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Se filosofar é procurar a verdade, então há três formas de filosofia: pela religião, pela metafísica e pela ciência.
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Uma só lei não explica o universo inteiro.
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Nos dois primeiros estágios de desenvolvimento, a filosofia está interessada nas causas primeiras e nas causas finais, mas, no último estágio, ela renuncia a essa pretensão em nome da busca das leis que governam os fenômenos particulares.
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O ápice do instante teológico foi o monoteísmo, enquanto que o ápice do estado metafísico foi a filosofia da natureza, mas a ciência sempre progride, sem chegar a um instante em que se possa dizer “nada mais há para ser explicado”.
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A ciência deve romper com a religião (o que não implica que uma deva combater a outra, mas que, por serem formas diferentes de filosofia, não podem ser totalmente conciliadas e uma tentativa de conciliação implicaria subjugação e prejuízo à livre prática científica).
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Se a ciência funciona pela validação ou refutação de uma premissa, é claro que ela não poderia ter surgido antes da metafísica ou da teologia, as quais proveram as premissas.
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Observar (procurar por algo) não é o mesmo que olhar.
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Tentativa e vacilo fazem parte do andar filosófico.
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O estado metafísico é provisório, intermediário.
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O escritor não quer saber das causas dos, nem pra que servem os, fenômenos, além da medida do necessário para entender como funcionam.
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Mais importa saber como a gravidade funciona do que saber o que é a gravidade.
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O ser humano não precisa de perguntas sem resposta, do tipo “de onde viemos, o que somos, para onde vamos?” para guiá-lo na vida.
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Quando algo se torna ciência, não deixa de ser filosofia, mas deixa de ser metafísica.
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O movimento da filosofia para a direção positiva (priorização da ciência em lugar da metafísica) começou com Bacon, Descartes e Galileu.
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Estudos sociais precisam se tornar ciência (“física social”, mais tarde renomeada “sociologia”).
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Teologia e metafísica não explicam fenômenos sociais.
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Antigamente, nosso conhecimento não era dividido em campos.
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A divisão do conhecimento em áreas é positiva, pois permite que cada pesquisador estude um detalhe em profundidade.
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Essa divisão de conhecimentos permite o avanço mais rápido das ciências.
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Mas a divisão excessiva das ciências também traz problemas.
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É mais fácil ser bom em tudo quando se conhece tudo superficialmente.
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A divisão das ciências é artificial, foi feita por nós, enquanto que, na natureza, a biologia, por exemplo, não está separada da química.
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Um cientista deve trabalhar com o outro, as áreas científicas devem manter um diálogo.
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É preciso que as descobertas particulares encontrem seu lugar num sistema geral, organizado por uma outra classe de cientista.
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Se uma ciência é velha, sem acordo entre os cientistas que a praticam, a partir da qual nada foi descoberto, qual é o sentido de persistir nela?
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Um procedimento lógico é melhor explicado em sua aplicação.
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É possível criar um estudo pela combinação de duas ciências.
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Um estudo envolvendo mais de uma área científica explica mais detalhes de um objeto estudado.
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A anarquia de pensamento, isto é, uma situação em que nenhum pensador concorda com o outro, é causa de males sociais.
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A ciência deve estabelecer a verdade que a política aplicará.
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A filosofia discorda de si pela divergência de método.
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Se a teologia, a metafísica e a ciência continuarem perdendo tempo em tentar superar uma a outra, o pensamento humano não evoluirá.
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Querer uma filosofia capaz de explicar tudo, como quis Hegel, é coisa de quem pensa que o corpo total de conhecimento acumulado é menor do que na verdade é.
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A ciência não pode conhecer tudo.
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Se fosse possível um sistema filosófico capaz de explicar todos os fenômenos, será que isso faria muita diferença, se comparado à moda atual de explicar cada fenômeno segundo leis próprias?
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Você pode propor objetivos que você mesmo não pode atingir sozinho em seu tempo de vida, porque outros continuarão de onde você parou.
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Nem tudo o que é útil é verdade.
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Qualquer divisão das ciências é artificial por definição.
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O fato de falharmos várias vezes ao perseguir um objetivo não implica que é impossível alcançá-lo.
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Só é possível classificar as ciências pelos seus objetos observáveis.
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O objetivo da ciência é prever fenômenos e modificá-los.
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Estudar um fenômeno por prazer não é errado.
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Embora cada ciência possa ocupar-se de si mesma, sua aplicação técnica requer a ajuda de outros saberes.
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Quando um estudo já tem muito tempo de existência, como a filosofia, uma exposição cronológica decente fica cada vez menos possível, porque não dá pra expor tudo em suas relações.
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No entanto, essa forma de entender as coisas têm a desvantagem de não explicar como o conhecimento foi formado.
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A ciência e a técnica se ajudam no progresso de ambas.
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Os conhecimentos mais gerais são os mais estranhos a nós, por guardarem menos ligação com o prático.
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O fenômeno “puro” deve ser estudado primeiro, para depois estudarmos suas modificações.
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O entendimento completo da química requer o conhecimento básico de física, pois os fenômenos químicos são condicionados por calor, eletricidade e movimento, todas coisas estudadas na física.
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Apesar disso, a química não é parte da física e deve ser tratada como uma ciência à parte.
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A sociologia depende de todas as outras ciências, mas suas leis não influenciam as outras ciências.
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Um ramo do conhecimento pode ainda ser metafísico ou teológico quando outros ramos contemporâneos já são positivos.
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Precisão não iguala certeza.
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A matemática perpassa e valida tudo na ciência.
2 comentários em “Anotações sobre “Curso de Filosofia Positiva”.”