“Missão do Sábio” foi escrito por Fichte. Abaixo, o que aprendi lendo esse livro.
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A verdade pode ser desagradável.
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Um intelectual só serve em sociedade: um conhecimento que eu uso sozinho, sem dividir com os outros, não faz diferença pra humanidade, nem pro país, nem pro estado, nem pra própria família.
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A filosofia tem por objetivo o conhecimento claro, nítido: o filósofo que se esforça em ser difícil está agindo mal.
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A primeira tarefa da filosofia é nos dizer o que deveríamos fazer.
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Nós só sabemos o que somos porque há coisas fora de nós com as quais nos comparamos.
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Precisamos de razão e de sensibilidade, não há necessidade de eliminar um ou outro.
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A tarefa principal do ser humano é a autodefinição: ele deve descobrir o que ele é, como deve agir e agir dessa forma enquanto ele existir.
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Fichte ilustra isso usando uma variante do imperativo categórico: age de tal forma que possas pensar sua máxima como lei eterna para ti.
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Em outras palavras, agir de forma que não venha a causar arrependimento, de uma forma que você possa continuar agindo até o fim.
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Nosso objetivo é perceber nossa identidade.
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Todos têm cultura em maior ou menor grau.
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O ser humano é um animal sensível e racional.
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Só torna feliz o que é bom.
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Qualquer ciência e qualquer filosofia que não contribua para melhorar a cultura ou para elevar a humanidade é nula, propriamente conhecimento inútil.
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A natureza age segundo leis, mas a razão age com liberdade.
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Quando várias pessoas querem a mesma coisa, essas pessoas são, juntas, uma sociedade.
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Todos os estados são sociedades, mas nem todas as sociedades são estados.
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O estado é provisório: haverá um tempo em que não será mais necessário.
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O fim último do ser humano é inatingível, porque não há consenso sobre seu grau.
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Todo o chefe é escravo do empregado: se todos os empregados desistirem, o chefe vai falir.
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Ao tratar com seres humanos, é preciso sempre levar sua liberdade em conta.
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Não é possível tornar alguém sábio, virtuoso ou feliz contra a vontade da pessoa.
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O que nos torna diferentes são nossas imperfeições: se fôssemos perfeitos, seríamos idênticos.
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A união de todos os indivíduos é o último objetivo a ser alcançado pela humanidade.
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Cada um pode contribuir para a cultura do outro.
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O sábio não pode ser sábio sozinho, porque sabedoria é medida pelo valor formativo: o sujeito que não forma ninguém não é sábio.
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A classe dos sábios fica dentro da sociedade.
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A vantagem que uma instituição proporciona pra uns ou pra outros não é o que a legitima.
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Eu devo desenvolver minhas habilidades tanto quanto possível.
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Desde que eu aprimore minhas habilidades, eu posso usá-las onde eu quiser.
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O ser humano tem o poder de transformar a natureza.
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Proibir um comportamento é ordenar o comportamento oposto.
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O ser humano não nasce mais na natureza bruta, mas em sociedade.
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Se ninguém tivesse feito certa coisa que você hoje usa, muito provavelmente teria que ser você a fazê-la.
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Todos os seres humanos têm o dever de contribuir com a humanidade, porque o trabalho acumulado das gerações anteriores faz o conforto da geração presente.
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O que você aprendeu na escola deveria ser usado pra melhorar a sociedade em que você atua.
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Não usar nossa formação pra melhorar a sociedade é traí-la: ela formou você e o que você dá em troca?
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O ser humano não tem direito de trabalhar pra si mesmo, seu trabalho deve sempre beneficiar outro.
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Trabalhar pra outros é também trabalhar pra si.
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Conhecer nossas necessidades, mas sem saber como lidar com elas, é um conhecimento inútil e prejudicial.
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Três fontes de conhecimento: filosofia geral, filosofia da história e história.
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As ciências devem progredir livremente, a ciência não deve ser censurada.
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Se a ciência não progredir, a humanidade também não progride.
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Os que põem empecilhos à ciência serão malvistos no futuro.
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A ciência é só uma das facetas da humanidade: a humanidade deve melhorar em todos os sentidos, não só o científico.
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O sábio só existe por causa da sociedade, ao mesmo tempo que só é útil em sociedade.
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Então, é imperativo que o sábio use sua sabedoria pra melhorar a sociedade.
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Pra progredir é preciso saber o que já foi produzido até ali.
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Não existe pessoa que não possa aprender, mesmo que seja doutor formado em tudo, porque é impossível saber tudo o que há para saber (a menos que o sujeito seja Deus).
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O sábio deve ter a habilidade de comunicação.
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Enganar alguém é transformá-lo em ferramenta.
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É possível educar com palavras, mas é sempre melhor educar pelo exemplo.
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Tem gente que pensa que o progresso cultural é causa da corrupção humana.
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Essa “gente” é Rousseau, pra quem o estado de natureza foi o melhor estado em que a humanidade viveu, sem cultura, sem ciência, só vivendo.
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O problema é que Rousseau só fez essa afirmação depois de muito estudo, cultura e ciência.
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Assim, um intelectual que diz que o progresso cultural é causa de corrupção, quando ele próprio é só diz tal coisa por causa do progresso cultural que opera nele, se contradiz.
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Uma crítica frequente a Rousseau é que ele fala uma coisa e faz outra: como é que um cara que abandonou todos os filhos consegue a cínica façanha de escrever um livro sobre educação?
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Sempre existiram filósofos que fazem propaganda de quem os paga melhor.
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Rousseau só falou que os intelectuais são a ruína do mundo porque os intelectuais de sua época eram porcos.
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O ser humano, enquanto ser racional, quererá um estado superior ao seu estado atual, caso tal possibilidade se afigure.
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Então, ele nunca iria de boa vontade permanecer em estado de natureza.
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No estado de natureza, o ser humano tem muito tempo livre e eventualmente despenderia tempo pensando, prejudicando a perpetuação desse estado.
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A necessidade impulsiona à ação, a preguiça puxa pra indolência: se o indivíduo é preguiçoso, mas necessitado, procurará o “caminho mais fácil” pra satisfazer suas necessidades.
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O que leva muitos à ruína é querer aproveitar a vida sem trabalhar.
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Rousseau repousa a razão, em vez de fazê-la lutar.
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Não se deixe vencer pelo desespero, lute até a morte se necessário.
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Reclamar de algo sem mover um dedo pra mudar a situação de que se reclama não é conduta digna de um homem.
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