Crepúsculo dos Ídolos foi escrito por Friedrich Nietzsche. Abaixo estão algumas afirmações feitas no livro. Uma afirmação pode ou não coincidir com o que eu penso sobre o assunto.
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Defender uma causa controversa requer que o indivíduo se mantenha sereno.
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O triunfo requer petulância.
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Força em excesso prova força suficiente.
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A mentira é mais comum do que a verdade.
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Dizem que a falta do que fazer é mãe de todos os vícios.
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Às vezes sabemos que algo não é verdade, mas temos medo de nos opor.
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Dizer que a verdade é sempre simples é mentir duas vezes.
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O que não mata, fortalece.
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Se ajude para receber ajuda dos outros.
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Não procure adeptos.
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Ou se tem virtude ou se tem vantagens.
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Tem coisas que fazemos escondido, mas querendo que outros encontrem.
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Não se deve olhar o passado a fim de repetir os erros lá contidos.
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Satisfação aumenta a imunidade.
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Uma mulher com virtudes masculinas é irresistível, mas uma mulher sem essas virtudes não resiste a nada.
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A música nos deixa alegres.
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Pense andando.
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Existem os que se movem pra resolver o problema, existem os que só olham o problema e existem os que preferem não ver o problema.
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É preciso saber o que desejamos e se vale a pena desejar isso.
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Passar por cima dos outros é necessário pra progredir.
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A filosofia grega, que dizia que viver não vale a pena, mais especificamente a filosofia socrática, era doentia.
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Um consenso pode estar errado: pode ser que muitos concordem com uma coisa errada.
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Julgar a vida é idiotice; a vida é a vida.
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Somos parte da vida.
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Quando alguém emite um juízo de valor sobre a vida, sendo que ele próprio faz parte da vida, está pirado.
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Um sábio que julga a vida está se pondo acima dela, como juiz, o que prova que ele não é assim tão sábio.
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Para enfurecer um adversário e colocá-lo contra a parede, ponha-o numa situação em que ele tem que provar que não é um idiota.
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A feiúra de Sócrates podia muito bem ser um reflexo de sua má saúde, ajudada pelo excesso de controle sobre os próprios instintos.
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Se os instintos podem nos tiranizar, a razão pode nos tiranizar também.
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Uma pessoa pode ter que se forçar a ser racional.
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A doença do grego: excesso de razão.
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Por causa desse excesso de razão, o ato de satisfazer os instintos passou a ser visto como demonstração de fraqueza e não necessariamente o é.
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Quando a dialética abala a autoridade vigente, as pessoas esperam do dialético uma solução para o problema que ele próprio criou, o que lhe dá autoridade pra dizer o que a massa deve fazer.
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O ascetismo dessas morais é procurado como meio de salvação, mas essa vida clara, comedida, fria, prudente… nem sempre traz a felicidade que promete.
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Numa vida saudável, felicidade e instinto são a mesma coisa.
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Filósofos erram, pois não consideram o conceito como construção, como submisso às vicissitudes da história.
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A filosofia tradicional vê o devir como problemático.
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O ser imutável não encontra fundamento empírico mas os filósofos (falando aqui apenas dos platônicos, penso) querem que ele exista, o que os leva a admitir que o devir é ilusório e que o ser imutável é objeto de especulação.
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Os sentidos não mentem.
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O que acontece é que os sentidos nos dão uma informação imparcial, mas nossa interpretação dessa informação que pode estar errada.
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A filosofia tradicional parte do universal pra explicar o singular.
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Lógica não é sinal irrefutável de razão: algo pode fazer sentido e estar errado.
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Não é possível demonstrar que o mundo não é como parece ser, isto é, como nossos sentidos o captam.
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Uma ideia pode levar milênios para ser superada, mas ela é superada quando acaba não servindo mais pra nada.
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A moral pode se manifestar contra a natureza.
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Alguém que combate a ciência não luta inteligentemente contra nenhum inimigo.
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A moral tradicional prefere suprimir o desejo sexual, por exemplo, em vez de se perguntar como esse desejo poderia ser usado de forma construtiva.
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Se a paixão é uma expressão da vida, atacá-la é atacar a vida.
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Quem faz guerra contra os próprios desejos é quem não é capaz de usá-los a seu favor.
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Guerrear contra os desejos revela fraqueza de espírito: você mata o desejo porque não tolera sua sedução.
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O estabelecido precisa de oponentes.
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Uma moral que não tem como objetivo a preservação da vida é doentia.
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Qualquer moral que não tenha a vida como objetivo é decadente.
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Um humano não pode dizer como o ser humano deve ser.
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Quando uma pessoa diz “seja assim”, normalmente está dizendo, mesmo que não saiba, “seja como eu”.
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O maior vacilo que a razão pode cometer é confundir causa e efeito.
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A moral e a religião cometem esse vacilo constantemente.
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Não se pode fazer generalizações com base em um só exemplo.
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Não coma muito, nem coma pouco; coma o suficiente.
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Se eu sou virtuoso, farei o bem, mas fazer o bem não me torna virtuoso.
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Vício e luxo não são a causa da decadência humana, mas sinais dessa decadência.
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Outro vacilo: assumir causalidade onde ela não existe.
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Outro vacilo: imaginar causas que não existem.
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Outro vacilo: fingir que já se conhece o que é, na verdade, desconhecido.
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Se permitimos uma dor se apoderar de nós, é porque reconhecemos que a merecemos, mesmo quando não a merecemos de fato.
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Movimento peristáltico, como uma bela digestão, pode ser confundido com tranquilidade de espírito.
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Não temos razão de existir.
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Não há “fim”, isto é, objetivo.
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O juízo moral crê numa realidade que não existe.
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Moral é interpretação e interpretações são pessoais.
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Moral é relativa.
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É possível falar uma coisa sem compreender as próprias palavras.
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Uma pessoa que não sabe o que a moral realmente é não pode tirar fruto dela.
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“Moral” é uma tentativa de melhorar o ser humano.
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Mais fácil melhorar o gênero humano pela ciência.
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Domesticar um animal é adoecê-lo, ao fazê-lo agir de uma forma não estipulada pela natureza.
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Quando se quer enfraquecer alguém, adoeça-o.
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Um número de processos de eugenia foram religiosamente sancionados.
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O Evangelho é contra o arianismo, é contra os valores de raça pura e dominante.
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A educação pode matar o gênio.
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As épocas de maior avanço em termos filosóficos e científicos foram épocas de crise política.
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Nenhuma escola ensina a pensar.
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Não há mais disciplina que ensine lógica.
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Infelizmente, a ciência faz parte da democracia.
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Faz sentido um ateu moralista?
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Não se faz arte sem estar embriagado, mesmo que não de álcool.
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É possível estar embriagado de tesão.
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É possível estar embriagado de sonho.
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A sensação de força e de plenitude é o que torna a embriaguez uma fonte de inspiração artística.
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A embriaguez de Apolo nos leva a pintar, esculpir e descrever, mas embriaguez dionisíaca nos leva a compor, tocar e dançar.
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Existem ateus que querem deixar de ser ateus.
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Só é possível ter espírito (circunspeção, paciência, astúcia, mentira e domínio) na necessidade dele.
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Algumas vezes, imparcialidade é manifestação de arrogância.
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A filosofia de Kant é desonesta.
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As maiores tragédias só acontecem com as pessoas mais ilustres.
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Sempre seguir as regras da sociedade acaba comprometendo a pessoa.
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Praticar arte só por fazer é lutar contra a moral.
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O objetivo do ensino superior é transformar um homem numa máquina estatal kantiana, ensinando-o, através da moral, a ter ódio de si próprio.
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De vez em quando, faça arte sem método.
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O gênio consome energia e trabalha sob pressão e arruinará sua saúde se não der uma pausa pra mexer o corpo.
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Mais vale um homem real do que um ideal.
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Doenças são sinal de decadência não causas de decadência.
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O anarquista culpa a sociedade e o cristão culpa a si mesmo.
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O socialista faz da revolução sua vingança e o cristão, muitas vezes, faz do juízo final sua vingança.
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Não é possível agir sem interesse.
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Ser totalmente altruísta, isto é, nunca pensar em si, é fórmula de suicídio.
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Melhor você negar seu valor do que o valor da vida.
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O doente terminal deveria ter direito de se matar, se quisesse.
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Se a pessoa perdeu a dignidade de viver, permita-a morrer dignamente.
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Todas as épocas se julgam no ápice da realização moral.
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Uma moral muito restritiva vem de um povo mais fraco e delicado, que “não suporta” certas coisas.
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O valor de uma moral vem de sua serventia.
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Nossa sociedade detesta correr riscos.
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Alguém que zela pela liberdade não pode se vender.
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Você só pode ser forte se precisar sê-lo.
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Pra quê serve o casamento hoje?
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A moral kantiana nada mais foi do que a validação dos costumes de sua época.
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O sacrifício heróico é o ato que desconsidera a sobrevivência do praticante em nome de uma causa maior que sua própria vida.
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O criminoso é um homem forte que nasceu numa época que não compreende sua força.
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Antes de ganhar notoriedade, todos os gênios são odiados por seu tempo.
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Educar sentimentos e pensamentos não te torna belo, mas educar o corpo torna.
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A realidade está nos acontecimentos verdadeiros do mundo, não na nossa cabeça e nem na nossa moral.
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Não existe mudança sem sacrifício.
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