Pedra, Papel e Tesoura

30 de junho de 2013

Pra quem gosta de esconder a cauda.

Privacy :: Collections :: Add-ons for Firefox.

Depois que a Abine se juntou com a Mozilla numa ruma de protestos, uma lista de extensões que melhoram a privacidade do usuário do Firefox ficou disponível. É bom saber que existe, pelo menos, para quando você resolver mostrar o dedo do meio para as tentativas de invasão arbitrária de dados que deveriam ser pessoais. Todos são gratuitos.

O Tor Browser ainda é minha aplicação favorita quando o assunto é privacidade, mas caso usá-lo não seja possível… aqui tem uma lista de extensões que podem tornar seu navegador um excelente amigo na hora de fugir da polícia.

  • Adblock Plus não é só útil pra quem gosta de esconder a cauda; ele é útil pra qualquer um que, como eu, detesta anúncios.
  • Noscript Security Suite é o que diz no título: uma gama de técnicas de segurança que consertam as falhas que tornam o Firefox inseguro.
  • Duckduckgo Plus muda o servidor de pesquisa para Duckduckgo, um motor de busca semelhante ao Google, mas que não grava seu endereço de protocolo.
  • Blur bloqueia tentativas de rastreamento oriundas de até seiscentas empresas, além de permitir que você registre-se em sítios usando e-mails descartáveis (falsos!).
  • Ghostery detecta tentativas de rastreamento e as bloqueia.
  • WOT – Web of Trust é uma coleção de opiniões de outros usuários que fazem propaganda boca a boca dos sítios que visitam. Assim, você sabe em que sítios confiar baseando-se na opinião de outras pessoas que já os usaram.
  • Betterprivacy bloqueia cookies especiais que ainda não são de conhecimento popular (que, entre outras coisas, nunca expiram, ficando no navegador por tempo indefinido).
  • Foxyproxy Standard é como o Foxyproxy Basic, só que com mais opções.
  • Self-Destructing Cookies elimina cookies imediatamente após a janela ou aba que os usa ser fechada.
  • Collusion mostra quem está lhe rastreando, dando-lhe uma ideia do local para onde suas informações vão após coletadas.
  • Cleanlinks limpa links de redirecionamento. Exemplo: quando você clica num link para um determinado site e ele lhe redireciona para outra página antes que você possa ir para a página que você requisitou, você é forçado a ver outra página antes. Esta extensão limpa os links de redirecionamento para que você possa ir direto aonde quer.
  • Private Tab adiciona as funções de navegação privativa do Firefox à uma aba, ao invés de uma janela anônima.
  • Clear Console limpa dados de navegação com um clique (cachê, cookies, estoque do HTML5…).
  • Facebook Disconnect bloqueia tentativas de rastreamento por parte do Facebook.
  • Beef Taco (Targeted Advertising Cookie Opt-Out) põe em seu navegador cookies que dizem à empresas de anúncios que você não quer ser rastreado. Mais de cem levam o pedido em consideração.
  • Bloody Vikings facilita a criação de e-mail descartável (quando você quer usar um e-mail só pra ativar uma conta, um e-mail descartável como 10minutemail.com pode ser criado com essa função específica, daí o e-mail é fechado dez minutos depois, tempo o bastante para ativar uma conta).

Você não deve adquirir todos porque alguns entram em conflito um com outro, além de que há mais de uma extensão para a mesma função. Escolha sabiamente.

26 de maio de 2013

Nenhuma ciência é completa.

Ciência – Wikipédia, a enciclopédia livre.

Antes de ontem, a raposa teve mais um de seus ataques. Acontece que ela está convicta de um negócio chamado partículas preexistentes, que talvez até sejam fato. Mas ela crê nisso como um possível começo do universo. Foi o golpe final às suas crenças teístas e o último responsável pela sua queda no que ela chama de “ateísmo relutante”. Mas ela foi desestabilizada por um seminário que ela assistiu no Youtube, em que um físico falava da possibilidade de o universo ter surgido de partículas preexistentes e admitiu que não entendeu completamente o que o cara disse por causa de todo aquele jargão físico e equações exclusivas. E no final, o cara disse que sua ideia era uma hipótese, nenhum cientista sério pode se dar à presunção de sustentar uma hipótese como verdade acabada. Ou seja, a raposa está duplamente errada:

  • Ela acreditou no cara da mesma forma que se acredita num padre, sem questionamento, especialmente porque ela não entende completamente o que o cara quer passar.
  • Ela acredita nas palavras dele com mais certeza do que ele próprio, visto que, quando um cientista diz que ele tem uma hipótese, ele está dizendo que não há certeza porque não houve qualquer teste.

Não estou tirando o crédito do indivíduo, mas é meio ingênuo acreditar nas coisas assim. Aliás, toda crença é ingênua. É necessário ser ingênuo, “como uma criança”, pra entrar no Céu, correto?

Perdoem erros ortográficos; estou morrendo de sono aqui. Pois bem, mas em que ciência devemos confiar? Bom, nenhuma ciência é completa. Certa vez, vi, num documentário do Fantástico, uma matéria sobre um peixe que se acredita ter mais de cinco sentidos. É difícil imaginar como seria a vida desse peixe, o peixe capaz de perceber coisas que os humanos não conseguem por serem limitados à tato, visão, olfato, paladar e audição. Será que não estamos perdendo muita coisa?

Veja, a ciência é sensualista, ela estuda os fenômenos, isto é, aquilo que se apresenta a nós pelos nossos sentidos. Ou seja, a verdade científica é fenomênica, é sensual, por isso que ciência que é ciência tem que ser testada empiricamente, tem que ter resultados sensíveis, do contrário é hipótese.

Portanto a ciência é limitada e, se o peixe de que falei pudesse fazer ciência, a ciência dele poderia ser superior a nossa. O simples fato de haver uma criatura com mais de cinco sentidos é o bastante para nos mostrar que nossa ciência é limitada. Imagine se fôssemos todos cegos, como seria a nossa Mecânica? Haveria uma Óptica? Será que conheceríamos todas essas leis físicas que conhecemos? E se fôssemos todos surdos, como ficaria a Acústica? Em  poucas palavras, nenhuma ciência é completa, tão perfeita como poderia perfeitamente ser, por isso cientistas sérios criticam o que eles mesmos pensam e dizem até o momento em que sua teoria ou hipótese seja testada e repetida por outros. E mesmo assim não podemos dizer que a verdade é absoluta, pois precisaríamos de mais de cinco sentidos para perceber todos os aspectos de alguma coisa. O que se pode dizer é que se conhece a verdade fenomênica nos apresentada aos cinco sentidos.

Aí minha colega vulpina me diz que acredita na hipótese de um cara que reconhece que o que ele está fazendo é hipotético e, ainda mais, sem nem sequer entender completamente o que ele está falando. E termina sofrendo com isso porque ela não consegue funcionar sem Deus. Talvez Deus não exista, mas acho que ela não tem razões o suficiente para desacreditar e motivos de sobra pra acreditar. Mas ela é jovem, tem só dezesseis, talvez ela mude a mente dela daqui pra os vinte.

Li recentemente, na tal Filosofia Ciência & Vida, um artigo sobre amor, sob a visão de Schopenhauer. Em certo momento, se não me falha a memória, o cara se pergunta que regras devem reger a vida à dois, especialmente numa cultura que propaga que ou você é o “bom marido”, compromissado e tudo, ou o solteirão hiper-hedonista. Essa visão toda romantizada, perfeitinha, ti-ti-ti, é um verdadeiro saco. Digo por experiência. Pessoas são diferentes solitárias, pessoas diferentes se juntam, as regras que regem sua vida íntima realmente não deveriam ser da conta de ninguém. O casal deveria fazer suas próprias regras, as regras para aquele relacionamento em especial, levando em consideração virtudes e vícios de cada um, o que melhora o entendimento entre um e outro e contribui para o relacionamento duradouro, ao invés de comprar o modelo “tradicional” de relação que simplesmente não funciona pra todo o mundo.

Também tenho um par de problemas com o conceito de fidelidade. Veja, esse negócio de pautar uma relação em algo tão baixo como o sexo (nível mais baixo). Ter sexo com outra pessoa não necessariamente mata seu amor por outra pessoa que, no momento, não pode lhe satisfazer ou rejeita alguns de seus desejos sexuais. Seria sensível da parte dos dois permitir que o outro procurasse alívio em outros para coisas que não podem ser satisfeitas dentro da relação. Isso eliminaria o ciúme. Também tem o negócio do amor (nível médio). Procurar amor com outra pessoa por qualquer razão que seja não deveria levar ao ciúme, porque a outra pessoa está feliz. Claro que ainda é motivo de conversa, pois significa que você deve melhorar em alguma coisa. Por último, não se deve ficar chateado porque alguém que você ama te deixou (nível mais alto). Porque se a pessoa te deixou é porque estava infeliz numa relação a dois ou, pelo menos, com você. Não significa que você tenha que deixar de amar a tal pessoa, mas tentar estar feliz por ela estar feliz, o que é o amor de verdade, não o amor possessivo propagado por aí. Além do mais, amar uma pessoa não necessariamente significa estar amarrado à ela; essa é só a mais infeliz forma de amor. A fidelidade e, por tanto, o modelo de amor conhecido pela maioria, só propicia o ciúme.

Queria mesmo um bom livro pra ler. Estou devorando minhas revistas de filosofia mais rápido do que elas chegam. Um livro de filosofia ou mesmo de bom e velho RPG seria um boa pedida, mas falta dinheiro. Falta também motivação para baixar; me sinto tão preguiçoso estes dias. Deve ser o calor, maldito, infernal calor de todos os dias. Ou minha mãe ouvindo If, do grupo Bread, que me traz memórias do bom e velho coiote. Saudade é um negócio incrível: só faladores de português usam essa palavra. Tem que ter uma veia poética pra falar corretamente de saudade. Lembro de quando o cachorro mencionou que ele sentia uma coisa estranha e ele me descreveu o que ele sentia. Eu disse “isso é saudade”. Ele me perguntou “What?“. Saudade é uma palavra particular do português, sem tradução exata em outros idiomas. Um livro a respeito da saudade também seria uma boa lida… do jeito que sou melancólico.

Criei, com muito sacrifício, uma conta no Soundcloud.

Já disse que criei uma conta no Soundcloud? Pois é, criei uma conta no Soundcloud

1 de maio de 2013

Por que prefere ser mais anônimo?

Percebi que existem quatro comentários marcados como spam na minha fila de moderação. Normalmente, eu permito que comentários sejam postados sem qualquer moderação da minha parte, mas o filtro de spam do WordPress fica ativo o tempo todo, de forma a, sabe, bloquear spam.
Um dos comentários, contudo, foi feito à minha entrada “Bibliografia obscura” e não parecia spam, mas resolvi deixar na lista de spam só por precaução, embora eu esteja quase certo de não haver problema. Deve ser minha tara original por esconder meu IP mesmo sem necessidade e torcer o nariz para o menor suspeito.
Então, aqui vai o comentário, que inicia uma reflexão quanto ao bagulho:

POR QUE DESEJA SER MAIS UM “ANÔNINO”? [sic] TER UMA IDENTIDADE É MUITO MAIS FÁCIL. REALMENTE PREFERE NÃO TER ROSTO?

O autor do comentário, contudo, chama-se “Ninguém”. Bom, Ninguém, essa é uma boa pergunta. Por que eu quero me manter anônimo?
Poucos sabem, mas coleta de informação sem consentimento daquele que envia tornou-se comum. A todo o momento, empresas lhe rastreiam, se infiltram em seu navegador, pegam informação sobre quais sites você usa, de que site você veio, para qual site vai… essas informações são enviadas para essas empresas para propósitos mercadológicos. “Como assim?”, alguém pode perguntar.
Tenho um colega, um calango, que é tarado por fraldas e urina. Recentemente, ele notou que tem visto cada vez mais anúncios sobre fraldas no Facebook e outros sites que dependem de anúncios para funcionar. Ora, mas então os servidores sabem do que ele gosta? Sim, através dessas medidas de rastreamento. Então pode haver alguém lhe rastreando agora e enviando informações para alguma empresa sobre quais sites você visita? Pode. Mesmo os pornográficos? Sim. Mesmo os embaraçosos? Correto. As coisas que você talvez queira manter em segredo podem já ser bem conhecidas em empresas de alguma natureza. Mesmo que eles usem essas informações para propósitos comerciais e não queiram te atacar diretamente, muitos ainda não se sentem confortáveis com essa coleta. Primeiro, porque ela normalmente ocorre sem consentimento. Segundo, normalmente não há consentimento quanto ao quê essas empresas fazem com essas informações, a não ser que você leia e concorde com a política de privacidade do serviço (é sabido, contudo, que as informações podem ser vendidas para outros servidores). Mas essas informações estão seguras, certo? Não, informação em servidores é passiva de vazamento. Informações sobre o que você tem feito online, assim como seu IP (número identificador de usuário), podem vazar para mãos criminosas ou mesmo conhecimento público.
Além do mais, todos os dias são tirados direitos das pessoas, mesmo que de forma velada, e o direito a privacidade não é exceção. Dia após dia tenta-se tornar o cidadão cada vez mais explorável por aqueles que têm dinheiro ou mesmo pelos Estados corruptos. Fazer de tudo para continuar anônimo online é minha maneira de me agarrar com garras e presas a um direito que tem me sido quase vetado por anos de dormência. O que eu faço online é muitíssimo pessoal.
Mas IP e coisas assim são informações muito abstratas. Mesmo que venham a conhecimento público, eu não seria prejudicado por vazamento do meu IP, certo? Enganado de novo. Suponhamos que haja um serviço que atrele seu IP à sua conta (o Google faz, visto que ele dá chilique quando tento acessar o Gmail pelo Tor, dizendo que estou acessando com um IP “diferente do usual”). Num vazamento de informações, os dois, IP e nome, podem tornar-se conhecimento público. E não apenas nome. Preferências, perfil de personalidade, geolocalização e todas essas coisas que você partilha online. Você não só tem sua informação coletada simplesmente, você tem sua informação coletada por indivíduos que você não conhece e nem confia. Talvez os servidores em que essas informações são armazenadas não sejam tão seguros assim pra começo de conversa.
Meu navegador é configurado com Noscript, Self-Destructing Cookies, Donottrackme e Ipfuck. E nem isso garante anonimato completo e ausência de rosto. Se garantisse, não usaria Tor também.
Mas ter uma identidade é, sim, mais fácil. Mas o anonimato não garante ausência de rosto, porque sua personalidade ainda transparece, o que é natural. Talvez você seja uma página vazia para os servidores, mas as pessoas com quem você interage preenchem essa folha. Você ainda tem rosto, na mente daqueles em quem você confia, e não nos bancos de dados de servidores capitalizados.

Hoje, encontrei com outro amigo que não via há muito tempo. Conversamos por um tempo e ele eventualmente perguntou por que eu havia deixado o curso de Informática. Expliquei que era porque o pessoal achava que eu era ateu. No meio da conversa, uma mulher sentada à nossa frente, no ônibus, me perguntou:

Você é professor de filosofia?

Eu respondi que não, mas que estava chegando lá. Aí ela perguntou:

Você é ateu?

Eu disse que não e ela pediu desculpas por me chamar de “ateu” (como se isso fosse insulto). Expliquei pra ela que filósofos não necessariamente são ateus, embora muitos de meus amigos o sejam. Ela disse que, se eu tivesse dito que eu era ateu, ela iria me perguntar no que eu acreditava. Aí eu disse à ela que meus colegas ateus não acreditam em nada que não seja completamente racional (ou, pelo menos, acham que é assim). Ela torceu o nariz com todas as forças. Estranho.

Possivelmente me mudarei para a casa do meu pai, por questões de saúde. Nossos vizinhos vivem queimando coisas e a fumaça invade nossa casa. Antes de ontem, fiquei tão mal que achei que eu fosse desmaiar. Fico sem ar só de lembrar. Desisti de instalar o Unix Amiga Delitracker Emulator para o Audacious, porque precisei fazer mais links simbólicos do que eu tinha paciência pra fazer. Pena eu não rodar Fedora, porque é fácil achar esse plugin compilado em pacotes .rpm (converter pra .deb com Alien não presta). Bom, tudo bem. Posso tocar tantos formatos obscuros que acho que posso me dar ao luxo de reservar o bom e velho .mp3 para músicas que eu não puder arrumar em, sei lá, .tfmx. Afinal, melhor não ser tão ambicioso.

24 de abril de 2013

Bibliografia obscura.

Filed under: Computadores e Internet, Livros, Passatempos — Tags:, , , — Yure @ 01:23

Falha no carregamento da página.

Antes de clicar no link acima, baixe o Tor Browser, desabilite javascript globalmente e tenha certeza de que cookies estão desabilitados. É o primeiro site obscuro que acessei, o Tor Library, a biblioteca do Tor, um lugar onde são hospedados cinquenta e dois gigabytes de livros em diversos idiomas e cinquenta e dois gigabytes de texto são livros para a eternidade. Ora, mas por que baixar um navegador especial pra acessar o site? Simples, é um “pseudomínio”. E por que os métodos especiais? Porque, de acordo com a Hidden Wiki, não se deve deixar certas coisas habilitadas no navegador que você usa para acessar serviços dessa natureza porque hackers habitantes da deep web / dark web são consideravelmente mais capazes que os que habitam a dita superfície (os sites que dá pra acessar pelo Google).
O link que partilhei leva especificamente para uma biblioteca de livros de filosofia.

21 de abril de 2013

Educação secular, “educação” não-secular.

Filed under: Organizações, Passatempos, Saúde e bem-estar — Tags:, , , , — Yure @ 18:14

Olhe ao redor, por favor. Pelo menos na minha tela, na minha garrafa d’água, nos meus livros, nas minhas roupas… a letra cursiva está ausente. Por que ensinar letra cursiva para crianças pequenas se a letra cursiva não aparece em lugar algum? Por que não ensinar apenas a letra de forma?

Veja, quando se ensina letra cursiva, a leitura torna-se algo feito dentro da escola e que lá fica, porque o aluno em fase de alfabetização não pode ler as coisas que acontecem no mundo ao redor dele, onde tudo é escrito em letra de forma. Ele não pode ler anúncios, não pode ler legendas, não pode ler páginas na Internet e nem mesmo os próprios livros didáticos. A letra de forma é a que você vê agora. Não estou me referindo àquilo que as pessoas normalmente pensam que é “escrever com letra de forma”, ou seja, não estou dizendo para ensinar às crianças apenas letras maiúsculas. Existem letras de forma minúsculas.

Tive uma conversa com meu coleguinha sobre isso e ele me disse que a razão pela qual a letra cursiva é ensinada nas escolas é que não se pode escrever redações no Exame Nacional do Ensino Médio, por exemplo, em letra de forma. Isso me lembra de uma coisa que ouvi no passado muitas vezes e que me mortificava sempre que era dita: “vocês precisam aprender isto para passar no Vestibular”. Quem me dizia isso eram meus próprios professores. Aí eu ficava pensando onde está o ideal da educação de formar pessoas para a vida e não para o sistema. Porque sempre que eu ouvia aquilo eu pensava que a educação servia apenas para o sistema. Então por que não abandonar a escola e começar o curso preparatório meses antes do Vestibular, já que só precisaremos daquele conhecimento por aquele tempinho? Afinal, o pessoal do curso preparatório sabe o que cai no Vestibular e pode te ensinar a essência em pouquíssimo tempo, aí você pode esquecer quando tiver passado.

Quando você diz que está aprendendo algo apenas por causa do sistema, você tira o propósito da escola. Não era à toa que a maioria dos meus colegas queria desistir da escola. Seria melhor para os habitantes uma mudança negativa no ensino em prol do sistema ou o abandono de um aspecto do sistema em prol de uma educação melhor?

Aí meu coleguinha disse que “nos Estados Unidos” e em tantos outros países se ensina letra cursiva, não que isso faça o ensino de letra cursiva necessário. É melhor que o aluno aprenda a letra de forma como prioridade para que ele possa ler tanto quanto seja possível, dentro e fora da escola.

Hoje encontrei um amigo no ônibus, amigo que eu não via há muito tempo. Falei com ele e ele disse que leu este diário… inclusive o que diz respeito à fraldas e patadas. Devo ter ficado vermelho de vergonha, mas ele não fez nenhum alarde. Bom saber que ele é capaz de ver que isso não faz de mim uma má pessoa. Falei pra ele dos meus colegas fetichistas e de como fraldas são algo sexual para muitos dos meus amigos. Ele fez piada, achou estranho, mas nem por isso ficou com raiva ou parou de falar comigo. Fiquei muito satisfeito com o quanto ele melhorou desde a última vez que falamos, pois a sua mente está mais aberta e ele parece ter melhorado no quesito bom senso.

Daí falamos do estudo bíblico sobre a masturbação que escrevi. Ele disse que viu uma incoerência ou duas (ou três), mas que gostou no fim das contas, especialmente porque denunciei como os líderes religiosos podem cair na falácia de mostrar versículos bíblicos fora do contexto aos fiéis para justificar suas afirmações. Você não pode ler um pedacinho de um texto e esperar entender do que ele se trata se você não lê o resto do texto no qual ele está inserido. O significado de um versículo isolado é facilmente manipulável.

E aí conversamos sobre religião. Peguei pesado falando mal das instituições e garanto que chamei a atenção de todos ao nosso redor no ônibus, não que achasse isso ruim. Eu e ele concordamos que a servidão à instituições religiosas sem a devida reflexão sobre suas bases é uma manifestação do medo de errar e da preguiça de pensar. Você teme interpretar as Escrituras de forma falha, quando não tem preguiça de dar-se ao esforço em primeiro lugar. Óbvio que nem todos os fiéis são assim. É muito cômodo simplesmente acreditar no que o líder religioso diz, o que me lembra do que li na revista Conhecimento Prático: Filosofia (Número 30, página 50-51) e cito aqui pro senhor:

O problema para Nietzsche está no administrador do perdão, o sacerdote. Para Nietzsche, a lei, falando pela boca do sacerdote, transforma-se em moral vigente. Há uma máscara sobre “Deus”, porque o sacerdote ganha para si o poder da lei, personificando “Deus”. E, como a lei vem de um “Deus” que precisa de intérpretes (pois os textos bíblicos são a única manifestação que o crente aceita como tal), os homens elegem o sacerdote como intérprete de “Deus”. Mas aí surge outro problema, diz Nietzsche: se “Deus” é juiz dos homens e o sacerdote (padre ou pastor cristão) é seu porta-voz, então, na realidade, é o sacerdote quem julga os homens? Sim, diz ele, porque mesmo que “Deus” exista quem dá a última palavra é o sacerdote.

– Gerson Lemos.

Só que aí o cara supõe que nenhum cristão pega a Bíblia pra ler e interpretar ele mesmo, sendo seu próprio sacerdote, que todos os cristãos são ou medrosos ou preguiçosos. Uma pena que muitos de fato o são.

Fico muitíssimo feliz por meu amigo ser tão receptivo ao que penso e ser capaz de não me julgar por meras idiossincrasias. Que bom que tenho amigos em quem confiar, mesmo quando o tempo e o espaço nos separam.

Falando nisso, peguei meu sobrinho lendo minhas revistas de filosofia. Ele tem sete anos e minha mãe “diz que ele é” testemunha de Jeová, embora o menino tenha mostrada severa resistência à tudo o que ela lhe ensina. Hoje ele lha disse que não acredita que Deus é imortal (naturalmente, a ideia de eternidade não entra na cabeça de alguém de sete anos). Garanto que minha mãe acha que é minha culpa.

26 de fevereiro de 2013

Desisto.

Fazer sprites tradicionalmente é difícil, mas fazível. Trabalhar com programas de pintura digital para adicionar transparência e coisas do tipo é um saco. Além do mais, os tutoriais de Game Maker lhe dão métodos já prontos para usar à medida da necessidade, mas sem explicar o que cada coisa faz ou deixa de fazer. Ou seja, você recebe receitas de bolo para serem reproduzidas, mas sem saber o que cada ingrediente faz, o que mata a possibilidade de fazer suas próprias combinações e lhe deixa dependente de tutoriais o tempo todo. Então desisti de fazer o tal jogo. Até porque eu nem sabia exatamente o que eu queria fazer. Fora a quantidade de trabalho que eu teria, o que poderia atrapalhar meus estudos que “começaram”. Então dane-se, desisto.

Estive ansioso para o início das aulas, mas ainda tenho que dar um jeito de incluir pelo menos mais uma disciplina. Não raro vejo meus amigos incluindo disciplinas fora de hora, imaginei que eu também poderia. Além disso, quem vai mesmo para psicologia da aprendizagem? Cursantes de Letras, suponho. Afinal, meu fluxo de Filosofia é extremamente sartriano por causa da influência de uma professora cafeinada, então pouca gente ali se interessa por psicologia, visto que Sartre é terminantemente contra a existência do inconsciente. Acho que a sala não pode encher totalmente só com cursantes de Letras.

A aula, contudo, não aconteceu; o professor faltou e ele nunca faltou antes. Ou seja, algo sem precedentes aconteceu no primeiro dia de aula. Claro, faltar professores no início do semestre é corriqueiro, mas não aquele professor específico. Que azar.

Andei até o local onde antes ficava a administração do curso de Filosofia e me surpreendi ao ver o local transformado em sala de aula. O que aconteceu com a administração do meu curso? Ficou enfiada dentro da secretaria, junto com a administração de Letras e de Estudos Ciências Sociais. Pelo amor de Deus. Na mesma sala: secretaria e três administrações de curso. Consegui falar com a assistente de administração e ela me falou que isso deve ser resolvido com um dos três indivíduos governantes do Departamento de Ensino e Graduação, a mesma pessoa que processou meu bagulho no protocolo geral. Provavelmente vou na sexta-feira.

Também não houve aula no segundo dia, pelo mesmo motivo pelo qual não houve no primeiro.

18 de fevereiro de 2013

Mudanças…

1360949318.yure16_sam_0002.jpg imagem JPEG, 1280×720 pixels – Redimensionada 85%.

Acordei mais ou menos às cinco para obter minha carteira de trabalho. Queria poder ir à tarde, honestamente, visto que detesto acordar tão cedo (a não ser que eu vá pra faculdade, que acaba sendo diversão pra mim, visto que amo filosofia). Só quero que minhas aulas comecem… pra que eu possa tirar a história da minha inclusão à limpo. Isso, sim, me interessa. A carteira de trabalho pode esperar.

Julgando pela quantidade de créditos que obtive e pela quantidade de disciplinas que me são ofertadas por semestre, está óbvio que não conseguirei me formar em quatro anos como eu havia pensado. Então talvez eu volte a cursar informática para que eu possa dar aula em algum lugar, para dar uma ajuda à minha mãe. Quero dizer, terei carteira de trabalho em breve e, se eu tiver um curso de informática, poderei me aplicar para alguma coisa em algum lugar, visto que informática e idiomas são canivetes suíços.

Eu desisti de informática no passado por causa dos alunos medíocres e do professor medíocre. No momento em que disse que cursava filosofia, o professor começou a me tratar diferente. Fazia umas piadinhas, dava indiretas, sugeria que eu era ateu e coisas do tipo. Os alunos gostavam muito do professor e começaram a me tratar diferente também. Tive de fazer sozinho trabalhos que deviam ser de dupla porque o pessoal achava que todos os filósofos são ateus e, aparentemente, todo o mundo ali era ou católico ou protestante daqueles que cantam no campo do Boa Vista umas quatro vezes por ano, perturbando o sono da vizinhança. Nada tenho contra os ateus e muitos dos meus amigos o são, mas a minha classe não parecia partilhar da minha tolerância. Eles não só supunham que filósofos necessariamente são ateus como supunham que todos os ateus são… algo pra se evitar. Não esperava mais daquela gente. Eu gostava das aulas da antiga professora de informática, mas os alunos medíocres desistiam do curso até que apenas quatro (eu incluso) restaram. A professora então disse que a sala seria dissolvida e os alunos seriam mandados para outras classes. Eu gostava daquela professora, ela era gentil, atenciosa, mas não fazia piadas e comentários retardados como a sala retardada queria que ela fizesse. Detesto esses professores muito “dinâmicos” e bem-humorados, porque eu acabo sendo foco da maioria das piadas. Porque uso Linux, porque estudo filosofia, porque quero ser professor, porque gosto de ficar em casa, porque não tenho namorada, porque não tenho amigos na vida real, porque não escuto ou gospel ou rock ou música eletrônica do fluxo principal. Não que as pessoas que tenham essas características sejam sempre motivo de piada ou que não tê-las me livraria de piadas esporádicas, mas acontece que tenho uma combinação de características esdrúxulas particularmente desastrosa.

Começo a desejar não ter fotos para usar; detesto a ideia de ter de sair de casa à madrugada para tirar a tal carteira. Minha mãe quer que eu vá de lá para a creche, para tirar à limpo a história da minha inclusão. Mas estou com preguiça. Além do mais, posso incluir e excluir disciplinas dependendo das vagas durante a primeira quinzena do semestre, se não me engano. Tenho que falar com minha colega à respeito…

Depois de dar entrada na carteira, tenho de esperar até quinze dias úteis para pegá-la no bairro. Não foi uma experiência confortável, ter de esperar uma hora na fila e mais uma hora e meia na tal casa do cidadão. Especialmente porque não tomei café da manhã, visto que o meu irmão comprou pão vencido, aquele retardado, e não tinha café. Saí com quatro biscoitos na barriga. Lá arrumei umas Ruffles e comi. Minha mãe nos deu vinte reais para a viagem e voltei com doze reais. Isso significa apenas uma coisa: fraldas na quinta-feira (e talvez uma chupeta com o troco)!

18 de novembro de 2012

Tudo corre bem deste lado da parede.

Filed under: Livros, Música, Passatempos, Saúde e bem-estar — Tags:, , , — Yure @ 00:29

Pois é, senhores. Estou com o braço enfaixado depois de ter removido, com as patas, um cisto que não sei onde peguei. Estava muito inchado mesmo, já havia alguns dias. Mas agora as coisas voltam ao seu lugar. Quando esvaziei o conteúdo, ficou um buraco tão profundo no que antes era um inchaço que o fã de Muse poderia achar que todo o álbum Black Holes and Revelations foi concebido para aquele momento. Acho que vi uma plataforma flutuante de metal e quatro entidades se enfrentando lá dentro.

Meu médico disse que eu tinha que tomar Bezetacil® para me livrar do cisto. Claro que não tomei; não iria conseguir me sentar por um mês com a dose indicada (três injeções). Eu tomei Bezetacil® no passado, na minha infância, duas vezes e não estou muito a fim de repetir o feito. Preferi a solução lenta e trabalhosa de drenar o bagulho até a última gota.

Chega de falar de coisas nojentas. Terminei de reler a Antologia Ilustrada de Filosofia e já tenho planos para lê-la novamente; é um livro maravilhoso, uma verdadeira farmácia para minha razão, doente dos professores pretensiosos e sensacionalistas. Falando nisso, meu tio, a quem devo muito, visitou a cidade recentemente para dar as boas novas aos familiares: seu livro, uma compilação de poemas que ele escreveu ao longo de sua vida, foi publicado e eu inclusive ganhei uma cópia grátis. Estou em posição de dizer que o estilo do meu tio é bastante singular e chega a ser complicado, mas pude ler a primeira de quatro partes em trinta minutos. Há poemas que gosto, há poemas que não gosto, mas é um bom livro, como todo o livro de poesia vindo do coração do escritor.

Porém, o revisionista devia estar dormindo ou talvez comprou sua licença de revisionista no Zimbábue; o livro tem erros ortográficos imperdoáveis. Minha mãe disse que é porque a editora é pernambucana (perdoe-a, leitor pernambucano, ela só estava tentando ser engraçada). Além do mais, poucos brasileiros conseguem ter uma ortografia “perfeita” e imagino que os erros cometidos tenham sido do meu tio, que passaram pelos olhos desatentos do revisionista. Não espero que uma pessoa comum domine a barroca ortografia portuguesa, mas uma pessoa que trabalha com ela e ganha a vida com ela devia ter um pouco mais de dedicação.

Enquanto a mim, minha arte tem passado por maus bocados, a qualidade dos meus desenhos caiu e vejo os desenhos que criei um ano atrás e fico pensando se meu estilo de fato evoluiu ou simplesmente “mudou”. Já dizia Bergson, evolução nem sempre é progresso. Nunca quis que meu estilo ficasse muito diferente do que era quatro anos atrás, mas queria melhorar sem dúvida e, ainda assim, manter minha marca registrada, meu estilo não copiável.

Minhas histórias continuam seguindo como rotineiro. Sempre respondo as perguntas no caderno (O quê? Quem? Como? Onde? Quando? Por quê?), elaboro o esboço baseado nas respostas (introdução, desenvolvimento, clímax, conclusão) e escrevo a história com isso.

Mas estou especialmente satisfeito com minha música. Parece que meu bloqueio se foi de vez e as notas fluem pelo mouse até o piano-roll sem problemas. Minha vida seria mais fácil se eu tivesse um Korg Nanokey, já que colocar as notas num teclado virtual usando um mouse é um obstáculo à espontaneidade.

Olho para cima vejo a parede que construí, que nem a parede do Pink. Está alta e é muito forte, sólida. Acho que minha luxúria está sob devido controle e minha mente não mais é perturbada pelos assaltos do meu coração. É uma medida mórbida de defesa, mas relacionamentos realmente não são possíveis agora e a urgência que eu sentia para entrar em um suspendia minha razão temporariamente, me levando a esquecer os riscos. Mas agora tudo parece bem.

Sim, tudo está bem.

31 de maio de 2012

Uma vida para quem me achar naquela imagem.

Filed under: Passatempos, Saúde e bem-estar — Tags:, , , — Yure @ 22:44

Melancolia – Wikipédia, a enciclopédia livre.

Shiba: :323:15:32

Shiba: hai23:15:37

Yure: Hi…23:16:06

Shiba: how ish23:16:16

Yure: Terrible.23:16:23

Shiba: whys that?23:16:34

Yure: I feel stupid.23:16:49

Yure: Unable to understand simple things.23:16:59

Shiba: what do you mean23:17:14

Yure: Helping a friend with his game, as you know. But today I wasn’t motivated… As we worked, I started to commit embarrassing mistakes. He played along, trying to not make big deal about it. But I was making a fool of myself.23:18:11

Shiba: *nodS* everyone has days like that23:18:35

Yure: He asked if I needed a tool for the task I was doing, to make it automated. I felt even worse.23:19:12

Yure: But we gave a pause once I told him that.

28 de maio de 2012

Semestre quase no fim.

Ladytron – Beauty – YouTube.

De agora em diante, para proteger as identidades dos meus colegas, os chamarei pelas suas espécies.

Então, maior parte do meu semestre se foi como se fossem apenas três meses. Foi rápido, cheio de altos, baixos e linhas perfeitamente retas de amigável e confortável tédio.

Em história da filosofia, tenho certeza de que fui aprovado. Estudar Kant não é difícil pessoal, isso é certeza. Amo estudar os textos do senhor Kant; eles me são claros e explícitos e, mesmo que eu não tenha lido tudo o que ele escreveu, tenho uma ideia geral de suas ideias e sei o bastante para dizer que gosto mais de sua ética e sua estética, com as quais concordo quase que 100%. Estudar Fichte e Hegel, contudo, foi uma verdadeira dor e eu teria quebrado sozinho, mas eu tive apoio. Que bom que não tive que estudar aquele sacal do Schelling também.

Em filosofia social e política, fui aprovado com certeza; a condição de aprovação é apresentar o texto do Lênin, o Estado e a Revolução, mesmo que fosse uma apresentação pobre. A minha, de fato, foi, em comparação à dos meus amigos que são craques em política. Eu não sou bom com o Estado ou as regras do capitalismo, embora eu acredite que entendi o socialismo e o comunismo agora. Corrigindo uma entrada anterior em que eu diferenciei erroneamente socialismo e comunismo: socialismo é a ditadura do proletariado, caracterizado pelo fim do dinheiro, da mercadoria, da burguesia (e, consequentemente, da luta de classes) e do Estado, sendo um estado transitório entre capitalismo e comunismo, este último caracterizado também pelo fim da divisão social do trabalho.

Estrutura e funcionamento do ensino fundamental e médio ainda está de pé; tenho um último trabalho a fazer.

Mesma coisa com didática geral, mas tenho, além do trabalho, de fazer uma autoavaliação. Com minha autoestima “lá em cima”, talvez eu me dê um zero.

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