Pedra, Papel e Tesoura

24 de abril de 2013

Bibliografia obscura.

Filed under: Computadores e Internet, Livros, Passatempos — Tags:, , , — Yure @ 01:23

Falha no carregamento da página.

Antes de clicar no link acima, baixe o Tor Browser, desabilite javascript globalmente e tenha certeza de que cookies estão desabilitados. É o primeiro site obscuro que acessei, o Tor Library, a biblioteca do Tor, um lugar onde são hospedados cinquenta e dois gigabytes de livros em diversos idiomas e cinquenta e dois gigabytes de texto são livros para a eternidade. Ora, mas por que baixar um navegador especial pra acessar o site? Simples, é um “pseudomínio”. E por que os métodos especiais? Porque, de acordo com a Hidden Wiki, não se deve deixar certas coisas habilitadas no navegador que você usa para acessar serviços dessa natureza porque hackers habitantes da deep web / dark web são consideravelmente mais capazes que os que habitam a dita superfície (os sites que dá pra acessar pelo Google).
O link que partilhei leva especificamente para uma biblioteca de livros de filosofia.

21 de abril de 2013

Educação secular, “educação” não-secular.

Filed under: Organizações, Passatempos, Saúde e bem-estar — Tags:, , , , — Yure @ 18:14

Olhe ao redor, por favor. Pelo menos na minha tela, na minha garrafa d’água, nos meus livros, nas minhas roupas… a letra cursiva está ausente. Por que ensinar letra cursiva para crianças pequenas se a letra cursiva não aparece em lugar algum? Por que não ensinar apenas a letra de forma?

Veja, quando se ensina letra cursiva, a leitura torna-se algo feito dentro da escola e que lá fica, porque o aluno em fase de alfabetização não pode ler as coisas que acontecem no mundo ao redor dele, onde tudo é escrito em letra de forma. Ele não pode ler anúncios, não pode ler legendas, não pode ler páginas na Internet e nem mesmo os próprios livros didáticos. A letra de forma é a que você vê agora. Não estou me referindo àquilo que as pessoas normalmente pensam que é “escrever com letra de forma”, ou seja, não estou dizendo para ensinar às crianças apenas letras maiúsculas. Existem letras de forma minúsculas.

Tive uma conversa com meu coleguinha sobre isso e ele me disse que a razão pela qual a letra cursiva é ensinada nas escolas é que não se pode escrever redações no Exame Nacional do Ensino Médio, por exemplo, em letra de forma. Isso me lembra de uma coisa que ouvi no passado muitas vezes e que me mortificava sempre que era dita: “vocês precisam aprender isto para passar no Vestibular”. Quem me dizia isso eram meus próprios professores. Aí eu ficava pensando onde está o ideal da educação de formar pessoas para a vida e não para o sistema. Porque sempre que eu ouvia aquilo eu pensava que a educação servia apenas para o sistema. Então por que não abandonar a escola e começar o curso preparatório meses antes do Vestibular, já que só precisaremos daquele conhecimento por aquele tempinho? Afinal, o pessoal do curso preparatório sabe o que cai no Vestibular e pode te ensinar a essência em pouquíssimo tempo, aí você pode esquecer quando tiver passado.

Quando você diz que está aprendendo algo apenas por causa do sistema, você tira o propósito da escola. Não era à toa que a maioria dos meus colegas queria desistir da escola. Seria melhor para os habitantes uma mudança negativa no ensino em prol do sistema ou o abandono de um aspecto do sistema em prol de uma educação melhor?

Aí meu coleguinha disse que “nos Estados Unidos” e em tantos outros países se ensina letra cursiva, não que isso faça o ensino de letra cursiva necessário. É melhor que o aluno aprenda a letra de forma como prioridade para que ele possa ler tanto quanto seja possível, dentro e fora da escola.

Hoje encontrei um amigo no ônibus, amigo que eu não via há muito tempo. Falei com ele e ele disse que leu este diário… inclusive o que diz respeito à fraldas e patadas. Devo ter ficado vermelho de vergonha, mas ele não fez nenhum alarde. Bom saber que ele é capaz de ver que isso não faz de mim uma má pessoa. Falei pra ele dos meus colegas fetichistas e de como fraldas são algo sexual para muitos dos meus amigos. Ele fez piada, achou estranho, mas nem por isso ficou com raiva ou parou de falar comigo. Fiquei muito satisfeito com o quanto ele melhorou desde a última vez que falamos, pois a sua mente está mais aberta e ele parece ter melhorado no quesito bom senso.

Daí falamos do estudo bíblico sobre a masturbação que escrevi. Ele disse que viu uma incoerência ou duas (ou três), mas que gostou no fim das contas, especialmente porque denunciei como os líderes religiosos podem cair na falácia de mostrar versículos bíblicos fora do contexto aos fiéis para justificar suas afirmações. Você não pode ler um pedacinho de um texto e esperar entender do que ele se trata se você não lê o resto do texto no qual ele está inserido. O significado de um versículo isolado é facilmente manipulável.

E aí conversamos sobre religião. Peguei pesado falando mal das instituições e garanto que chamei a atenção de todos ao nosso redor no ônibus, não que achasse isso ruim. Eu e ele concordamos que a servidão à instituições religiosas sem a devida reflexão sobre suas bases é uma manifestação do medo de errar e da preguiça de pensar. Você teme interpretar as Escrituras de forma falha, quando não tem preguiça de dar-se ao esforço em primeiro lugar. Óbvio que nem todos os fiéis são assim. É muito cômodo simplesmente acreditar no que o líder religioso diz, o que me lembra do que li na revista Conhecimento Prático: Filosofia (Número 30, página 50-51) e cito aqui pro senhor:

O problema para Nietzsche está no administrador do perdão, o sacerdote. Para Nietzsche, a lei, falando pela boca do sacerdote, transforma-se em moral vigente. Há uma máscara sobre “Deus”, porque o sacerdote ganha para si o poder da lei, personificando “Deus”. E, como a lei vem de um “Deus” que precisa de intérpretes (pois os textos bíblicos são a única manifestação que o crente aceita como tal), os homens elegem o sacerdote como intérprete de “Deus”. Mas aí surge outro problema, diz Nietzsche: se “Deus” é juiz dos homens e o sacerdote (padre ou pastor cristão) é seu porta-voz, então, na realidade, é o sacerdote quem julga os homens? Sim, diz ele, porque mesmo que “Deus” exista quem dá a última palavra é o sacerdote.

– Gerson Lemos.

Só que aí o cara supõe que nenhum cristão pega a Bíblia pra ler e interpretar ele mesmo, sendo seu próprio sacerdote, que todos os cristãos são ou medrosos ou preguiçosos. Uma pena que muitos de fato o são.

Fico muitíssimo feliz por meu amigo ser tão receptivo ao que penso e ser capaz de não me julgar por meras idiossincrasias. Que bom que tenho amigos em quem confiar, mesmo quando o tempo e o espaço nos separam.

Falando nisso, peguei meu sobrinho lendo minhas revistas de filosofia. Ele tem sete anos e minha mãe “diz que ele é” testemunha de Jeová, embora o menino tenha mostrada severa resistência à tudo o que ela lhe ensina. Hoje ele lha disse que não acredita que Deus é imortal (naturalmente, a ideia de eternidade não entra na cabeça de alguém de sete anos). Garanto que minha mãe acha que é minha culpa.