Pedra, Papel e Tesoura

27 de abril de 2014

Cristandade reversa.

Filed under: Saúde e bem-estar — Tags:, , , , — Yure @ 08:01

Lá estava eu, lendo Feuerbach, pra variar. Feuerbach é aquele menino que disse que a relação com Deus é uma relação egotística não confessa, isto é, entre o indivíduo e si próprio. Como assim? Deus seria a elevação ao infinito de todas aquelas qualidades que nós, mortais, apreciamos (sabedoria, força, amor e coisa e tal). Mesmo o amor, a mais inocente das sensações, é forçada no Cristianismo, porque você ama só porque tem que amar. É isso ou o Inferno.
Feuerbach é forte. Muito forte. Se você gosta da sua fé, sugiro que passe longe dele. Mas isso me fez pensar. Por que mesmo que o ser humano ama a Deus hoje?
Talvez porque tenha mesmo medo da morte. Na Antiguidade, talvez as pessoas amassem Deus por uma questão de respeito: se Ele existe e nos criou, então nada mais justo que devê-lo o mínimo de obediência pelo menos. Mas hoje as pessoas servem a Deus nem tanto porque admiram Seus grandes poderes cósmicos, mas porque veem nEle uma solução extraplanar para seus problemas. Eles esperam uma resposta celeste, algo que os faça viver melhor, com mais dinheiro, saúde, talvez que faça eles passarem no vestibular…
É uma Cristandade reversa. Não sei se Feuerbach está ou não certo quanto a origem da ideia de Deus na cabeça do homem, mas não acho que alguém hoje em dia pense dessa forma, que alguém ame a Deus porque Ele é onisciente e gostamos da sabedoria, porque Ele é todo-poderoso e gostamos da força. Mas porque temos contas pra pagar. Acho que o ser humano só será capaz de amar Deus de forma genuína quando superar o medo da morte e servir pela única razão legítima: respeito. Mas até lá…

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