- Confiantes em excesso por causa da bússola, alguns capitães desafiavam o mar descuidadosamente.
- Se falava muito dos perigos enfrentados durante uma navegação, mas pouco sobre os locais visitados.
- Viajar para outros lugares e conhecer os costumes alheios permite julgar seus próprios costumes com maior propriedade.
- A diferença entre serviço e servidão é apenas linguística.
- Não é feliz quem adota um trabalho que não condiz com o próprio caráter.
- Não adianta um conselheiro real se o rei não quer conselho. Assim nasceu Temer.
- Melhor administrar seu próprio reino com perfeição do que conquistar os reinos dos outros. Porém, Rousseau afirma que a conquista é necessária caso faltem recursos no estado.
- Não tem sentido aconselhar quem já se acha o tal. Será que foi por este livro que More foi condenado à morte?
- Havia, na época de More, uma tendência a não tentar dar um passo além da geração anterior, como se a geração anterior fosse um modelo de perfeição que deveria ser seguido, mas não superado.
- Que sentido tem em punir de morte aquele que rouba para não morrer? Se ele vai morrer de qualquer jeito, morrerá de barriga cheia, ao menos.
- Matar alguém por roubar só seria plausível numa sociedade em que todos têm condições de subsistência, porque assim ninguém teria que roubar por estar faminto, todos os roubos seriam por razão fútil.
- Quem é educado no luxo e na preguiça torna-se um empregado inútil.
- Lembro de um colega que costumava dizer que a população carcerária brasileira seria eficientemente reduzida alistando todos os presos nas Forças Armadas. Bom, para More, na pessoa de Rafael, o soldado e o ladrão não são tão diferentes. Enquanto que um fere o próximo a serviço do Estado, o outro faz o mesmo a serviço de seus próprios interesses.
- Quando os seus interesses chocam-se com os do Estado, o soldado pode virar ladrão e vice-versa. Então, talvez seja uma má ideia dar à população carcerária as armas do Estado…
- Luís XI manteve tropas de mercenários em seu exército. Maquiavel tinha razão.
- Um exército experiente não garante vitória.
- A criação abusiva de animais para propósitos comerciais já era um problema na época de More. Na pessoa de Rafael, ele narra como os criadores de carneiros devastavam tanto território quanto podiam para transformar o que pudessem em pastagem.
- Embora o problema fosse também ecológico, More vê nessa devastação consequências agrárias. Uma grande quantidade de terra fica nas mãos de poucos.
- Interessante como o preço da lã havia subido a ponto dos próprios tecelões não poderem comprá-la. Imagine você produzir mercadoria para seu patrão e depois sua mercadoria ser vendida a um preço que você mesmo não é capaz de pagar.
- A administração pobre da economia é uma das causas da bandidagem.
- Um problema ecológico pode também se afigurar econômico e agrário.
- Para evitar monopólio, deve-se controlar o mercado. Os ricos não podem comprar tudo o que querem.
- A má educação literalmente prepara para o crime. É preparar alguém para ser punido apenas.
- Que punição deve ser dada ao ladrão? Se, por um lado, não pode ser a morte, também não pode ser algo leve.
- O roubo não pode ser punido com a morte porque o dinheiro roubado não paga uma vida. É injusto tirar da pessoa algo inestimável quando ela roubou algo de valor finito.
- Se Deus disse pra não matar, não se deveria matar, ainda mais por razão tão fútil.
- Limitar os Dez Mandamentos é como dizer que a Lei divina só vale no limite permitido pela lei humana.
- A Lei Mosaica é pesada, mas previa uma pena de compensação pelo roubo, não a pena capital. Como é que na nova Lei, a do amor, um Deus sumamente justo iria permitir que o roubo fosse punido com a morte, quando não era antes, naquilo que Tomás chama de Lei do temor?
- Se damos a mesma punição ao roubo e ao assassinato, o latrocínio é um bônus. Porque, roubando alguém, eu posso eliminá-lo para evitar que o crime deixe testemunhas. Quero ver se me matarão duas vezes pelos dois crimes.
- A melhor punição, para More, na pessoa de Rafael, seria restituir o objeto roubado ou lhe dar o valor equivalente à pessoa ofendida. Depois, o ladrão seria escravizado. Isso é como o serviço comunitário, exceto que você pode bater nos condenados com chicote. Podem ser usados em obras públicas ou podem ser contratados pelos cidadãos para suas obras particulares.
- É difícil conspirar se os conspiradores não se reúnem. Especialmente se delatar compensa.
- De tanto jogar os dados, acaba saindo um sucesso decisivo. Ou olhos de cobra (falha crítica).
- Instruir um louco em sua loucura significa mostrar ao louco as causas e as consequências da loucura que comete. É dar para ele uma aula sobre a própria loucura.
- Os reis não acatam o conselho filosófico porque são criados em ambientes que favorecem a cabeça dura.
- Muitas vezes, o objetivo do governo é contra a sabedoria filosófica. Também por isso que Maquiavel diz que a política joga com suas próprias regras. O modo de agir filosófico é a ética e o modo de agir do governo é a política. Elas normalmente se opõem. Então, a filosofia pode, no máximo, procurar entender a política, sabendo que ele não pode praticá-la sem que o próprio filósofo se torne parte da política, porque só os políticos a fazem.
- Às vezes se é tão obcecado pelo poder que não é mais possível administrar todos os territórios conquistados.
- Uma discussão legal sempre pode ser torcida e tornada obscura.
- É o povo que escolhe seu rei e permite que ele permaneça rei. Nenhum povo permanece oprimido pra sempre.
- É possível justificar verbalmente (“prerrogativa”) coisas que não podem ser justificadas logicamente.
- O Estado tem um compromisso com a população. Se o Estado não honra esse compromisso, nem tampouco a população precisa honrar seu compromisso com o Estado.
- Deixar as pessoas miseráveis é armar contra si mesmo. Não tendo nada a perder, aí é que o povo pode querer se rebelar. Se o povo for bem cuidado e tiver direito à subsistência, propriedade privada e coisa e tal, o povo não irá querer se rebelar nem se houver motivo, para não perder o que tem.
- A filosofia tem hora, lugar e modo. Não adianta falar de filosofia com todo o mundo e ela deve ser apresentada de formas diferentes segundo o ouvinte.
- Nem por isso se deve deixar completamente de falar de filosofia só porque é estranho a… quase todo o mundo. Afinal, os costumes cristãos também são diferentes dos costumes mundanos e nem por isso os cristãos deixam de pregar seus costumes por aí.
- O dinheiro e a propriedade privada são a raiz da corrupção dos Estados.
- A propriedade privada gera as duas classes sociais que Marx chama de proletariado e classe dominante. More não usa esses termos, mas se refere a essas classes, sem dúvida.
- More advoga que todos viveriam na abundância se os bens fossem comuns, mas seria necessária abundância de bens para isso ser possível. Do contrário, todos seriam pobres.
- Parece contraditório que só se possa dividir os bens depois que a propriedade privada for abolida, mas essa contradição é aparente. Com o fim da propriedade privada, algo passa a pertencer a todos, passando de mão à mão conforme a necessidade.
- A propriedade privada é um mal crônico. Conviver com ela requer leis que minimizem os danos por ela causados.
- Possuir ciência não iguala possuir perfeição moral.
- Tecnologia e ciência não precisam crescer na mesma progressão.
- É notável como o governante da ilha é escolhido. Cada quarto da população escolhe um representante e um grupo de sábios deve escolher qual dentre os quatro representantes deve ser governante.
- Uma questão não é deliberada no senado no mesmo dia em que ela é trazida. Os que farão o debate terão que refletir sobre a questão individualmente antes de debaterem na reunião seguinte, para evitar que decisões sejam emitidas de uma vez.
- Todos deveriam saber agricultura.
- O que não impede ninguém de aprender outro ofício.
- As roupas poderiam ser feitas em casa. Deve-se priorizar o conforto, não o estilo.
- O filho pode, se quiser, aprender a profissão do pai, além da agricultura. Se ele quiser aprender outra profissão que não seja agricultura ou a profissão do pai, terá que ser adotado por outra família, na qual o ofício desejado seja praticado.
- Alguém pode aprender quantos ofícios se queira, mas só pode praticar um. Se o Estado tiver demanda por um tipo de profissão e você souber essa profissão, você terá que desempenhá-la, mesmo que queira fazer outra coisa que você saiba (como agricultura, que todos devem saber).
- Ninguém deve se matar de trabalhar.
- Se todos trabalhassem, cada um poderia dedicar apenas seis horas por dia ao trabalho e o Estado se manteria.
- Seis horas trabalhando, oito horas dormindo, quatro horas comendo, o tempo que sobra pode ser preenchido com qualquer atividade que se queira, desde que não seja prejudicial à comunidade.
- Se os víveres já estiverem sendo produzidos em quantidade suficiente, trabalhar mais seria desnecessário. Então, se decreta redução da jornada de trabalho.
- Os filhos e os netos devem obediência ao parente mais velho, não necessariamente ao pai. Então, se avô viver com os pais, é ao avô que o neto deve obedecer, não ao pai.
- Caso o mais velho não possa governar a família por ocasião de doença mental ou senilidade, o segundo mais velho assume, quer seja avô, mãe ou pai.
- O habitante da Utopia vê como necessária a guerra travada contra um povo que não está usando as terras que tem como devia.
- O mais velho da família a governa.
- Essa visão de fazer guerra contra os povos “ociosos” justifica a invasão europeia sobre o continente americano.
- O medo excessivo de passar necessidade é uma porta aberta para a ganância e para a avareza.
- A prática do abate de animais causa dessensibilização do ser humano. Então, a criação de animais para o consumo não é feita por cidadãos comuns.
- Hospitais lotados favorecem infecção hospitalar. Século dezesseis, pessoal.
- Hospitais de boa qualidade encorajam as pessoas a procurar ajuda por seus problemas. Se o hospital não for decente, a pessoa pode preferir a auto-medicação, medicina alternativa, feitiçaria ou simplesmente esperar que o mal desapareça. Mas todas essas coisas favorecem a contaminação dos que estão próximos, porque a doença não está sendo tratada como devia.
- As mulheres preparam a comida, os homens limpam.
- As leituras sobre moral, feitas durante as refeições, devem ser curtas para não causar tédio. Além do mais, se deixa mais espaço para a reflexão dessa forma.
- O viajante pode dormir nas casas que podem acolhê-lo. Em troca de uma manhã ou tarde de trabalho, ele ganha direito a uma refeição naquela casa. Assim, ele pode permanecer útil à sociedade apesar de estar viajando.
- O excesso de uma região vai para a região que está com carência.
- Não conte com a safra do ano seguinte; tenha excedente de emergência.
- Se for dado a um mercenário uma quantia exorbitante, ele não irá se vender a ninguém mais e talvez morra pela pátria. Maquiavel tem suas dúvidas.
- Compre a traição dos soldados inimigos.
- O ferro serve pra muita coisa, mas pra quê serve ouro e prata? Só pra fazer moedas. A prata e o ouro não têm em si mesmos todo o valor que pensamos que têm, sendo esse valor atribuído por nós. Todas as coisas realmente úteis e saudáveis estão disponíveis em todo o lugar, mas a natureza esconde o supérfluo.
- Um bom jeito de diminuir o valor atribuído ao ouro e à prata é os ligando à ideias ruins. Em Utopia, o ouro e a prata são utilizados para coisas simples e nada luxuosas, como privadas e correntes para os encarcerados.
- Os diamantes, as pérolas e as pedras preciosas em geral são dadas às crianças como brinquedos, desenvolvendo um estereótipo de que são coisas infantis. Assim, a criança deixa de valorizar essas coisas conforme vai crescendo, da mesma forma que deixa de valorizar brinquedos, bonecas e bolas.
- Pessoas que vivem modestamente não necessariamente o fazem por necessidade. Podem muito bem desdenhar do luxo.
- As roupas não mudam a natureza da pessoa. Um bode bem vestido ainda é um bode.
- Não precisamos nutrir nenhum compromisso com os homens ricos. Faria mais sentido se a riqueza fosse medida pela quantidade de objetos úteis e não pela quantidade de moedas, que não salvam ninguém em um lugar onde não haja comércio.
- Diferentes pessoas podem chegar às mesmas conclusões: talvez outra pessoa que nunca ouviu falar de Platão tenha chegado às mesmas teorias que ele tinha. Platão apenas foi o mais famoso divulgador desse pensamento, mas nada garante que foi o único.
- A filosofia moral de Utopia é voltada principalmente para a felicidade humana.
- Os habitantes de Utopia tendem ao epicurismo. Também para os habitantes, a razão leva as pessoas a aceitar o que diz a fé.
- Existem perguntas que são comuns aos filósofos célebres apesar do tempo em que viveram.
- Não basta ser feliz; é preciso ensinar os outros a sê-lo.
- Prova de que todos os seres humanos são fundamentalmente iguais é o fato de que a natureza dispensa o mesmo tratamento a todos os humanos.
- O ser humano pode fazer o que desejar para obter a felicidade (desejo privado), desde que isso não fira a lei vigente (desejo público).
- Se sacrificar pelo próximo também é um desejo que a pessoa tem. Esse altruísmo também visa o prazer próprio.
- Prazer pleno é tudo aquilo que causa bem-estar sem trazer um mal futuro para si próprio ou para os outros.
- Não é estranho que caviar seja tido em tão alta conta sendo que nem é tão gostoso assim?
- Como as pedras preciosas não têm valor em si mesmas, são vendidas a diferentes preços dependendo do lugar.
- Por que uma falsificação é tão indigna se muitas vezes não podemos dizer a diferença entre original e cópia?
- Tem coisa mais besta do que acumular dinheiro somente para admirá-lo, sem gastá-lo? Bom, existe gente assim.
- O dinheiro às vezes é tão difícil de manter que queremos escondê-lo, mesmo quando nunca mais o veremos, somente para não sentir a dor de perdê-lo.
- A caça esportiva é doentia.
- Os desejos naturais são limitados, mas os desejos artificiais podem ser infinitos.
- A saúde é a mãe de todos os prazeres.
- É melhor prevenir do que remediar.
- O prazer puro é o que tem menos mescla de sofrimento.
- Os prazeres que nos mantém vivos são fáceis de saciar.
- Procurar a fama de “virtuoso” é até vago, mesmo com o pretexto de estar se preparando para enfrentar uma tentação. Às vezes essa tentação nem vem.
- A medicina ainda é admirável mesmo em locais onde ela não é necessária: nunca se sabe quando se vai precisar dela. Além do mais, mesmo que ninguém ficasse doente, ainda precisaríamos dos médicos pra falar de qualidade de vida (palavras do meu amado pai).
- Se não fosse pro ser humano conhecer as coisas, Deus não lho teria dotado da faculdade de pensar. Os segredos da natureza existem para nos divertirmos na leitura do livro natural, também obra divina.
- As ciências naturais são um ato de piedade, a justa apreciação da obra divina.
- A imprensa renascentista tinha o mesmo valor que o computador tem hoje.
- O que comete crimes sem necessidade, depois de ter sido perfeitamente educado, é mais digno de punição.
- É dado o direito de eutanásia para o habitante de Utopia, caso ele seja doente incurável e caso sua doença torne sua vida insuportável.
- A idade mínima para o casamento em Utopia é dezoito para mulheres e vinte e dois para os homens.
- Fornicação é crime.
- Se a fornicação fosse livre, ninguém iria querer se casar.
- Às vezes se tem mais cuidado com a escolha de um cavalo do que de um cônjuge.
- Os pretendentes devem ver a nudez um do outro antes de se casarem, para que não se desgostem com o corpo do outro após casados. Esse exame permite que o homem e a mulher vejam se realmente gostam da aparência um do outro.
- A beleza do corpo não é tudo, mas é muita coisa ainda assim.
- O divórcio não pode ser fácil, para que o próprio casamento não perca a razão.
- O adultério recorrente recebe pena capital.
- Cada crime é um caso único. Não há crime (além do adultério) com penalidade fixa. Cada crime é julgado segundo a ocasião, segundo as condições e razões.
- O Estado não pune os filhos nem as esposas, cabendo aos pais e ao marido a punição pelos crimes cometidos na família. O Estado só pune filhos e esposas se o delito cometido por filhos ou esposas atenta contra os bens públicos.
- A escravidão é preferível à pena de morte quando possível.
- O escravo rebelde é morto sem julgamento.
- A tentativa de cometer um crime é punida como se o crime tivesse sido completado.
- O crime é punível, a boa ação deveria ser recompensada.
- É difícil cumprir tantas leis, especialmente quando são difíceis de entender.
- Se as leis fossem poucas e fáceis, não haveria necessidade de advogados.
- A interpretação mais óbvia de um texto deve ser considerada a mais justa.
- Aquilo que a natureza não une não pode ser unido por um acordo humano. Então, em vez de firmar tratados, é melhor ter alianças condicionadas pela utilidade. Maquiavel provavelmente pensava da mesma forma, mas com palavras diferentes, dizendo que o tratado pode ser violado quando a necessidade dele deixa de existir.
- Promessas humanas não são dignas de confiança.
- Se os reis quebram as promessas, quanto mais a população que os tem por exemplo.
- Num tratado, existe sempre o direito de punir o que o quebra. Então, se faz um tratado já pensando em como bater se o outro quebrá-lo e como me defender se eu quebrá-lo.
- Não favorecem, então, a amizade.
- A vitória em batalha não é razão de vanglória.
- Para More, um país pode se meter numa guerra que não lhe pertence se julgar que a causa de um dos lados é correta.
- Todos os cidadãos devem estar prontos para se tornarem soldados em caso de guerra. Devem ser todos treinados. Claro que isso é ideal; os gastos com tal empresa seriam muito altos.
- Derrotar os oponentes pela astúcia, não pela morte.
- Estratégia: tornar a população contra o Estado.
- O povo comum não vai à guerra de boa vontade, mas à força. Então, se tiverem que participar da guerra, que seja como defensores, não como atacantes.
- As mulheres participam do esforço bélico.
- É interessante que toda a família vá à guerra.
- Se a família do soldado tiver seu sustento garantido, o soldado tem uma preocupação a menos para lhe distrair na linha de frente.
- Se for bater em retirada, não deixe isso transparecer como tal. Se não for bater em retirada, faça parecer que vai.
- As armas originais não podem ser vistas pelo inimigo antes de seu uso.
- Ao conquistar o inimigo, não destrua seus recursos. Faça uso deles, em vez disso.
- O inimigo conquistado deve pagar os custos de guerra.
- As tropas estrangeiras não podem entrar em seu território, mesmo as aliadas.
- Ninguém pode ser agredido, mesmo verbalmente, por causa da religião.
- A dissenção religiosa favorece a conquista do território por um inimigo.
- É permitido tentar converter alguém pela razão, mostrando os pontos fracos da religião do outros e os pontos fortes da sua. Argumentar. Mas, se o outro não se convencer da pregação, fica por isso mesmo. Ele não deve ser convertido à força.
- A religião verdadeira é apontada pela razão.
- Em Utopia, é proibido deixar de acreditar na imortalidade da alma ou na Providência. Que bom que esse lugar não existe, não queria que minha mãe fosse pregar lá.
- Para More, quem não crê que a alma é imortal necessariamente se volta contra o Estado. Afinal, se a alma não sobrevive a morte e não há ressurreição, nada do que eu faço será divinamente punido e tudo me seria permitido. Só que não é bem assim. Deixar de crer na imortalidade da alma não anula a crença no Juízo Final, como mostram as testemunhas de Jeová, que são bastante tementes ao Estado. Só significa que o Juízo Final será depois da ressurreição.
- A fé não é totalmente uma escolha.
- Quem tem uma religião mais austera, que exige coisas como celibato ou abstinência de carne, não deve ser ridicularizada; ninguém escolheria tal caminho se não visse nele algum valor. Com o tanto que a religião não traga males aos que não praticam dela, não parece digna de repreensão, no dizer de More.
- Os sacerdotes são professores de primário.
- Em Utopia, as mulheres só podem entrar no sacerdócio se forem velhas e viúvas.
- A tolerância religiosa em Utopia vai à grandes extremos: as cerimônias públicas devem ensinar apenas aquilo que é comum à todas as religiões locais, de forma que todos possam atendê-las, com os rituais específicos sendo praticados em casa.
- É mais fácil orar quando há um “clima” para isso, como velas, liturgia e tal. Tomás dirá a mesma coisa. Mas nem More e nem Tomás dizem que Deus olhará para essas coisas ao ouvir a prece, porque Deus é espírito. Elas servem para ajudar o fiel a se concentrar.
- Se houver um culto que melhor agrade a Deus, os habitantes de Utopia suplicam a Deus que lhes mostre, porque o sensato quer se converter ao melhor culto.
- Como é que, em nossa sociedade, quem mais ganha são os que menos trabalham?
- Os que menos ganham são aqueles cujo trabalho é mais necessário.
- Como terá velhice próspera aquele que não consegue juntar o bastante enquanto ainda é jovem? Muitos adultos em pleno vigor trabalham muito e ganham pouco, temendo a possibilidade de uma velhice miserável.
- É ainda pior quando os impostos tiram mais do pouco que temos.
- Para More, se o dinheiro fosse abolido, vários males seriam eliminados. A pobreza, ironicamente, seria somente um deles.
- Se não fossem as leis, que legitimam tudo o que o Estado faz, ficaria patente que o Estado é um grande ladrão.
- “Orgulho” é a tendência de medir sua própria importância não por aquilo que se tem, mas por aquilo os outros não têm.
- O orgulho quer passar por cima dos outros. Se a pessoa é rica, mas não atormenta os pobres para se sentir importante, não é orgulhosa.