“Carta a Einstein, 1932” foi escrita por Freud. Abaixo, algumas afirmações feitas no texto. Elas podem ou não corresponder ao que eu penso sobre o assunto. Perguntas sobre minha opinião podem ser feitas nos comentários.
- Um problema de época: é possível um futuro sem guerra?
- O avanço tecnológico não é capaz de parar a guerra.
- Um físico não tem estudo o bastante sobre o sentimento humano, geralmente, então ele deve procurar um entendido no assunto antes de formar sua opinião.
- Einstein escreveu uma carta a Freud pra saber se ele teria uma resposta ao problema, já que Freud estava ganhando fama de especialista em instintos humanos.
- Uma resposta imparcial a um problema precisa depender o mínimo possível da política.
- Pelo menos para propósitos de paz mundial, deveria haver um legislativo e um judiciário internacionais, compostos pelos líderes de cada nação, mas Einstein admite que isso é superficial: não adianta uma regra perfeita que não será seguida.
- Um tribunal pode ter suas decisões anuladas por pressões não relacionadas ao direito.
- Um tribunal internacional teria que ser superior às nações que o constituem e, portanto, incontestável.
- Um dos obstáculos à ideia é o desejo de poder.
- O desejo de poder leva uma nação a se intrometer nos negócios da outra.
- Guerra é um negócio, existem empresas disso.
- Por que a população não resiste à decisão de entrar em guerra com outra?
- Soldados fazem profissão da guerra, mas também apenas acatam as ordens sem pensar se a guerra é necessária.
- As pessoas são levadas a crer que a guerra é necessária (mesmo quando não é) porque escolas, mídia e por vezes a igreja são controlados por uma minoria que lucra com a guerra.
- É assim que uma minoria manipula pensamentos e emoções.
- Como, ainda assim, uma pessoa chega a um grau de furor capaz de morrer por uma causa que não existe?
- Ódio e desejo de destruição são inatos ao ser humano, o qual sente prazer em odiar.
- Quando uma pessoa descobre como incitar o ódio de alguém, já obteve uma parcela de controle sobre esse alguém.
- Será que é possível evoluir de forma a superar permanentemente o ódio? Haverá um tempo em que o ser humano será incapaz de odiar sua própria espécie ou seus conterrâneos?
- Os intelectuais também podem ser manipulados pela mídia.
- Guerra não é a única forma de ódio. O ódio pode aparecer sob diferentes formas. Mas a guerra ainda é sua manifestação mais drástica e mais cruel.
- Einstein estava completamente convicto de que Freud podia responder suas perguntas.
- Um mesmo objeto pode ser analisado por mais de uma ciência.
- Um cientista pode não saber lidar com questões políticas.
- Direito e violência apenas parecem antagônicos; não é possível fazer uma lei valer sem armas.
- Humanos são animais.
- Quando as armas foram inventadas, a inteligência começou a tomar o lugar da força bruta na resolução de conflito.
- A forma mais segura de acabar com a violação do direito é matando os infratores, o que não significa que essa é a melhor forma de lidar com o crime.
- Matar um “inimigo” traz prazer ao assassino, por satisfazer seu impulso animal para a morte.
- Mas as pessoas por vezes pensam: “melhor torná-lo útil a nós do que matá-lo.”
- Pode ser que você poupe um inimigo ao torná-lo útil, mas talvez você sinta medo de uma possível vingança.
- Evolução modificou as formas de opressão, mas o mais forte ainda oprime o mais fraco até hoje.
- Mais vários fracos podem se juntar pra eliminar um forte.
- Quando vários fracos depõem um forte, estabelecem um novo direito em conjunto.
- Mas isso também é violência.
- Se a comunidade é quebrada, outro forte aparecerá para oprimir.
- A fonte de poder de uma comunidade são os sentimentos comuns em cada membro.
- Para que uma comunidade possa subsistir, cada indivíduo deve abrir mão de um pouco de sua liberdade pessoal.
- Uma comunidade perfeitamente equilibrada é uma ideia apenas.
- A comunidade, para ser perfeitamente equilibrada, precisaria eliminar a hierarquia em todas as suas formas.
- A menos que a hierarquia deixe de existir, os mais altos nessa hierarquia continuarão ditando leis para os que estão mais abaixo nela.
- Além disso, os mais altos na hierarquia podem querer se colocar acima das leis, de forma que as leis que valem para o povo não possam valer para os governantes.
- E também tem a justa violência da população que se sente oprimida e que tenta obter sua dignidade de volta.
- Nada disso impede a busca por soluções pacíficas.
- De um ponto de vista realista, algumas guerras tiveram boas consequências, mas algumas trouxeram só prejuízo à ambas as partes.
- A multitude de governos facilita a guerra, de forma que poucos governantes para grandes quantidades de território, obtidas pela anexação, diminuiria a chance de guerra.
- Ironicamente, isso quer dizer que paz pode ser trazida depois de uma guerra, na qual o vencedor conquista o território e o povo inimigos.
- Difícil é manter o território unido.
- Guerras são raras, mas destrutivas.
- Se houver uma autoridade central para arbitrar os conflitos entre as nações, pode ser que a guerra seja evitada.
- Uma organização do tipo “Nações Unidas” é inútil se ninguém a escutar.
- As duas forças que mantém a sociedade unida: violência (lei) e vínculos emocionais.
- No entanto, se não houver violência, uma comunidade pode permanecer unida pelos vínculos emocionais.
- Nações cristãs podem guerrear entre si, fazendo alianças com nações de outras religiões.
- O nacionalismo opera contra a paz entre as nações.
- Paz seria mais fácil de obter se o mundo fosse comunista.
- Mas estabelecer um comunismo mundial é um objetivo tão distante quanto difícil de alcançar.
- Pondo as coisas dessa forma, parece que paz mundial jamais será uma possibilidade.
- Só existem dois tipos de impulso: união e agressão.
- Nenhum dos dois é fundamentalmente ruim, ambos são necessários à sobrevivência.
- Um instinto, como sobrevivência, pode ter uma parcela de cada impulso.
- Uma pessoa pode declarar guerra por várias razões, as quais nem sempre são declaradas.
- É possível agir agressivamente por causas “nobres”, mas também é possível fingir que se está destruindo por uma boa causa.
- O impulso destrutivo é também suicida.
- Pelo menos em nossa sociedade, não é possível eliminar a agressividade humana.
- Trazer a paz pela violência já é manifestação de agressividade.
- Embora não seja possível eliminar a agressividade, é possível controlar suas formas de expressão.
- Evitar a guerra requer prática sistemática do amor e o estabelecimento de interesses comuns.
- Os governantes devem ser educados sem censura.
- Os instintos devem se submeter à razão, o que não implica eliminá-los, mas procurar formas aceitáveis de expressão.
- Mas esperar que todos submetam seus instintos à razão é esperar uma utopia; nem todos podem fazer isso.
- É mais fácil evitar a guerra pelo exercício do amor e do companheirismo, porque esperar que todos se tornem racionais é loucura.
- A guerra pode até se tornar comum, mas não se tornará aceitável.
- Isso porque a guerra mata, humilha, nos força a lutar uns contra os outros, destrói nossos bens e nos causa miséria.
- Conforme o poder destrutivo cresce, a guerra se torna uma ameaça a todos os seres vivos.
- Não vale a pena fazer guerra, mas muitos ainda a vêem como aceitável.
- Com o tanto que haja ao menos uma nação que pose um risco às outras, nenhuma nação parará de investir em forças armadas.
- Civilização trouxe tanto males quanto benefícios.
- Não é possível dizer aonde o processo de civilização nos levará.
- A civilização favorece a repressão sexual.
- O processo de evolução cultural (civilização) pode muito bem levar o ser humano à extinção.
- Sensações agradáveis aos nossos ancestrais são agora intoleráveis ao homem moderno.
- Direcionar agressividade para dentro tem consequências boas (você não está machucando ninguém) e ruins (você provavelmente ficará doente).
- Apesar de o processo de condicionamento cultural trazer consequências negativas, ao menos ele serve para nos afastar do desejo por guerra.
[…] do futuro (Nietzsche); Além do princípio do prazer, psicologia de grupo e outros trabalhos (Freud); Arte poética (Aristóteles); A Bíblia Sagrada (Jehovah); O anticristo (Nietzsche); Antologia […]
CurtirCurtir
Pingback por Leituras da semana #10. | Analecto — 30 de junho de 2020 @ 19:02
[…] and hate are the driving force behind every […]
CurtirCurtir
Pingback por Notes on “Thus Spoke Zarathustra”. | Analecto — 27 de dezembro de 2017 @ 21:58
[…] não deve entrar em guerra se isso for […]
CurtirCurtir
Pingback por Alcibíades I. | Analecto — 19 de novembro de 2017 @ 15:00
[…] warrior needs to live off state, rather than having own properties, so he can fully commit to his […]
CurtirCurtir
Pingback por Notes on “The Republic”. | Analecto — 16 de novembro de 2017 @ 16:50
[…] Os mais fortes podem promulgar leis injustas. […]
CurtirCurtir
Pingback por A “República” de Platão. | Analecto — 11 de novembro de 2017 @ 09:56