Pedra, Papel e Tesoura

23 de setembro de 2020

Some advice from Augustine, part 4.

Filed under: Livros, Saúde e bem-estar — Tags:, , — Yure @ 11:09

This time, I decided to read the short The Care Due to the Dead. I already knew more or less the content of this treaty, considering what Augustine says about Monica in the Confessions. According to Agostinho, in the Confessions, Monica did not care about the place where she would be buried, since no place was far from God. So I thought that Care for the Dead would go in the same direction, that burial was of no importance. I was almost completely right.

If what matters to the subject who dies are his actions in life, it follows that burial and funeral honors are more a consolation for the living (in the form of a memorial, for example) than an aid to the deceased in the afterlife.

It is not that burial has no value. It’s just that it has no value for those who are dead. The dead guy doesn’t know anything about what happens to the living. So he doesn’t benefit from a good burial. Considering that many righteous people were cremated or crushed or dismembered, it is difficult to say that burial is necessary. If so, what happens to those who cannot be buried because of the nature of the death they suffered? So, what is burial for? It’s a way for the living to show respect to the person who died and maintain their memory alive. If so, burial is a benefit to the living more than it is to the dead. In fact, depending on the person who dies, the burial may not even be a respectful tribute. If I die, I want my organs to be donated. In short, the grave is of no importance to those who die, being, in fact, a way for the living to maintain the memory of the deceased or to show respect for the person who departed.

Neither the good man loses anything by not having his body buried, nor the bad man gains anything by receiving burial. If prayers for the dead are useful, that utility should be limited only to those who died with a positive balance.

From what has been said previously, it appears that burial does not help the soul of the deceased wherever it is. A doomed guy who dies is still doomed after death. And the worst thing is that his time to redeem himself is over, since what counts are the actions in life. An absolutely bad person will not win a paradise because he was buried near a martyr. Nor does the good person lose anything in the afterlife because he was not buried. It is the actions in life that matter, not the party thrown at the funeral in honor to a dead body. The same goes for funeral prayers. If the actions in life are what matters, the prayers made by the living in honor of the dead are only useful for those who die in divine favor. That, of course, if such prayer has any use.

When we see a living person in our dreams, there is no reason to believe that it is the actual person who is manifesting to us in dreams, which means that there is no reason to believe that it is the actual person who is manifesting to us when we see in a dream a person who has died.

I would like to see what Rivas has to say about this, as he is into the study of past lives and immortality of the self. For Augustine, when we see a living person in dreams, we don’t think that the person is astrally projecting into our dreams, especially because the person we saw in the dream can confirm that he was just sleeping at the time the dream occurred and ensure that he did not “project” anything at all. Unless… So why are there people who believe they speak to the dead when a dead person “manifests” in dreams? Whatever the significance of the phenomenon, it is wrong to think that the person is really manifesting in dreams just because we cannot ask the corpse if it was really him, once we are awake, like we can ask a living person we saw in our dream.

Alguns conselhos de Agostinho, parte 4.

Filed under: Livros, Passatempos — Tags:, , — Yure @ 10:54

Desta vez, resolvi ler o curtinho O Cuidado Devido aos Mortos. Eu já sabia mais ou menos o teor deste tratado, considerando o Agostinho diz sobre Mônica nas Confissões. Segundo Agostinho, nas Confissões, Mônica não se importava com o local onde seria sepultada, já que nenhum lugar era distante pra Deus. Então, imaginei que o O Cuidado Devido aos Mortos iria na mesma direção, a de que o sepultamento não tinha importância nenhuma. Eu estava quase completamente certo.

Se o que importa pro sujeito que morre são suas ações em vida, segue-se que o sepultamento e as honras fúnebres são mais um consolo pros vivos (na forma de memorial, por exemplo) do que uma ajuda pro defunto no pós-vida.

Não é que o sepultamento não tenha nenhum valor. É só que ele não tem valor pra quem está morto. O sujeito morto não sabe de nada do que ocorre com os vivos. Então ele não se beneficia de um bom sepultamento. Considerando que muitos justos foram cremados ou esmagados ou despedaçados, fica difícil sustentar que o sepultamento é necessário. Se for, o que acontece com aqueles que não podem ser sepultados por causa da natureza da morte sofrida? Então, pra que serve o sepultamento? É mais uma forma de os vivos mostrarem respeito à pessoa que morreu e manterem sua memória. Se assim é, o sepultamento é um benefício prestado aos vivos mais do que é aos mortos. Aliás, dependendo da pessoa que morre, o sepultamento pode não ser uma homenagem respeitosa até. Eu, pelo menos, se eu morrer, quero que meus órgãos sejam doados. Em suma, a sepultura é de zero importância pra quem morre, sendo, na verdade, um meio de os vivos manterem a memória do defunto ou de mostrar respeito pela pessoa que se vai.

Nem o bom homem perde alguma coisa ao não ter seu corpo sepultado, nem o mau homem ganha alguma coisa ao receber sepultamento. Caso as orações pelos mortos tenham utilidade, tal utilidade deve se limitar somente aos que morreram com saldo positivo.

Do que foi dito anteriormente se depreende que o sepultamento não ajuda a alma do defunto onde quer que ela esteja. Um condenado que morre ainda é um condenado depois da morte. E o pior é que acabou seu tempo de se redimir, já que o que contam são as ações em vida. Uma pessoa absolutamente má não irá ganhar o paraíso porque foi sepultada perto de um mártir. Tampouco a pessoa boa perde alguma coisa no pós-vida porque não foi sepultada. São as ações em vida que importam, não a pompa com que o corpo é enterrado depois que já não pode mais se redimir pelo que fez. O mesmo vale para as orações fúnebres. Se o que vale são as ações em vida, as orações feitas pelos vivos em honra aos mortos só têm utilidade pra quem morre no favor divino, se é que têm alguma utilidade.

Quando sonhamos com uma pessoa viva, não há razão pra crermos que é a pessoa de fato que está se manifestando a nós em sonhos, o que significa que não há razão pra crermos que é a pessoa de fato que está se manifestando a nós quando vemos em sonho uma pessoa que já morreu.

Eu queria ver o que o Rivas tem a dizer sobre isto, já que ele é ligado nessas coisas de vidas passadas e imortalidade do eu. Pra Agostinho, quando sonhamos com uma pessoa viva, não pensamos que a pessoa tá se projetando astralmente em nossos sonhos, especialmente porque a pessoa com quem sonhamos pode confirmar que estava apenas dormindo na hora em que o sonho ocorreu e garanta que não se “projetou” coisa nenhuma. Então, porque existem pessoas que acreditam falar com os mortos quando uma pessoa morta “se manifesta” em sonhos? Qualquer que seja o significado do fenômeno, é errado pensar que a pessoa está realmente se manifestando em sonhos apenas porque não podemos confirmar com a pessoa se foi mesmo ela depois que acordamos, como podemos fazer com os vivos com os quais sonhamos.

%d blogueiros gostam disto: