Minha professora de didática pediu que visitássemos uma escola e fizéssemos um trabalho. Onde já vi isso antes?
Resolvi que usarei o trabalho que fiz para estrutura e funcionamento do ensino fundamental e médio, com algumas modificações, como trabalho de didática geral também. Truque sujo, não? Nem tanto.
Fora isso, me sinto cansado do preconceito que o pessoal da minha universidade tem com metropolitanos e alunos da rede pública de Ensino Médio. Não sei se sabem, mas aquela é uma universidade pública. E eles ainda acham que metropolitanos amam migração pendular. Migração pendular é um fenômeno caracterizado pelo deslocamento de metropolitanos para a capital em busca de trabalho e a volta deles à suas cidades ao fim do expediente, fazendo da metrópole um grande “dormitório”. Mas isso tem se tornado cada vez mais raro em Metrópole, com a vinda de convênios e filiais de grandes empresas. Na verdade, agora, só trabalha fora de Metrópole quem quer ou quem tem a ilusão de que o trabalho na capital é mais fácil, quando nem sempre é.
O preconceito com alunos que vieram de escolas públicas também é observável, especialmente nas aulas pedagógicas. Eles acham que nós, que passamos a vida inteira estudando em escolas públicas, somos pobres coitados, burros de carga incapazes de competir com alunos de escola particular. Fala sério. Ganhei este computador no tempo em que o SPAECE só premiava os trinta melhores alunos de cada região. E eu não estudei especificamente para aquela prova, ninguém estudou especificamente para aquela prova. Ninguém da minha antiga sala, pelo menos. Nunca tive dificuldades para aprender, me desenvolver em conhecimento e em caráter enquanto eu estava na pública. Aí vem uma égua fazer uma apresentação na aula de didática dizendo que o aluno de escola pública é um “coitadinho” que se mete numa disputa injusta sempre que alunos de escola particular fazem a mesma prova que ele. Aí, no fim da apresentação, ela diz que estudou a vida toda em escola particular. Faz todo o sentido.
De fato, a escola pública não dispõe de uma série de recursos, como vocês viram no meu trabalho sobre o Colégio, mas o índice de reprovação é miserável e o índice de desenvolvimento da educação básica é incontestável. Além disso, poucos recursos é um problema que vem sendo resolvido com certa agilidade desde que o Partido dos Trabalhadores deu as caras. Longe de ser perfeita e santa, nossa situação atual está melhor do que quando Henrique Cardoso, a contraparte inteligente do Bush, era presidente.