“Ideias
para uma fenomenologia pura e para uma filosofia fenomenológica”
foi escrito por Edmund Husserl. Abaixo, o que aprendi lendo esse
texto.
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O conhecimento natural é experimental.
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Assim, o conhecimento natural se desenrola e é limitado pelo mundo,
que é o campo de atividade da experiência.
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No mundo, o ser efetivo e o ser real coincidem (no “ser no
mundo”).
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O conhecimento natural, se experimental, é sensível e presente:
não diz respeito a antecipações ou recordações, nem àquilo que
não sentimos em nós.
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É possível observar o que é vivido pelos outros, portanto, apenas
em sentido metafórico: não é que observamos o que eles sentem,
mas observamos como eles exteriorizam seus sentimentos, já que
podemos perceber suas ações.
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Se inferimos pelo comportamento de alguém o seu estado de espírito,
por exemplo, esse conhecimento não é “originariamente doador”
(você passa a se referir ao inferido, não ao presente perceptível
diretamente).
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O mundo como objeto de estudo é o conjunto de todos os fenômenos
passíveis de experiência e de conhecimento experimental, a partir
dos quais se pode teorizar.
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Esse mundo como objeto de estudo é do que se ocupam as ciências
naturais.
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Isso não quer dizer que as humanidades ou ciências humanas também
não possam se ocupar desse mundo.
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A ciência empírica estuda o fato.
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O fato é o aqui e o agora, não precisa coincidir com o universal.
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É pelo estudo dos fatos e de suas relações que podemos criar
“leis” que antecipam fenômenos.
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Isso porque fatos se repetem.
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Cada fato tem
predicados essenciais (primários) e secundários.
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O que há de comum em todos os sons é a essência do som, por
exemplo, enquanto que aquilo que pode ou não estar presente neste
ou naquele som é uma característica secundária (“acidental”).
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É através dessas características que categorizamos os fatos.
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A essência é, portanto, aquilo que, se tirado de um indivíduo,
faz tal indivíduo deixar de ser o que ele é, tornando-o outra
coisa: tire do conceito de som a presença do ar e ele não será
mais som, logo a presença do ar é essencial ao som.
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Ideação (visualização de essência) não é uma atividade
empírica.
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Essência pura não é concreta, mas guarda relação com o
concreto.
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O estudo empírico olha um lado da coisa de cada vez.
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Tem sempre algo no objeto de estudo que escapa ao teste que se faz
nele.
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Se algo
é lógico, isto é, se um conceito contém em si características
possíveis, ele é passível de estudo e talvez até o encontremos
no mundo real algum dia.
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O fato de algo estar visível não garante sua apreensão.
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Não é possível intuição pessoal sem ideação.
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É possível obter a essência de algo sem o fato concreto (aqui e
agora), trazendo a memória do fato à mente e raciocinando
(ideando) sobre ela, como um experimento mental.
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Então é possível raciocinar sobre o que não se experimentou.
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A enunciação
dos fatos requer fundamentação empírica.
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Raciocinar sobre essências requer a apreensão da essência.
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Quando se trabalha com geometria pura, não se pensa sobre aquele
cone, sobre aquele círculo ou aquele cubo, mas nas regras gerais
acerca do cone, círculo ou cubo, as quais cobrem cones, círculos e
cubos em geral.
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Generalidade eidética é como a geometria pura: é a generalidade
incondicionada a coisas particulares (como um axioma, mas não
exatamente um axioma).
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Uma generalidade eidética está implícita numa necessidade
eidética.
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Uma generalidade eidética pode ser aplicada a casos concretos (como
leis de fenômeno podem ser aplicadas aos fenômenos).
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A generalidade eidética não é exatamente como leis naturais,
porque leis naturais sempre pressupõem a existência de algo,
enquanto que a generalidade eidética não necessariamente supõe
que a matéria sobre a qual se raciocina exista.
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Se algo um fato particular é inferido das “leis da essência”,
tal fato é necessidade eidética.
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Cada essência tem um número de singularizações fáticas
possíveis (um conceito pode ou não ter correspondência com a
realidade de fato, às vezes em mais de uma forma), de forma que há
cooperação entre ciência dos fatos e ciência das essências.
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Exemplos de ciência das essências são a matemática pura, a
lógica pura, entre outras ciências abstratas cujos conceitos podem
ou não existir de fato (lembrando que fato é aqui e agora).
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A ciência da essência pode trabalhar sem objeto concreto, mas as
ciências de fato (as naturais) não podem prescindir de objeto
concreto.
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Assim, ciência de fato e ciência experimental são termos
equivalentes.
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A matemática moderna foi a primeira a ensinar e realizar ideal
prático de ciência eidética exata.
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Assim, pode-se dizer que a ciência empírica não contribui para a
ciência da essência, porquanto de fatos só decorrem fatos e a
ciência da essência, como conceitual, é indiferente aos fatos.
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Por outro lado, a ciência fática depende da essencial (eidética).
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Por exemplo: a lógica formal é eidética e não precisa de fatos
pra ser executada, mas não é possível fazer física sem lógica.
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Uma ciência que queira explicar todos os fatos particulares precisa
vir acompanhada de uma ciência eidética tão geral quanto
possível, a partir da qual se extraem os princípios que
permitiriam tal grau de explicação.
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Uma ciência eidética não se faz de uma vez: seu grau de abstração
começa pequeno e vai aumentando ao longo dos séculos, como
aconteceu na geometria.
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A subordinação do material ao formal pela ontologia formal é o
que dá a constituição comum a todas as “ontologias materiais”.
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Gênero e espécie são dois extremos de uma mesma escala, na qual a
espécie é o ente mais particular de um gênero extremamente geral.
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Algo dividido não é indivíduo.
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