsistir de duas formas: ou se remove a corrupção (purificação) ou se promulga leis corruptas (decadência total).
-
Excesso de crimes revela leis inúteis.
-
Os grilhões de Roma não vinham de Roma, mas de seu exército.
-
Os primeiros governos eram teocráticos.
-
Isso porque, no governo de natureza, parecia inconcebível que um ser humano se tornasse senhor sobre outros humanos; só um ser sobre-humano deveria governar o ser humano.
-
Embora haja deuses parecidos entre diferentes povos, não são o mesmo deus se manifestando a diferentes povos.
-
A razão de os cristãos serem perseguidos é que Jesus separou religião e governo.
-
Mas, com o passar do tempo, o cristianismo se corrompeu.
-
Na Europa, depois do cristianismo, religião e política são coisas diferentes.
-
A fusão entre igreja e governo cria uma situação na qual, efetivamente, é a igreja que governa, porque é pior ir pro Inferno do que pra cadeia.
-
A religião é perigosa ao governo: amor ao próximo, humildade, desapego aos bens materiais, relutância em matar, castidade, o governo tem interesse no oposto de todas essas coisas.
-
Os preceitos de Jesus, por exemplo, trabalham contra a economia, o crescimento populacional e o exército.
-
Ao fundir religião e governo, o fiel passa a ver outras nações, que têm leis diferentes, como inimigas de Deus.
-
O cristianismo não é a religião pregada por Jesus.
-
Sendo um modelo perfeito, a sociedade de cristãos verdadeiros não duraria muito tempo, porque as nações vizinhas se aproveitariam de sua debilidade militar (o cristão não pode matar).
-
“República” e “cristão” são termos que se excluem mutuamente: não é possível imaginar que um governo pautado sobre os ensinamentos de Jesus possa subsistir, principalmente em situação de guerra.
-
Formar um exército a fim de matar numa guerra é violar o preceito cristão de interdição ao assassinato.
-
Não cabe ao governo se preocupar com a alma dos cidadãos.
-
É preciso que o governo faça leis que estimulem a sociabilidade entre cidadãos.
-
O governo não pode obrigar ninguém a crer em uma religião, porque fé é algo pessoal.
-
Se há intolerância religiosa no país, os sacerdotes da religião dominante se tornam governantes, pois, numa situação em que religiões se combatem, os sacerdotes têm crédito redobrado.
-
O sacerdote que diz que só será salvo quem for da igreja dele está se colocando acima do governante local.
6 comentários em “O que aprendi lendo “O Contrato Social”.”