Pedra, Papel e Tesoura

9 de abril de 2023

Añadindo a las palabras de McNair.

Filed under: Computadores e Internet, Entretenimento, Passatempos — Tags:, , — Yure @ 13:14

McNair nos da algunas razones para hablar, incluso si nadie nos escucha. Pero podría agregar a lo que dijo: deberíamos escribir lo que nadie lee, dibujar lo que importa a nadie, componer lo que nadie quiere escuchar. Cuando comencé mi carrera en Furry Fandom, tenía una verdad en mente: incluso si nadie presta atención ahora, alguien, algún día, verá esto y le gustará. ¿Como puede? Es solo que el gusto estético es subjetivo: nada en el arte es tan feo, tan mal hecho que a nadie le gusta. Entonces, aunque sabía que mi arte era terrible y que los temas eran asquerosos para la mayoría de las personas, sabía que alguien en algún lugar encontraría mis dibujos y les gustaría.

Yo tenía razón. Comencé a ganar favoritos, la gente comenzó a seguirme y conocí a varios amigos a través del arte, buenos amigos, algunos que han estado conmigo durante más de una década. Además, si hubiera dejado de dibujar, no habría mejorado mi técnica, ya que no hay habilidades sin práctica. Lo mismo puede decirse de historias, textos de disertación, programas, música. Incluso si a nadie le gusta en este momento, eso no garantiza que no les gustará en el futuro. La historia del arte, tanto el arte estético como el arte técnico, tienen varios ejemplos como estos. Además, incluso si a nadie le gusta, sigue siendo un aprendizaje, una práctica.

7 de abril de 2023

Escrevendo o que ninguém lê.

Filed under: Passatempos, Saúde e bem-estar — Tags:, , — Yure @ 18:38

Speaking is an essential part of human nature which allows us to communicate and express our thoughts and emotions. Even when we know we won’t be heard, speaking still holds importance as it enables us to connect with ourselves and the world around us. Our words transcend time and space, leaving a lasting legacy and contribute to the course of human events. Ultimately, speaking is an expression of our humanity and spirituality, making it essential to embrace the act of speaking, regardless of an audience.

Speak, even if we know that it won’t be heard by anyone* ‹ J S McNair ‹ Reader — WordPress.com

McNair nos dá algumas razões para falarmos, mesmo que ninguém nos escute. Mas eu poderia acrescentar ao que ele disse: devemos escrever o que ninguém lê, desenhar o que não interessa a ninguém, compor o que ninguém quer ouvir. Quando eu comecei minha carreira no furry fandom, eu tinha uma verdade em mente: mesmo que ninguém preste atenção agora, alguém, algum dia, verá isto e gostará. Como pode? É que gosto estético é subjetivo: nada na arte é tão feia, tão mal feita que ninguém goste. Assim, embora eu estivesse ciente de que minha arte era péssima e que os temas eram nojentos pra maioria das pessoas, eu sabia que alguém, em algum lugar, acharia meus desenhos e gostaria deles.

Eu tinha razão. Comecei a ganhar favoritos, pessoas começaram a me seguir e eu conheci vários amigos através da arte, bons amigos, alguns que estão comigo há mais de uma década. Ademais, se eu tivesse parado de desenhar, eu não teria melhorado minha técnica, pois nenhuma habilidade melhora sem prática. O mesmo pode ser dito de histórias, textos dissertativos, programas, música. Mesmo que ninguém goste no momento, isso não garante que não gostarão no futuro. A história da arte, tanto da arte estética, como da arte técnica tem vários exemplos como esses. Ademais, mesmo que ninguém nunca goste, ainda é um aprendizado, uma prática.

Portanto, além de falar o que ninguém, no momento, escuta, devemos produzir o que ninguém, no momento, aprecia: alguém apreciará, ainda é uma aprendizado.

25 de setembro de 2014

O que aprendi lendo “Metafísica”.

Filed under: Livros, Passatempos — Tags:, , , , , — Yure @ 04:22

Metafísica” foi escrita por Aristóteles. Abaixo, o que aprendi lendo esse texto.

  1. A curiosidade faz parte da natureza humana.
  2. Arte é o conjunto de informações abstraídas de um processo indutivo com finalidade prática.
  3. O sinal distintivo de domínio sobre um conteúdo é a capacidade de ensiná-lo.
  4. O sábio deve conhecer tudo na medida do possível, embora não seja obrigado a conhecer tudo em sua profundidade.
  5. O sábio deve se preocupar com as causas das coisas.
  6. A filosofia nasceu quando as pessoas, admiradas com o mundo, perceberam que eram ignorantes e buscaram o conhecimento com principal intuito de fugir da ignorância, sem necessariamente visar utilidade prática.
  7. As causas da substância são quatro: formal (o que a coisa é), material (de que é feita), eficiente (o que a fez passar da potência ao ato, ou seja, o que a fez existir) e final (para quê tende, ou seja, qual é o objetivo dela).
  8. Os primeiros filósofos estavam interessados na causa do mundo, identificando-a em um elemento simples e material: Tales acreditava que o princípio era o elemento água, Anaxímenes acreditava que era o ar, Heráclito acreditava no fogo, entre outros.
  9. Muitas das primeiras filosofias de ordem naturalista eram falhas por suprimir o movimento: que força impeliu a água, por exemplo, a tornar-se outras coisas?
  10. Admitir apenas causas materiais para tudo implica suprimir os entes incorpóreos.
  11. Demócrito acreditava que os princípios eram “cheio” e “vazio” (isto é, átomos e vácuo).
  12. Pitágoras acreditava que era o número.
  13. Alguns pitagóricos acreditavam na existência de dez princípios, cada um composto de duas coisas opostas.
  14. Os filósofos naturalistas se dividem em duas categorias: os que creem na origem puramente material (não obstante o número de princípios) e os que creem na origem material e na origem motriz (esta última podendo ser una ou múltipla).
  15. Platão era mobilista, mas não aceitava que a doutrina do “tudo flui” de Heráclito era válida também para as coisas imateriais, já que, se o fosse, nada poderia ser conhecido (segundo o sistema platônico).
  16. Os naturalistas erraram em muitos pontos, por suprimirem a essência, por suprimirem os entes incorpóreos e alguns outros ainda por não falar do movimento.
  17. Logo vê-se que o número de ideias constitui um problema na teoria das ideias.
  18. A teoria das formas comporta “formas de formas”, se for abusada, permitindo que algo seja, ao mesmo tempo, modelo e cópia.
  19. A origem do movimento não está clara na teoria das formas.
  20. Não é possível apreender algo sem o sentido certo.
  21. Todos dão sua contribuição à verdade, mesmo os que erram.
  22. Se algo é muito óbvio, é fácil deixar escapar à vista.
  23. As causas não podem ser revertidas indefinidamente.
  24. É necessário se expressar de forma clara se o que se quer é ser entendido.
  25. A matemática trata de coisas abstraídas da matéria.
  26. Para resolver as dificuldades, é necessário expô-las, analisá-las.
  27. A matemática não é qualitativa, mas quantitativa, preocupada com número e quantidade, não com bom e ruim.
  28. Conhecer um objeto é saber o que ele é.
  29. A essência de algo não é demonstrável empiricamente.
  30. Existem, sim, coisas eternas, pois tudo o que é contingente vem de algo que lhe é anterior, mas se não houvesse algo eterno (que sempre existiu) nada existiria.
  31. Impossível que a origem dos entes contingentes e dos entes eternos seja a mesma.
  32. A filosofia antiga parece implicar que a discórdia constrói na medida em que separa as coisas, dando-lhes forma particular, e a amizade destrói ao juntar tudo em uma coisa só, fazendo tudo abdicar de existência particular.
  33. Alguns filósofos parecem identificar um (unidade) e ser.
  34. Nem toda potência se efetiva, isto é, torna-se ato.
  35. A metafísica se ocupa do ser enquanto ser.
  36. O filósofo está incumbido de estudar tudo.
  37. A filosofia deve questionar os axiomas das outras ciências.
  38. A lógica é parte da filosofia.
  39. A aceitação sem provas é necessária ao discurso; não é possível chegar a conclusão nenhum sobre algo se você perguntar qual a prova daquilo e depois a prova de que a prova é válida, depois a prova da validade da prova ulterior e assim sucessivamente.
  40. Caso o enunciado seja deformado, o significado dos termos constados nele têm prioridade.
  41. Para Anaxágoras, tudo está misturado, não havendo existência particular.
  42. Todos fazem juízos irrestritos quanto ao útil e ao inútil.
  43. Loucos sempre são a minoria.
  44. Se os sentidos de alguém fossem diferentes, mesmo que para melhor, ele seria considerado uma anormalidade e muito provavelmente não seria levado a sério.
  45. Se tudo estivesse em constante mudança, nada se poderia afirmar com certeza; não pode haver ciência sem regularidade.
  46. Verdade é dizer que aquilo que é de fato é e que o que não é realmente não é.
  47. Mentira é dizer que o que é não é e que o que não é na verdade é.
  48. A causa final também põe as coisas em movimento.
  49. Uma coisa é “mais una” conforme se aproxima do critério “não pode ter seu sentido separado e não é divisível nem em tempo nem em espaço”.
  50. Potência é o contrário de ato: algo “em potência” é algo que ainda não aconteceu, mas pode acontecer.
  51. Impossível é qualquer afirmação falsa que é necessariamente falsa (isto é, que não poderia ser verdadeira de nenhum modo), como “círculo quadrado”.
  52. Bom é aquilo que é perfeito, excelente ou que alcançou seu fim.
  53. “Gênero” é uma classe de coisas (como “gênero humano”).
  54. Acidente é aquilo que ocorre junto com a essência, mas que não a modifica (se o céu está nublado ou claro, ele continua sendo céu).
  55. A física trata do ser enquanto este admite movimento, ao passo que a metafísica se ocupa do ser imóvel e separado (abstrato).
  56. A metafísica (filosofia primeira) é a parte da filosofia que se propõe a ser a mais elevada.
  57. Uma substância se produz do ato de outra.
  58. Essência (conceito) independe de órgão.
  59. A essência do animal é a alma (princípio de movimento, animal é aquilo que se move por si).
  60. Toda definição é definição do universal; acidentes não são levados em conta numa definição (a definição de “céu” independe do fato de o céu estar ou não nublado).
  61. A física é a “filosofia segunda”.
  62. Em “animal bípede”, animal é gênero e bípede é diferença (aquilo que diferencia aquele espécime dos outros do mesmo gênero).
  63. É preciso saber o que se busca antes de começar a buscar.
  64. “Calmaria” significa “tranquilidade do mar”: tranquilidade é ato, mar é substrato.
  65. “Animal” é “alma num corpo”.
  66. Não é possível gerar uma forma, mas é possível gerar um indivíduo, que é matéria e forma.
  67. Nem tudo tem quatro causas.
  68. Conhecer um objeto pode implicar conhecer seu contrário.
  69. A melhor forma de aprender é na prática.
  70. Física e matemática também estudam princípios das coisas que existem e, por isso, são partes da filosofia para Aristóteles.
  71. Nada vem do nada.
  72. A estabilidade é necessária ao conhecimento; não é possível conhecer algo que está em constante mudança.
  73. Não se pode dizer nem que tudo é verdade nem que tudo é mentira.
  74. Se as ciências são hierarquizadas segundo seus objetos, a teologia é a maior delas.
  75. O conhecimento do acidental não é científico.
  76. “Acaso” não é “efeito sem causa”, mas efeito inesperado de causa desconhecida.
  77. Tempo e movimento sempre existiram.
  78. A causa final move por atração.
  79. A missão de cada indivíduo se inicia em sua natureza.
  80. A teoria das ideias só teve início porque se constatava que as coisas sensíveis estão em mudança constante. Assim, se quiséssemos entender alguma coisa do mundo, só poderia ser aquilo que há de inteligível. Mas não foi Sócrates que inventou as ideias.
  81. Número e grandeza estão nas coisas.

21 de fevereiro de 2014

É isso que faz um jogo ser um jogo.

Li em algum lugar que existe um debate flamejante entre jogadores e desenvolvedores de video-games a respeito da possibilidade de jogos eletrônicos serem um tipo de arte. Como precisava de conta pra comentar, esperei ter tempo e disposição para colocar o que penso a respeito do assunto em português, neste diário. Não acredito que jogos eletrônicos sejam arte.

Antes que alguém fique nervoso, não sou nenhum cara de quarenta anos prestes a falar da juventude de hoje. Tenho vinte e um e jogo video-games desde a Terceira Geração (Nintendo Entertainment System). Meu console mais recente é da Sétima Geração (Nintendo Wii). Já joguei outras plataformas ao longo das gerações de jogos eletrônicos que parecem durar cada vez menos, então acho que estou em posição de dar meu julgamento sincero quanto a treta.

Video-games são feitos principalmente de dois elementos fundamentais que não podem, absolutamente, ser separados um do outro: gráficos (video) e diversão, proporcionada pela programação (game). Sem gráficos, temos um programa ordinário e, sem programação, temos uma animação ou imagem estática. Existem outros dois elementos opcionais que podem fazer um jogo ruim ser um jogo melhor: música e trama.

Arte é a técnica empregada com finalidades estéticas. Quando se visa a beleza e a suscitação de prazer estético num receptor qualquer, está se fazendo arte. Quando se visa alguma outra coisa, não se está, embora o produto possa suscitar prazer estético no indivíduo por acidente.

Será que um jogo pode ser considerado arte por causa dos gráficos? Não, porque os gráficos são, em si, uma arte; gráficos suscitam, independente do resto do jogo, o prazer estético visual. O artista digital, ao modelar uma figura em três dimensões usando programas, está visando fazer uma boa arte, capaz de suscitar num indivíduo uma sensação específica. Não raro, é o deleite visual. Jogos, hoje em dia, têm muito poderio gráfico, as imagens são belas, detalhadas, uma verdadeira obra de arte. Mas mesmo que gráficos sejam arte, gráficos não tornam o jogo uma arte em si. O jogo ainda pode ser considerado uma caixa contendo os gráficos que serão admirados em separado ou em interação uns com os outros. Prova é que os mesmos gráficos, abstraídos do jogo, ainda causam prazer naquele que vê.

Será que um jogo pode ser considerado arte por causa da programação? Também não. Porque o programador de video-games não visa estética. Não raro, o programador apenas faz o que o artista digital pede que ele faça, por exemplo, que certa linha de código chame um determinado efeito (desenvolvido pelo artista digital) quando certos elementos, como sprites, entram em interação. Nesse caso, o programador é relegado ao papel de assistente do game designer, do artista digital, do músico ou do roteirista, trabalhando tal como trabalha o contra-regra de um filme. O que não significa que a programação com finalidade estética não seja uma arte em si. Quando o programador tem em mãos ferramentas, mesmo que feitas por outra pessoa, e usa suas perícias para dar um significado artístico a tais ferramentas, temos programação artística, uma arte. Um exemplo seria a execução de código arbitrário em Pokémon Yellow. O programador não estava meramente seguindo os parâmetros estipulados por um outro artista, ele tinha um papel principal que era o de fazer algo novo com gráficos já existentes e trabalhou inteiramente por conta própria na resignificação de elementos que sempre estiveram ali. Tudo isso com a função de incitar prazer estético naquele que vê. O programador de jogos eletrônicos tende ao segundo plano, infelizmente, visto que seu trabalho é provavelmente o mais difícil, e tem como função simplesmente “colar” os outros três elementos enquanto mantém um olho na diversão. Ele não visa prazer estético, ele visa eficiência, eficácia. Talvez não seja um artista, mas é certamente um técnico. Mas se o trabalho fosse invertido, se o artista digital visasse apenas eficiência e eficácia, facilidade, e o programador estivesse à cargo de fazer algo belo com gráficos feitos sob essas condições, o programador seria o artista.

Alguém pode perguntar-se se a diversão faz do jogo uma arte. Ainda assim não faz: a diversão visa outro tipo de prazer que não é o prazer estético. É o prazer lúdico. A Monalisa não tem botões. A única interação que se tem entre obra de arte e pessoa é de ordem espiritual, enquanto que, no prazer lúdico, é de ordem material. No lúdico, temos a interação entre nós e os elementos do jogo visando principalmente a vitória. De acordo com um artigo no site do Game Maker, o “jogo” em que nada específico é exigido do jogador (e, portanto, que não tem a vitória como objetivo concreto) é um brinquedo e não um jogo. Isso põe no balaio do brinquedo qualquer jogo como GTA, The Sims e toda trupe de jogos de computador em que “você faz seu objetivo”. No caso da Monalisa, o prazer advém da contemplação enquanto que no lúdico tem-se a interação material. Não tem como você parar para contemplar algum aspecto estético do jogo se você está tentando perceber um modo de pegar o item que está fora do alcance do seu pulo, calculando a possibilidade chegar ao próximo save point tendo apenas duas balas na sua pistola e nenhum item de cura, ponderando uma possível fraqueza ou padrão nos ataques de um chefe ou pensando aonde vai a próxima peça de Tetris.

Será que um jogo pode ser considerado arte por causa da música? Nem assim. Novamente, a música é uma arte que subsiste por si. Se ela acompanha um jogo, não faz dele uma arte, embora seja uma parte integrante do jogo. Isso porque a música pode, por si só, suscitar prazer estético num indivíduo mesmo quando separada do jogo, afinal a música é uma arte muito mais velha que o Atari 2600. Embora a música, com os gráficos e a trama, ajude a imergir o jogador em seu jogo, a atmosfera não é exatamente uma arte também. Mesmo que fosse, seria principalmente composta de gráficos, música e trama que são artes subsistentes em si. A música então seria outro elemento dentro da caixa do jogo que, apesar de operar com jogo, pode muito bem brilhar sozinha, sem por isso tornar o jogo uma arte. Tanto que existem comunidades devotadas a extrair música de jogos eletrônicos para partilhá-lhas fora de seus contextos, sem que elas percam seu potencial de tocar o ouvinte.

Será que um jogo pode ser considerado arte por causa da trama? Não, sendo que trama é uma história e, portanto, literatura. As oitocentas páginas de texto extraído de MOTHER 3 para tradução são um verdadeiro livro aberto. A trama, com seus propósitos, personagens, desenrolamentos, locais, tempos e razões se enquadra no gênero literatura. Ela pode brilhar sozinha também, já que você pode aproveitar a trama de um jogo sem jogá-lo, simplesmente assistindo outro indivíduo a jogar.

O jogo eletrônico, assim, não é arte, embora programação, gráficos, música e trama por vezes o sejam. Isso porque a principal função de um jogo como um todo é divertir. O jogo que não se compromete com a diversão é um mau jogo. Você pode forçar um jogo a tornar-se arte realçando os seus elementos artísticos em detrimento da diversão, mas isso invariavelmente tornaria o jogo uma mera cópia do cinema, exceto que talvez teria uma ou duas QTAs. E estas são as razões que tenho para desqualificar um jogo (pelo menos um bom jogo) como uma obra de arte, embora seus elementos literários, visuais e acústicos certamente o sejam em separado e realcem o prazer lúdico do jogo ao mesmo tempo que provêem, separadamente e independentemente, prazer estético.

Isso não significa que jogos são entretenimento de segunda classe, negativo. Jogos são um veículo indispensável para refinar o gosto estético daqueles que jogam, que entram em contato com cenários assombrosos, tramas bem feitas e música tocante, embora o principal objetivo do jogo seja divertir quem joga. E é isso que faz o jogo ser um jogo, o foco no prazer lúdico. Um jogo é ruim na medida em que se afasta desse objetivo principal.

18 de novembro de 2012

Tudo corre bem deste lado da parede.

Filed under: Livros, Música, Passatempos, Saúde e bem-estar — Tags:, , , — Yure @ 00:29

Pois é, senhores. Estou com o braço enfaixado depois de ter removido, com as patas, um cisto que não sei onde peguei. Estava muito inchado mesmo, já havia alguns dias. Mas agora as coisas voltam ao seu lugar. Quando esvaziei o conteúdo, ficou um buraco tão profundo no que antes era um inchaço que o fã de Muse poderia achar que todo o álbum Black Holes and Revelations foi concebido para aquele momento. Acho que vi uma plataforma flutuante de metal e quatro entidades se enfrentando lá dentro.

Meu médico disse que eu tinha que tomar Bezetacil® para me livrar do cisto. Claro que não tomei; não iria conseguir me sentar por um mês com a dose indicada (três injeções). Eu tomei Bezetacil® no passado, na minha infância, duas vezes e não estou muito a fim de repetir o feito. Preferi a solução lenta e trabalhosa de drenar o bagulho até a última gota.

Chega de falar de coisas nojentas. Terminei de reler a Antologia Ilustrada de Filosofia e já tenho planos para lê-la novamente; é um livro maravilhoso, uma verdadeira farmácia para minha razão, doente dos professores pretensiosos e sensacionalistas. Falando nisso, meu tio, a quem devo muito, visitou a cidade recentemente para dar as boas novas aos familiares: seu livro, uma compilação de poemas que ele escreveu ao longo de sua vida, foi publicado e eu inclusive ganhei uma cópia grátis. Estou em posição de dizer que o estilo do meu tio é bastante singular e chega a ser complicado, mas pude ler a primeira de quatro partes em trinta minutos. Há poemas que gosto, há poemas que não gosto, mas é um bom livro, como todo o livro de poesia vindo do coração do escritor.

Porém, o revisionista devia estar dormindo ou talvez comprou sua licença de revisionista no Zimbábue; o livro tem erros ortográficos imperdoáveis. Minha mãe disse que é porque a editora é pernambucana (perdoe-a, leitor pernambucano, ela só estava tentando ser engraçada). Além do mais, poucos brasileiros conseguem ter uma ortografia “perfeita” e imagino que os erros cometidos tenham sido do meu tio, que passaram pelos olhos desatentos do revisionista. Não espero que uma pessoa comum domine a barroca ortografia portuguesa, mas uma pessoa que trabalha com ela e ganha a vida com ela devia ter um pouco mais de dedicação.

Enquanto a mim, minha arte tem passado por maus bocados, a qualidade dos meus desenhos caiu e vejo os desenhos que criei um ano atrás e fico pensando se meu estilo de fato evoluiu ou simplesmente “mudou”. Já dizia Bergson, evolução nem sempre é progresso. Nunca quis que meu estilo ficasse muito diferente do que era quatro anos atrás, mas queria melhorar sem dúvida e, ainda assim, manter minha marca registrada, meu estilo não copiável.

Minhas histórias continuam seguindo como rotineiro. Sempre respondo as perguntas no caderno (O quê? Quem? Como? Onde? Quando? Por quê?), elaboro o esboço baseado nas respostas (introdução, desenvolvimento, clímax, conclusão) e escrevo a história com isso.

Mas estou especialmente satisfeito com minha música. Parece que meu bloqueio se foi de vez e as notas fluem pelo mouse até o piano-roll sem problemas. Minha vida seria mais fácil se eu tivesse um Korg Nanokey, já que colocar as notas num teclado virtual usando um mouse é um obstáculo à espontaneidade.

Olho para cima vejo a parede que construí, que nem a parede do Pink. Está alta e é muito forte, sólida. Acho que minha luxúria está sob devido controle e minha mente não mais é perturbada pelos assaltos do meu coração. É uma medida mórbida de defesa, mas relacionamentos realmente não são possíveis agora e a urgência que eu sentia para entrar em um suspendia minha razão temporariamente, me levando a esquecer os riscos. Mas agora tudo parece bem.

Sim, tudo está bem.

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