Pedra, Papel e Tesoura

8 de novembro de 2017

A “Carta a Einstein, 1932” de Freud.

“Carta a Einstein, 1932” foi escrita por Freud. Abaixo, algumas afirmações feitas no texto. Elas podem ou não corresponder ao que eu penso sobre o assunto. Perguntas sobre minha opinião podem ser feitas nos comentários.

  1. Um problema de época: é possível um futuro sem guerra?
  2. O avanço tecnológico não é capaz de parar a guerra.
  3. Um físico não tem estudo o bastante sobre o sentimento humano, geralmente, então ele deve procurar um entendido no assunto antes de formar sua opinião.
  4. Einstein escreveu uma carta a Freud pra saber se ele teria uma resposta ao problema, já que Freud estava ganhando fama de especialista em instintos humanos.
  5. Uma resposta imparcial a um problema precisa depender o mínimo possível da política.
  6. Pelo menos para propósitos de paz mundial, deveria haver um legislativo e um judiciário internacionais, compostos pelos líderes de cada nação, mas Einstein admite que isso é superficial: não adianta uma regra perfeita que não será seguida.
  7. Um tribunal pode ter suas decisões anuladas por pressões não relacionadas ao direito.
  8. Um tribunal internacional teria que ser superior às nações que o constituem e, portanto, incontestável.
  9. Um dos obstáculos à ideia é o desejo de poder.
  10. O desejo de poder leva uma nação a se intrometer nos negócios da outra.
  11. Guerra é um negócio, existem empresas disso.
  12. Por que a população não resiste à decisão de entrar em guerra com outra?
  13. Soldados fazem profissão da guerra, mas também apenas acatam as ordens sem pensar se a guerra é necessária.
  14. As pessoas são levadas a crer que a guerra é necessária (mesmo quando não é) porque escolas, mídia e por vezes a igreja são controlados por uma minoria que lucra com a guerra.
  15. É assim que uma minoria manipula pensamentos e emoções.
  16. Como, ainda assim, uma pessoa chega a um grau de furor capaz de morrer por uma causa que não existe?
  17. Ódio e desejo de destruição são inatos ao ser humano, o qual sente prazer em odiar.
  18. Quando uma pessoa descobre como incitar o ódio de alguém, já obteve uma parcela de controle sobre esse alguém.
  19. Será que é possível evoluir de forma a superar permanentemente o ódio? Haverá um tempo em que o ser humano será incapaz de odiar sua própria espécie ou seus conterrâneos?
  20. Os intelectuais também podem ser manipulados pela mídia.
  21. Guerra não é a única forma de ódio. O ódio pode aparecer sob diferentes formas. Mas a guerra ainda é sua manifestação mais drástica e mais cruel.
  22. Einstein estava completamente convicto de que Freud podia responder suas perguntas.
  23. Um mesmo objeto pode ser analisado por mais de uma ciência.
  24. Um cientista pode não saber lidar com questões políticas.
  25. Direito e violência apenas parecem antagônicos; não é possível fazer uma lei valer sem armas.
  26. Humanos são animais.
  27. Quando as armas foram inventadas, a inteligência começou a tomar o lugar da força bruta na resolução de conflito.
  28. A forma mais segura de acabar com a violação do direito é matando os infratores, o que não significa que essa é a melhor forma de lidar com o crime.
  29. Matar um “inimigo” traz prazer ao assassino, por satisfazer seu impulso animal para a morte.
  30. Mas as pessoas por vezes pensam: “melhor torná-lo útil a nós do que matá-lo.”
  31. Pode ser que você poupe um inimigo ao torná-lo útil, mas talvez você sinta medo de uma possível vingança.
  32. Evolução modificou as formas de opressão, mas o mais forte ainda oprime o mais fraco até hoje.
  33. Mais vários fracos podem se juntar pra eliminar um forte.
  34. Quando vários fracos depõem um forte, estabelecem um novo direito em conjunto.
  35. Mas isso também é violência.
  36. Se a comunidade é quebrada, outro forte aparecerá para oprimir.
  37. A fonte de poder de uma comunidade são os sentimentos comuns em cada membro.
  38. Para que uma comunidade possa subsistir, cada indivíduo deve abrir mão de um pouco de sua liberdade pessoal.
  39. Uma comunidade perfeitamente equilibrada é uma ideia apenas.
  40. A comunidade, para ser perfeitamente equilibrada, precisaria eliminar a hierarquia em todas as suas formas.
  41. A menos que a hierarquia deixe de existir, os mais altos nessa hierarquia continuarão ditando leis para os que estão mais abaixo nela.
  42. Além disso, os mais altos na hierarquia podem querer se colocar acima das leis, de forma que as leis que valem para o povo não possam valer para os governantes.
  43. E também tem a justa violência da população que se sente oprimida e que tenta obter sua dignidade de volta.
  44. Nada disso impede a busca por soluções pacíficas.
  45. De um ponto de vista realista, algumas guerras tiveram boas consequências, mas algumas trouxeram só prejuízo à ambas as partes.
  46. A multitude de governos facilita a guerra, de forma que poucos governantes para grandes quantidades de território, obtidas pela anexação, diminuiria a chance de guerra.
  47. Ironicamente, isso quer dizer que paz pode ser trazida depois de uma guerra, na qual o vencedor conquista o território e o povo inimigos.
  48. Difícil é manter o território unido.
  49. Guerras são raras, mas destrutivas.
  50. Se houver uma autoridade central para arbitrar os conflitos entre as nações, pode ser que a guerra seja evitada.
  51. Uma organização do tipo “Nações Unidas” é inútil se ninguém a escutar.
  52. As duas forças que mantém a sociedade unida: violência (lei) e vínculos emocionais.
  53. No entanto, se não houver violência, uma comunidade pode permanecer unida pelos vínculos emocionais.
  54. Nações cristãs podem guerrear entre si, fazendo alianças com nações de outras religiões.
  55. O nacionalismo opera contra a paz entre as nações.
  56. Paz seria mais fácil de obter se o mundo fosse comunista.
  57. Mas estabelecer um comunismo mundial é um objetivo tão distante quanto difícil de alcançar.
  58. Pondo as coisas dessa forma, parece que paz mundial jamais será uma possibilidade.
  59. Só existem dois tipos de impulso: união e agressão.
  60. Nenhum dos dois é fundamentalmente ruim, ambos são necessários à sobrevivência.
  61. Um instinto, como sobrevivência, pode ter uma parcela de cada impulso.
  62. Uma pessoa pode declarar guerra por várias razões, as quais nem sempre são declaradas.
  63. É possível agir agressivamente por causas “nobres”, mas também é possível fingir que se está destruindo por uma boa causa.
  64. O impulso destrutivo é também suicida.
  65. Pelo menos em nossa sociedade, não é possível eliminar a agressividade humana.
  66. Trazer a paz pela violência já é manifestação de agressividade.
  67. Embora não seja possível eliminar a agressividade, é possível controlar suas formas de expressão.
  68. Evitar a guerra requer prática sistemática do amor e o estabelecimento de interesses comuns.
  69. Os governantes devem ser educados sem censura.
  70. Os instintos devem se submeter à razão, o que não implica eliminá-los, mas procurar formas aceitáveis de expressão.
  71. Mas esperar que todos submetam seus instintos à razão é esperar uma utopia; nem todos podem fazer isso.
  72. É mais fácil evitar a guerra pelo exercício do amor e do companheirismo, porque esperar que todos se tornem racionais é loucura.
  73. A guerra pode até se tornar comum, mas não se tornará aceitável.
  74. Isso porque a guerra mata, humilha, nos força a lutar uns contra os outros, destrói nossos bens e nos causa miséria.
  75. Conforme o poder destrutivo cresce, a guerra se torna uma ameaça a todos os seres vivos.
  76. Não vale a pena fazer guerra, mas muitos ainda a vêem como aceitável.
  77. Com o tanto que haja ao menos uma nação que pose um risco às outras, nenhuma nação parará de investir em forças armadas.
  78. Civilização trouxe tanto males quanto benefícios.
  79. Não é possível dizer aonde o processo de civilização nos levará.
  80. A civilização favorece a repressão sexual.
  81. O processo de evolução cultural (civilização) pode muito bem levar o ser humano à extinção.
  82. Sensações agradáveis aos nossos ancestrais são agora intoleráveis ao homem moderno.
  83. Direcionar agressividade para dentro tem consequências boas (você não está machucando ninguém) e ruins (você provavelmente ficará doente).
  84. Apesar de o processo de condicionamento cultural trazer consequências negativas, ao menos ele serve para nos afastar do desejo por guerra.

5 Comentários »

  1. […] do futuro (Nietzsche); Além do princípio do prazer, psicologia de grupo e outros trabalhos (Freud); Arte poética (Aristóteles); A Bíblia Sagrada (Jehovah); O anticristo (Nietzsche); Antologia […]

    Curtir

    Pingback por Leituras da semana #10. | Analecto — 30 de junho de 2020 @ 19:02

  2. […] and hate are the driving force behind every […]

    Curtir

    Pingback por Notes on “Thus Spoke Zarathustra”. | Analecto — 27 de dezembro de 2017 @ 21:58

  3. […] não deve entrar em guerra se isso for […]

    Curtir

    Pingback por Alcibíades I. | Analecto — 19 de novembro de 2017 @ 15:00

  4. […] warrior needs to live off state, rather than having own properties, so he can fully commit to his […]

    Curtir

    Pingback por Notes on “The Republic”. | Analecto — 16 de novembro de 2017 @ 16:50

  5. […] Os mais fortes podem promulgar leis injustas. […]

    Curtir

    Pingback por A “República” de Platão. | Analecto — 11 de novembro de 2017 @ 09:56


RSS feed for comments on this post. TrackBack URI

Deixe um comentário

Preencha os seus dados abaixo ou clique em um ícone para log in:

Logo do WordPress.com

Você está comentando utilizando sua conta WordPress.com. Sair /  Alterar )

Foto do Facebook

Você está comentando utilizando sua conta Facebook. Sair /  Alterar )

Conectando a %s

Este site utiliza o Akismet para reduzir spam. Saiba como seus dados em comentários são processados.

%d blogueiros gostam disto: