- O livro foi escrito pra responder uma pergunta de época: por que não somos iguais perante a sociedade? A desigualdade é natural?
- Para Rousseau, no estado de natureza, todos são iguais. A desigualdade só existe na sociedade.
- O amor à pátria é mais o amor à terra do que às pessoas.
- O interesse do povo e o do governante deveriam ser o mesmo. Mas isso só é possível se povo e governante fossem a mesma pessoa. Por causa disso, o governo democrático acaba sendo o melhor que temos, pois a vontade geral é supostamente o soberano.
- O ideal seria que as leis fossem feitas no próprio estado e submetessem todos, de forma que ninguém poderia estar acima da lei ao mesmo tempo que o estado não precisaria reconhecer leis feitas fora dele.
- A liberdade é como um vinho forte: só toma quem aguenta.
- O poder legislativo, idealmente, deveria ser o próprio povo. Se isso não possível, é melhor que ele seja relacionado ao povo de alguma forma.
- A posse de armas não necessariamente ameaça a paz e muitas vezes a garante.
- Na deliberação legislativa, os magistrados e os chefes de estado não deveriam ser excluídos. Também são povo, de certa forma.
- Mudar leis com frequência faz o povo a não levar as leis a sério.
- O estado é feito de pessoas. A manutenção do estado começa pela manutenção pessoal. Não se deve crédito a doutores em filosofia que atacam o estado como uma ideia abstraída dos elementos que o compõem, a ponto de não saber de quem é a culpa por nossa política não funcionar.
- Na falta de leis, não há liberdade. Lembrando que Rousseau faz distinção entre liberdade natural e liberdade civil. Aqui, ele fala da civil.
- Quem diz que a política vai mal quando vai bem (ou muito mal quando não vai tão mal) é como um cachorro que deveria latir só à noite, quando vê os ladrões, mas late o tempo todo sem necessidade.
- A educação tem que ser completa. É preciso trabalhar e pensar.
- A sorte das mulheres, diz Rousseau, é governar os homens. Cara, que vontade de nunca mais sair do meu quarto.
- O estudo mais importante é o do próprio ser humano, mas esse estudo é o que menos avança, diz Rousseau. O comportamento, as emoções e os desejos humanos, será que existe ciência que lida com esse objeto suficientemente bem? Faz pouco tempo que se sistematizou um estudo sobre isso: a psicologia.
- O passar do tempo e a vida em sociedade levam o ser humano a não mais reconhecer seu estado natural. Você olha para um nativo e se espanta.
- Será que é possível conhecer o ser humano através do estudo sistemático?
- O primeiro passo para o estabelecimento da desigualdade foi a rejeição de alguns ao estado de natureza, enquanto outros preferiram mantê-lo.
- O que é natural ao ser humano e o que é artificial?
- A sociedade é sustentada por princípios duvidosos, tais como “lei natural”. Só uma pequeníssima porção da humanidade entende o que esse termo quer dizer e é capaz de apontar que lei é natural e qual não é. O fato de os pensadores estarem em contradição entre si sobre o assunto da lei natural mostra que esse é um objeto obscuro.
- Existem dois sentimentos que nos guiam naturalmente no trato com os outros, segundo Rousseau: o amor próprio e a empatia. Então, a procura pelo direito natural deve começar desses dois princípios.
- A razão pode, diz Rousseau, apagar esse sentimentos. Mas como são necessários, ela acaba tendo que restabelecê-los se chegar ao extremo de eliminá-los. Se a razão elimina algo natural ao ser humano, ela não pode reestabelecê-lo naturalmente, precisando de meios artificiais para recuperar o que lhe foi dado naturalmente.
- Os livros de ciência nos ensinam sobre o homem como foi feito, não como ele se modifica ao longo de sua ação na Terra, em um sentido ético e político.
- O amor próprio tem preferência à empatia, no estado de natureza.
- Rousseau defende que o ser humano tem deveres a cumprir com os animais. Assim, podemos considerar Rousseau como um precursor do movimento que hoje luta pelos direitos dos animais. Lembrando que ele defende a dieta vegetariana no Emílio.
- Nós não fazemos mal ao outro porque ele é racional, e sim porque ele sente dor. Se os animais sentem dor, merecem empatia. Então, diz Rousseau, não se deve infligir a um animal sofrimento “inútil”. Levando em consideração que hoje as camadas mais elevadas podem ter alimentação variada, pelo menos os que têm renda decente deveriam abrir mão do consumo de carne.
- A desigualdade trabalha contra o princípio de empatia. Poderosos oprimem fracos, ricos oprimem pobres.
- Existem dois tipos de desigualdade: a natural e a social. A desigualdade natural é aquela que se apresenta na idade, no gênero, na altura, no peso, nas capacidades mentais, a desigualdade que aparece naturalmente, sem a necessidade da interação com outros (se todos vivessem isolados, ainda assim haveria pessoas altas e pessoas baixas, mesmo que se não percebesse).
- A desigualdade social consiste no aumento dos privilégios sociais às custas dos outros. É a opressão, por exemplo, ou o tratamento diferenciado dado pelo governo, ou escolas de tempo integral que inviabilizam a educação para quem trabalha e estuda… É esse abismo entre as camadas sociais. Uns só mandam, outros só obedecem.
- Não há relação necessária entre desigualdade natural e social. A mulher é naturalmente mais fraca, mas isso não quer dizer que, no âmbito social, essa fraqueza lha impeça de ter direitos iguais ou equivalentes aos dos homens. Pessoas ditas “especiais” não deveriam ser excluídas da educação, mesmo que tivessem que ser educadas em outros lugares. Crianças, mesmo sem ser responsáveis por seus atos, deveriam ser sujeitos de direitos. Alunos pobres não deveriam ficar sem aula de sociologia ou filosofia.
- A prova de que os naturalmente fortes são socialmente beneficiados é de que os fortes são pedreiros que recebem pouco e vivem mal, enquanto que os fracos são políticos que só trabalham quando querem e recebem muito. E não necessariamente são mais inteligentes, como o George Bush. Então, existem pessoas naturalmente desprovidas de força ou com inteligência medíocre que sobem na escala social. Isso mostra que a desigualdade natural não é uma base necessária à desigualdade social.
- O estado de natureza provavelmente nunca existiu. Contraste com os Tratados.
- O ser humano não tem a força nem a agilidade dos outros animais, mas ele se vira sem elas.
- Essa força e essa agilidade não fazem falta. O ser humano subsistiria na natureza sem essas coisas.
- Uma sociedade mal constituída mata os filhos antes de nascerem; já estão programados pra viver mal.
- Em Esparta, os fortes ficavam mais fortes e os fracos morriam. Isso era lei.
- As ferramentas amolecem o corpo. Se não tivéssemos carro, teríamos pernas mais fortes. Claro que existem ferramentas que nos suprem de habilidades que não temos naturalmente, como o computador. Mas a maioria das ferramentas serve para facilitar tarefas que podemos realizar sem elas. O abuso dessas ferramentas empobrece o corpo. Como elas são necessárias hoje e não se pode passar sem elas, a educação física acaba se tornando tão necessária quanto.
- Um selvagem robusto, munido de um pedaço de pau e algumas pedras, pode enfrentar uma besta como o tigre de igual pra igual. Se o ser humano incivilizado, isto é, que não adere aos padrões de sociabilidade europeus, é o mais fraco dos animais, então os índios reclusos não deveriam mais existir. O ser humano em estado de natureza não é tão fraco como se pensa só porque não tem garras ou presas.
- Espécies mais fracas subsistem. Se um animal mais forte sempre mata o mais fraco, a extinção de espécies ocorreria mais rapidamente.
- O combate entre espécies nem sempre acontece. Com esperteza e agilidade, o ser humano pode evitar o combate.
- O ser humano não tem predadores naturais. Um animal não atacaria sem razão um ser humano.
- É mais fácil morrer de doença do que ataque de animal selvagem.
- É mais fácil adoecer na cidade do que na floresta.
- A infância humana é bem longa. Mas o seu tempo total de vida, comparado ao de outros animais, também é bem longo. Então compensa.
- Se o velho tiver uma vida mais saudável, nem sentirá que está velho.
- Destruímos nosso corpo de bom grado em nome do prazer.
- Estudar a história das doenças deveria começar pelo estudo da civilização. Com efeito, pessoas civilizadas adoecem mais.
- O uso irresponsável de remédios pode causar doenças até então desconhecidas.
- Animais selvagens adoecem menos que humanos.
- Quem inventou as roupas, inventou algo desnecessário: ele podia viver sem roupas até o instante em que as inventou. Só é necessário aquilo que nos mata se for ausente.
- Há mais diferença entre dois homens do que um animal e um homem. Isso porque partilhamos de funções biológicas comuns aos animais. Mas naquilo que divergimos dos animais tendemos também a diferir entre nós mesmos.
- Os animais têm ideias, pois têm sentidos.
- O ser humano, tanto como indivíduo como quanto espécie, muda de comportamento mais rápido que os outros animais.
- Nós nos tornamos mais perfeitos por causa dos problemas. Se nossa vida fosse perfeita, não iríamos procurar melhorar.
- Se o ser humano estivesse em estado de natureza nem pensaria na morte. No máximo pensaria na dor, mas não na morte.
- O progresso é obra das paixões. Nossas emoções e sentimentos nos impulsionam a lidar com uma necessidade. Afinal, existem necessidades que não temos vontade de satisfazer, mesmo quando reconhecemos que é necessário fazê-lo.
- As nossas operações mentais devem muito à linguagem. Quanto mais sofisticada ela é, mais longe nossas ideias alcançam. Tente pensar sem palavras ou símbolos.
- Por que a linguagem foi inventada? Rousseau parece ignorar que o ser humano é social por natureza. De seu ponto de vista, o homem natural basta a si mesmo, então não teria necessidade de se comunicar, logo não precisava da linguagem. Mas se o ser humano nunca precisou da linguagem, por que ela apareceu? Supondo que o ser humano pudesse sobreviver sozinho, precisaria do outro pelo menos para se sentir bem na prática do amor ou do sexo. Então, há necessidade de comunicação. Além de que é mais fácil sobreviver às bestas em grupo. Para Rousseau, é melhor que o ser humano não se corrompa na sociedade e cita vários benefícios da solidão no Emílio.
- A linguagem é invenção familiar. Mas não deveria ser muito avançada nem assim, entre os naturais, porque Rousseau supõe que a existência da família não necessariamente garante sua união. O pai poderia deixar a mãe pra ter outra esposa e o filho poderia abandonar a mãe quando tivesse idade. E realmente, não é verdade que todas as famílias são unidas, infelizmente.
- Rousseau diz que a linguagem é obra mais dos filhos do que dos pais, porque os filhos precisam comunicar necessidades que seus pais não têm. Mas ele adiciona que isso não explica como se formam os idiomas, uma vez que o natural que Rousseau supõe é nômade. Mas explica, sim. Como as famílias criam pequenos idiomas próprios, é mais fácil ao filho satisfazer suas necessidades sempre com a mesma pessoa, a qual seria talvez a única que o entende. Assim, as famílias que conviverem acabarão partilhando palavras por necessidade também, havendo essa exportação e importação de palavras. A razão de uma família se relacionar com a outra pode ser a facilidade de sobrevivência; embora Rousseau diga que o ser humano não tem necessidade dos outros pra sobreviver, é mais fácil que humanos sobrevivam juntos. Por causa disso, as palavras são trocadas entre as famílias. O nomadismo poderia ocorrer, então, mesmo que em grandes caravanas de faladores do mesmo idioma.
- A primeira palavra foi o grito.
- Na falta de palavras, há o gesto. As primeiros idiomas deviam ser muito gesticulares.
- Numa situação em que as palavras são poucas, cada palavra tem o significado de uma frase inteira. É como dizer “cuidado” esperando que se entenda “cuidado com o objeto que cai.”
- Os adjetivos foram talvez muito difíceis de bolar. “Homem gordo“, num idioma em que as palavras se referem apenas a coisas concretas, é uma expressão difícil de formar, porque não se vê o “gordo” por aí, só homens. Adjetivos são abstratos. São palavras que se referem à qualidades que podem ser consideradas separadas do substantivo.
- Tal como eram difíceis abstrações, generalizações talvez fossem também estranhas. Cada particular tinha um nome. Não se chamavam as árvores de “árvores”, mas esta árvore de “A”, essa árvore de “B”, aquela árvore de “C”…
- Rousseau ama fugir do assunto em maior ou menor grau.
- Não é possível pensar uma essência sem seus acidentes. Se você pensar numa árvore “pura” ainda precisará pensar em sua cor, altura e tipo de folhagem. Se você realmente se esforçar e tentar pensar somente naquilo que as árvores têm em comum, a imagem formada não parecerá uma árvore.
- A vida do primitivo precisava de pouco trabalho. Por causa disso, seu desenvolvimento filosófico e científico era lento.
- O que veio primeiro? O ovo ou a galinha? A sociedade ou o idioma?
- Para muitos, a vida com poucos recursos é miserável. Mas será que é realmente miserável se o espírito está em paz, se o corpo tem saúde e se o sujeito é livre? Assim, saúde, paz e liberdade contribuem para a felicidade, não os bens materiais ou as ciências. Esses são meios. A felicidade não está neles, mas no que se obtém com esses tais, se é o que você quer. De fato, nossa sociedade usa esses meios para obter aquilo que o selvagem hipotético de Rousseau pode obter sem tais meios.
- Não se vê índios se suicidando. A miséria é coisa da cidade.
- Não é preciso conhecer a virtude para fazer o bem. Então, o homem natural não é necessariamente mau só porque nunca pensou em virtude. Provavelmente a pratica sem saber.
- No estado de natureza, ser forte é ser independente.
- Para Rousseau, todas as virtudes vêm da piedade. Se o ser humano não tivesse piedade, seria um monstro.
- O que nos impede de fazer o mal é não saber como fazê-lo.
- Desejar que alguém não sofra é desejar sua felicidade.
- É possível sentir muita comiseração, mas só com certos objetos. Também é possível sentir comiseração em muitas ocasiões, mas em pouca intensidade.
- A comiseração é mais forte quanto mais identificação ocorrer. Eu me importo mais com a felicidade daqueles que se assemelham a mim. Isso leva muitos a crer que a comiseração se origina do fato de eu saber que o que acontece com o outro pode acontecer comigo também. Ninguém sabe o dia de amanhã.
- A razão excessiva trabalha contra a comiseração. Se eu estiver certo de que estou seguro e que o que acontece com outro não acontecerá comigo, a empatia fica prejudicada.
- Se deve fazer o bem fazendo o mínimo de mal possível.
- Quanto mais forte é a emoção, mais rígidas têm que ser a leis para contê-la. Mas será que a própria lei não pode causar essas emoções? Aliás, elas subjugam suas vítimas com frequência, mostrando que as leis que deveriam contê-las são insuficientes. Exemplo: cultura do estupro.
- Quando os animais entram no cio, a espécie entra em alvoroço. É o único instante do ano ou da estação em que se pode ter sexo. É preciso aproveitar. Isso causa brigas entre os machos. Como o ser humano não entra no cio, não haveria necessidade de brigas entre os machos selvagens, especialmente se a instituição do casamento não houver sido instituída; qualquer um pega quem quiser, quando quiser. Pra quê brigar por isso então?
- Se não existe emprego, não há necessidade de astúcia. Se não existe sedução, não há necessidade de beleza. Se não há necessidade, diferenças não importam.
- A opressão é coisa da sociedade. No estado de natureza, se alguém me oprime, eu posso fugir ou matar o opressor. A opressão civil, porém, muitas vezes encontra amparo legal.
- A lei do mais forte só vale enquanto uma pessoa depender de outra. Se eu não depender do mais forte pra sobreviver, fugirei dele. Ora, mas na sociedade, não há quem não dependa do outro. É o ambiente propício à opressão.
- A sociedade civil começa com a propriedade privada.
- Por natureza, os frutos são de todos e a terra não é de ninguém.
- A ideia de propriedade privada só deve ter surgido quando o estado de natureza começava a ficar insustentável.
- A ideia de propriedade privada só deve ter surgido depois que os humanos naturais estavam avançando tecnologicamente para melhor satisfazer suas necessidades (depois que inventaram o anzol, as roupas de peles, que aprenderam a usar galhos e pedras como armas, por exemplo).
- Quando o ser humano se deu conta de sua superioridade em relação às bestas, imaginou se não era possível ser superior aos seus semelhantes. Nasce assim o orgulho.
- As primeiras “casas” foram construídas por aqueles que eram fortes o bastante para proteger um território. Então os fracos, em vez de desalojar os fortes, resolveram fazer casas pra fracos também. Melhor salvaguardar um território vazio do que tentar remover alguém mais forte de um território por este ocupado.
- As habilidades mais desenvolvidas causam inveja nos outros, os quais almejam por sua vez reconhecimento. Nasce assim a vergonha.
- A desigualdade civil começa mesmo com o desenvolvimento das habilidades do ser humano. Alguns se desenvolvem melhor nisso e outros naquilo. Dependendo da tarefa estimada, os mais habilidosos mandarão nos menos habilidosos na sua execução. Assim nasce a relação entre senhor e subordinado, pois um quer a habilidade do outro para alcançar um fim comum.
- O crime é mais cruel quanto mais ultrajado se sente o criminoso. As pessoas que se vingam com mais ferocidade são as arrogantes.
- Antes da lei, o que impedia os crimes era o medo da vingança.
- As primeiras leis severas eram para os crimes que se comete com mais frequência.
- Para Rousseau, a desigualdade se desenvolve quando uma pessoa utiliza outra como meio para obter um supérfluo. Assim nasce o trabalho de um sujeito para um senhor, como dito na nota 94. Se o indivíduo trabalha só para si, tudo bem. Mas o trabalho coletivo implica hierarquia.
- A invenção da agricultura e da metalurgia acabou com o estado de natureza de uma vez por todas. Uma sem a outra não causa estrago. Mas adotar ambas no mesmo território é revolucionário.
- Se os talentos fossem todos iguais, a desigualdade não aconteceria, contudo. Estranho. No Emílio, Rousseau parece o tipo de cara que seria a favor da reforma do ensino médio como empurrada por Temer. Mas nos Fundamentos, ele parece que se manifestaria contra. Afinal, se a diferença de talentos é causa de desigualdade, o grau de igualdade aumentaria se os talentos fossem nivelados, através da educação igual pra todos. Isso não quer dizer ser bom e todas as matérias, o ensino médio nunca foi assim. Bastava ser bom na maioria e as notas boas de uma disciplina cobririam o fracasso noutra.
- Sucesso não é só habilidade. É também sorte. Ninguém chega “lá” só com esforço, especialmente se você for pobre. Pra não falar dos que chegam “lá” por meios ilícitos.
- O rico precisa de serviço. O pobre precisa de auxílio.
- Para fazer mal aos outros sem receber represália, dê a isso um caráter benevolente. Diga que é um “mal necessário” ou que “é pro nosso próprio bem” ou que “é ruim só na aparência” ou que é “para grande justiça”.
- Com o nascimento da riqueza e da propriedade privada, nasceu também o roubo.
- Ricos têm aquilo de que os pobres necessitam. Sua existência já é afronta à igualdade. Se têm demais, é porque tiram de alguém, mesmo que de forma lícita. Esse é o espírito do capitalismo.
- O pedreiro pode trabalhar para si, mas o rico, que não tem essa habilidade, precisa de pedreiros pra suas obras. Ele é assistido por múltiplas mãos. “Eu construi este muro”, ele diz. Não, você pagou pra alguém construir pra você. E o dinheiro que você usou foi recebido de outra pessoa. Então é rico é extremamente dependente. Ele, mais que todos, devia agir com humildade.
- O selvagem de Hobbes é um estado posterior ao selvagem de Rousseau.
- O contrato social foi proposto pelos ricos.
- Não se deve imolar a liberdade no altar da paz, diz Rousseau.
- O pai só é senhor do filho enquanto o filho depender dele. Se o filho se torna independente, pai e filho tornam-se iguais. O filho ainda deve respeitar o pai, mas ele pode desobedecê-lo, diz Rousseau.
- Quando o governo se torna arbitrário, se instaura a lei do mais forte (no caso, o governo). Um governo assim é ilegítimo.
- O povo paga pelos erros do governo. Se o governo está errando muito, o povo deve se rebelar.
- Quando o governo se torna arbitrário, é necessária uma revolução para destrui-lo ou colocá-lo de volta no eixo devido.
- As leis contém as pessoas, mas não as mudam.
- Existem três graus de desigualdade: rico e pobre, poderoso e fraco, senhor e escravo.
- Por que os ricos não têm pena dos pobres? Porque sua felicidade se sustenta na miséria causada aos pobres, diz Rousseau. Se os pobres deixassem de ser pobres, os ricos deixariam de ser ricos, pondo sua felicidade em perigo. É por isso que não se deve buscar o prazer na riqueza ou na fama.
- Quando há excesso de corrupção, a única lei é a do mais forte. E o mais forte é o governo. A menos, claro, que os cidadãos lutem.
- É preciso expulsar o Temer.
- Não é que o selvagem é preguiçoso; ele só não precisa trabalhar.
- É contrário à razão que alguém mais novo governe o mais velho, que uns poucos vivam no supérfluo enquanto os muitos morrem de fome, que um imbecil governe um país. Mas tudo isso ocorre. A política, ao menos em sua forma atual, principalmente nesta gestão, é uma grande palhaçada.