Pedra, Papel e Tesoura

7 de abril de 2018

Eron.

Filed under: Notícias e política — Tags:, , , — Yure @ 22:06

Nesta semana, eu me meti numa briga feia no Holocaust21 com um cara chamado Eron. Sua indignação está justificada: eu cometi erros de definição (por exemplo, coloquei no mesmo balaio o movimento dos direitos do homem e o sexualismo masculino) e posei de completo idiota, admito. Mas um ponto em que Eron tocou me deixou um pouco perturbado: ele não acredita na democracia e me censurou por eu ter enviado meu texto sobre estupro de vulnerável para o congresso. Para ele, o caminho correto seria uma ditadura imposta por nós. Eu achei aquilo uma loucura. Mas os eventos ocorridos nos últimos dois dias no Brasil me fizeram reconsiderar.

Lula tem aprovação de quase metade do Brasil. Ele liderou várias pesquisas de intenção de voto, mesmo que sua candidatura fosse incerta, uma vez que ele respondia a processos que poderiam condená-lo em segunda instância, o que efetivamente ocorreu. As provas, ou melhor, o que foi apresentado como prova de seus crimes não me convenceu, mas um monte de políticos que cometeram crimes filmados e com áudio perfeito não sofreram nada, continuam intocáveis. O nosso presidente atual é o maior criminoso em nosso território. Então, não se pode falar que existe democracia no Brasil, pelo menos não no momento. O que existe é uma ditadura formada pela mídia, pelo executivo e pelo judiciário. Aliás, diga-se de passagem, três forças que por vezes brigam entre si. Numa situação dessas, em que uma minoria passa por cima de metade do quinto país em extensão territorial, não se pode mesmo falar de democracia. Pra que eu perdi meu tempo enviando aquele texto? Uma ditadura popular chega mesmo a ser uma possibilidade apetecível. Mas como o povo instaurará uma ditadura sua sem armas? Alguém escreveu que o estado deve se desarmar antes de desarmar a população. Eis a razão. Se tivéssemos armas e meios materiais de rebelião, o Brasil não seria a anarquia que é agora.

Isso também mostra que não há leis de verdade no Brasil. Existe a lei do mais forte e o mais forte é, muitas vezes, o mais rico. De que adianta, quando eu discuto atração por menores, eu dizer que “você deve permanecer dentro da lei” e não quebrar leis de idade de consentimento, quer você seja adulto ou menor com menos de catorze anos? De que adianta você ouvir que não deve roubar ou matar ou traficar drogas? Os nossos governantes são criminosos altamente bem sucedidos e impunes! E você ser inocente não implica que você não pode ser preso, não precisa ser ex-presidente pra ir pra cadeia por uma acusação não suficientemente provada. Não estou dizendo pra você quebrar as leis ou que eu vou quebrar as leis, mas encaremos os fatos: na atual situação, que importa se você é obediente à lei? É tudo tão óbvio, que eu lamento só considerar a situação seriamente depois de ocorrer uma catástrofe. A posição de Eron agora não parece lunática. A atual ditadura que estamos vivendo é muito efetiva e serve bem ao interesse de quem está no poder. Poderia ser nós ali. Imagine se fosse. Não precisa ser o exército, não precisa ser uma ditadura militar, mas que fosse nossa ditadura, uma ditadura popular.

No entanto, não acho isso viável. Como dito, seria necessária uma revolução pra isso e uma revolução pra amanhã não poderia ser feita sem armas. O melhor que podemos fazer é continuar falando a respeito e convencendo os outros, usando as mesmas armas usadas contra nós, se possível: doutrinação, propaganda, retórica, publicidade, não necessariamente a verdade. É uma sugestão cínica. Isso porque ainda somos uma nação capitalista e o que tem valor é o que traz lucro. Opiniões impopulares não são lucrativas, então é preciso que nosso ponto de vista se torne popular, logo, lucrativo o bastante. Em adição, é preciso que o ponto de vista deles se torne impopular e pouco lucrativo, além de performarmos outras disrupções econômicas que poderiam, inclusive, afetar negativamente a nós mesmos. Eu espero que a vida de quem apoiou o a saída da Dilma esteja melhor. Você se arrepende do que fez? Veja aonde nos levou sua busca pela justiça sem limites. Será que sua busca não foi sabotada por alguém?

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