- Todas as grandes correntes filosóficas antes de Hegel têm um posicionamento acerca da dicotomia entre sujeito e objeto.
- A lógica formal é aristotélica.
- O que se contradiz pode ser falso.
- Mas o que se movimenta é contraditório.
- A tentativa de conhecer um objeto imparcialmente, isto é, de manter o objeto distante do sujeito para conhecê-lo por si mesmo (o que chamamos “conhecimento objetivo”), é uma ideia positivista.
- “Trabalho” é a alteração do mundo objetivo através da ação subjetiva, o que pode inclusive ser feito sem que nos demos consciência disso.
- Os seres humanos criam “seu” mundo.
- A realidade não está em outro mundo, mas nem por isso as coisas são tais como parecem ser.
- O nosso mundo é fruto do trabalho coletivo de todos nós, homens.
- Conscientização não basta, se ela não leva à mudança.
- Ironicamente, quanto mais se valoriza os objetos, menos se valoriza os que fazem os objetos: os trabalhadores.
- Os trabalhadores tornam-se mercadoria.
- O trabalhador torna-se objeto do objeto que ele faz.
- Embora Engels e Marx tenham se fundado na filosofia de Hegel, eles se tornaram, posteriormente, críticos de Hegel.
- Só o homem trabalha, isto é, só o homem é capaz de mudar o mundo em vez de apenas se adaptar a ele.
- A geração seguinte herdará as mudanças feitas hoje.
- Embora o trabalho seja bom pra nós todos, a maioria dos humanos, embora tenha capacidade de trabalho (de transformação), não quer trabalhar.
- Isso porque as transformações que requisitam de nós não são as transformações que nós queremos fazer.
- Assim, usamos nossa força de trabalho (poder de transformação) para seguir os interesses de outros, não os nossos, produzindo transformações que não queremos.
- Isso se chama trabalho alienado: não se reconhecer na obra que se faz.
- As sociedades surgem da necessidade que os humanos têm de se unirem contra os caprichos da natureza.
- A Ideologia Alemã é uma obra inacabada: o texto original tem páginas danificadas e até faltando.
- Não confunda um texto com a propaganda que se faz dele.
- Bruno Bauer é acusado por Marx e Engels de argumentação espantalho: de posse de uma resenha da Sagrada Família, ele critica a resenha como se criticasse o livro, o que não é a mesma coisa.
- Reduzir a filosofia à autoconsciência não opera libertação nenhuma em nenhum lugar.
- Resolver problemas reais requer soluções reais: não se resolve o problema da pobreza com “autoconsciência”.
- O materialista prático quer transformar o mundo, não apenas em nível conceitual, mas também concreto.
- Não confunda o conceito de homem com os homens que você vê no dia a dia.
- É errado contemplar a realidade, em vez de agir sobre ela.
- Seu conceito de homem pode ser inválido a ponto de se aplicar somente aos homens de seu país.
- O nosso mundo é uma construção histórica.
- O mundo humano não é autônomo, não é estático, ele muda com as nossas ações.
- Sem a atividade humana, a ciência seria fraca ou inexistente.
- Se a atividade humana (trabalho) cessasse completamente por um ano o mundo seria outro.
- O ser humano é objeto sensível, mas ele também é capaz de atividade sensível, de forma que não é possível compreender o homem sem compreender também suas ações.
- Dizer que todos os seres humanos são iguais é mentira: compare um rico e um pobre.
- Explicar o mundo não basta.
- O potencial humano só é ativado se o sujeito tem suas condições de sobrevivência satisfeitas.
- A história é produto do trabalho humano, o qual não existiria se o homem estivesse morto.
- Logo, a satisfação das necessidades de sobrevivência é condição de possibilidade para o trabalho e, consequentemente, para a história.
- As famílias devem ser estudadas empiricamente, um estudo que deve prescindir do atual “conceito” de família.
- A história da humanidade não pode ser abstraída da história do trabalho, da história da indústria (em sentido amplo, não no estrito sentido de “fábrica”).
- A linguagem surge da necessidade de comunicar.
- O ser humano tem que construir sua vida, mas ele é limitado por sua capacidade física e por sua consciência.
- A consciência humana se aperfeiçoa com o aumento da necessidade e o aumento da produção, ambos fundamentados no aumento da população.
- Com o aumento da população começa a divisão do trabalho, a princípio, segundo aptidões: os mais fortes carregam coisas, os mais destros fabricam coisas, os mais inteligentes planejam coisas, os mais saudáveis provém coisas…
- O trabalho também podia ser dividido casualmente ou segundo a necessidade.
- A divisão do trabalho chega ao seu ápice com a divisão entre trabalho prático (material) e trabalho teórico (espiritual): uns pensam e os outros fazem.
- É aí que começa a aspiração pelo conhecimento “puro”, sem “mácula” oriunda de aspecto prático.
- Se houver religião, começa aí a necessidade de uma classe sacerdotal.
- Quanto mais profunda for a divisão do trabalho, maiores as chances de haver aqueles que só produzem e aqueles que só consomem.
- A divisão do trabalho e a dos produtos do trabalho em locais onde há propriedade privada é desigual.
- Ápice da divisão do trabalho: pensamento sem atividade e atividade sem pensamento.
- Quando o trabalho é dividido, ele é imposto e você tem que realizar aquela função, ou perderá seus meios de subsistência.
- Isso faz com que empreguemos nossa força de trabalho em coisas que não gostaríamos, porquanto estamos fazendo o que fomos mandados a fazer, não o que queremos.
- Pela contradição do interesse coletivo com o interesse privado, o interesse coletivo, na forma do estado, toma existência “autônoma”.
- A classe que “representa” esse “interesse coletivo” se torna dominante (ver nota 86).
- Para que os trabalhadores possam impor seus interesses como o “interesse coletivo”, é preciso que eles adquiram poder político.
- Todas as lutas dentro de um estado são manifestações aparentes de uma luta mais profunda entre classe dominante e dominada.
- Comunismo não é um estado de coisas, mas um movimento.
- O comunismo não pode prevalecer em nível local, mas apenas mundial.
- O comunismo precisa da ação repentina dos povos dominantes (ver nota 58).
- A geração seguinte usa, em condições diferentes, os meios de produção da anterior.
- Um fenômeno que subverte governos (como uma máquina que tira o emprego de muita gente ou o bloqueio de recursos necessários levam a uma insurgência) é propriamente histórico e mundial.
- Esses fenômenos são práticos, nunca puramente espirituais.
- É com elementos práticos que a realidade muda.
- Os indivíduos formam uns aos outros, seja materialmente ou espiritualmente.
- A revolução é necessária quando não basta que o poder dominante seja derrocado, mas quando se faz necessário também que os que passam a dominar possam fazê-lo sem as impurezas de um sistema preexistente (por exemplo: chegar ao poder pela democracia não elimina as classes sociais).
- São as vicissitudes práticas que originam ideias.
- Somos influenciados pelas circunstâncias, mas isso não quer dizer também não possamos influenciar tais circunstâncias.
- Se não tem condição de colocar uma ideia em prática, não é a proclamação repetida da ideia que, sozinha, criará as circunstâncias de realização.
- A natureza e a história são complementares, não opostas.
- Uma história que desconsidera os elementos históricos práticos se ilude pelos preconceitos da época.
- A organização social dos estados é fruto de vicissitudes práticas, de forma que as condições precedem a organização estatal; não se organiza o estado sem objetivos práticos, de forma que não é o estado, feito como que à toa, que engendra as condições práticas ao redor dele no momento de sua criação.
- A Alemanha não tem o monopólio do pensamento nem o monopólio da ação histórica.
- Não basta explicar sem agir.
- Atacar algo como categoria filosófica não o elimina.
- A classe que detém os meios de produção material também tem meios de produção intelectual.
- Por causa disso, as ideias da classe dominante são as ideias dominantes de uma época.
- Cuidado com quem diz que “alguns males se deve aceitar”.
- Ideias não estão abstraídas das pessoas que pensam essas ideias.
- A ideia não tem existência autônoma.
- Para que uma classe domine, precisa fazer com que seus interesses sejam vistos como interesses públicos, geralmente postos em ideias gerais (“liberdade”, “igualdade”, entre outros), dando a elas um aspecto racional com o qual as ideias opostas podem ser contestadas.
- Tão logo a classe começa a dominar, o interesse público começa a se tornar o interesse particular da classe que passa a dominar.
- Para fazer parecer que as ideias são mais importantes que as pessoas que as pensam:
- Abstraia a ideia, como se uma ideia pudesse subsistir sozinha.
- Conecte as ideias sucessivamente dominantes.
- Atribua a corrente de ideias resultante aos intelectuais da época, de forma que pareça que a ideia surgiu não de uma necessidade empírica, material, e sim de uma atividade de especulação desinteressada.
- A forma como nós encaramos nossa época pode estar errada: podemos fazer uma ideia errada do século no qual vivemos.
- Então não podemos interpretar um período histórico pelo que o período diz de si mesmo, mas pelo que tal período objetivamente é.
- A natureza produz instrumentos de produção, mas eles são, obviamente, muito diferentes dos meios de produção feitos pela civilização.
- São instrumentos de produção natural o campo e a água, por exemplo.
- A indústria que usa meios de produção civilizados só pode existir pela divisão de trabalho.
- A divisão entre trabalho manual e trabalho intelectual é o que gera as diferenças sociais entre cidade e campo.
- Com o surgimento da cidade, a necessidade por política (organização comunitária) é maior.
- Quando você divide a população entre os que pensam e os que fazem, você cria dois grupos com interesses que se distanciam mais a cada dia.
- Cidades são criadas pela necessidade, por exemplo, de defesa da propriedade privada, de mais meios de produção ou de segurança.
- Quando você domina totalmente um ofício, em vez de apenas parte dele, você pode executar tal ofício “artisticamente”, o que lhe dá afeição por seu trabalho.
- Já quando você domina somente parte do ofício, você tende a ser indiferente a esse ofício.
- O que vende mercadoria nem sempre é o que fez a mercadoria.
- A divisão de trabalho pode se estender às cidades, com cada cidade explorando um ramo industrial específico.
- Sem comércio, uma invenção regional some se a região sumir (ou for dominada).
- A primeira manufatura foi a tecelagem, e ela se tornou manufatura por necessidade de roupas em grande quantidade.
- Isso não quer dizer que não se faz mais tecelagem artesanal.
- A manufatura criou a relação entre patrão e empregado, relação mediada pelo dinheiro, quando antes só havia a relação entre oficial e mestre.
- Se não houver mais estímulo à produção, o capital se mantém estável… ou diminui.
- Você não pode aumentar seu capital sem aumentar sua produção.
- No século dezessete, o comércio e a navegação se expandiam mais rapidamente que a manufatura.
- Nesse período, havia demanda por matéria-prima produzida no próprio território e a exportação de tal matéria podia até mesmo ser proibida: a matéria-prima produzida em um país não deveria ser dada a outros.
- Historicamente, era preciso fazer revolução pra conquistar a livre concorrência em uma nação.
- A grande indústria universalizou a concorrência.
- Com isso, cada cidadão passa a depender “do mundo inteiro” pra manter seu nível de conforto (usamos bens que vêm de fora, tal como exportamos bens nossos pra outros).
- Em locais onde há presença da grande indústria, formas menos avançadas de produção se tornam infrequentes ou deixam de existir (como o artesanato).
- Quando a propriedade privada interfere na indústria ou quando a indústria está subordinada à propriedade privada, ela ganha um caráter destrutivo.
- A grande indústria vem destruindo a particularidade de cada país.
- A indústria passa a ter o mesmo interesse em todas as nações nas quais se estabelece.
- Apesar disso, o desenvolvimento industrial não é uniforme em todas as áreas de determinado território.
- A indústria exige do trabalhador todas as suas energias, deixando sem tempo para coisas “elevadas”, enfraquecendo a religião e a moral.
- O conflito entre forças produtivas e formas de intercâmbio gera “colisões” históricas.
- A concorrência agrega trabalhadores, mas não os une, pelo contrário: os isola.
- Por causa disso, a união necessária às mudanças em favor dessa classe são demoradas, a menos que a própria grande indústria tenha produzido meios rápidos de comunicação.
- A superação da economia separada requer superação da família.
- Dizer que somos o produto de nossos estados só faria sentido se o estado tivesse surgido antes do cidadão.
- Condições idênticas, oposições idênticas e interesses idênticos engendram costumes idênticos.
- A burguesia também se divide em frações com base na divisão de trabalho.
- Enquanto não houver necessidade de lutar contra uma classe opressora, os indivíduos oprimidos competirão entre si.
- A liberdade pessoal é possível em comunidade.
- É possível se libertar isoladamente (libertando a mim mesmo ou aos outros como indivíduos), mas também é possível se libertar como classe (todos os comerciantes, todos os professores, todos os trabalhadores, entre outros).
- O proletário sozinho não pode mudar sua condição de vida ou condições de existência (como proletário) e nem tal poder pode lhe ser dado por alguém de fora do proletariado: os proletários só podem mudar juntos alguma coisa.
- Quando indivíduos se libertam, não necessariamente negam as condições de existência que já estavam aí.
- Mesmo ovelhas e cães modernos são produto de um processo histórico: cães nem sempre foram animais domésticos, por exemplo.
- Acabar com o estado é algo que só pode ser feito via revolução.
- A colonização e a conquista faz com que o território colonizado ou conquistado receba as formas de intercâmbio do país dominante, fazendo que o território experimente um avanço produtivo sem passar por todos os estágios que o país dominante teve que passar em seu próprio desenvolvimento.
- Quando ocorre a conquista, o país conquistador se apossa das forças produtivas do país conquistado, o que dá origem a novos meios de produção.
- Quando os indivíduos unidos se apropriarem dos meios de produção totais, a propriedade privada poderá ser extinta.
- O que se observa hoje, porém, é a aquisição privada de cada um, isoladamente.
- A base do estado é a organização social diretamente derivada da produção e do intercâmbio.
- A propriedade privada realmente começa com o conceito de propriedade mobiliária.
- O estado existe para a propriedade privada.
- Instituições coletivas são mediadas pelo estado e dele adquirem uma forma política.
- Com a propriedade privada começa o direito privado.
- A propriedade privada não repousa simplesmente na vontade privada.
- A propriedade privada é independente da comunidade.
- Como você pode ter direito sobre algo que você não possui?
- A lei não se baseia simplesmente na nossa vontade.
- A divisão do trabalho influencia a ciência também.
- Como a vida dos indivíduos foge do controle deles próprios?
- A filosofia de Feuerbach se resume em filosofia da natureza, antropologia e moral.
- O ser humano só revela seu potencial em comunidade: sozinho, não se vai longe.
- Isso também é válido para a satisfação de nossas atuais necessidades.
- A divisão do trabalho ocorre no protestantismo: há os que pensam e refletem sobre Deus e os que não.
- Nem todo o mundo está contente com sua condição, então o descontentamento é que é normal.
- Sua essência não pode se subordinar a um ramo de trabalho que lhe foi imposto pela necessidade.
- O conjunto de questões abordadas pela crítica alemã vem do sistema hegeliano.
- Muitos críticos alemães afirmavam ter superado Hegel… mas nunca conseguiam deixar de depender dele.
- Um hegeliano entende algo do mundo na medida em que pode ser reduzido a uma categoria hegeliana.
- Como pode um jovem “abalar o mundo” sendo conservador?
- Combater palavras com palavras não é nem combater as palavras e nem combater o mundo.
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A ideia que um jovem faz de suas atitudes pode ser diferente da festa que se faz ao redor dessas atitudes e da opinião de estrangeiros sobre essas atitudes.
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Os indivíduos reais, suas condições materiais e suas ações são pressupostos sólidos sobre os quais se pode começar um raciocínio.
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Existe a história humana e a história natural.
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Isso não quer dizer que uma história independe da outra: a história humana influencia a natural e a história natural afeta a humana.
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Pressupostos bons são empíricos e constatáveis.
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A organização corporal do ser humano lhe permitiu produzir seus próprios meios de vida.
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Produzindo seus meios de vida, você produz, indiretamente, sua vida inteira.
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No entanto, produzir seus meios de vida não é algo que pode ser feito abstraído dos meios de vida já existentes e que não produzimos (como a água e o ar).
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A produção é estimulada pelo aumento da população, o qual, por sua vez, estimula o intercâmbio, que por sua vez é condicionado pela produção.
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O primeiro ato histórico do ser humano foi a produção de seus meios de vida, não o pensamento (porque a história é mudança e pensar por si só não muda nada).
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A relação de um país com outro bem como a estrutura interna desse país dependem do desenvolvimento de sua produção e de seu intercâmbio (interno e externo).
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A primeira forma de propriedade foi a tribal.
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A segunda forma foi a estatal ou comunal.
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Junto com a propriedade comunal se desenvolve a propriedade privada móvel.
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Mais tarde, temos a propriedade privada imóvel.
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No entanto, essas formas de propriedade privada são subordinadas à comunal nesse primeiro momento.
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A propriedade comunal aumenta o poder do povo, enquanto que a propriedade privada reduz o poder do povo.
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A terceira forma foi a feudal.
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A propriedade antiga era centrada na cidade, enquanto que a propriedade feudal é centrada no campo.
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As conquistas romanas estimularam a agricultura.
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Enquanto a população crescia, o número de artesãos permanecia mais ou menos estável, facilitando a hierarquia, dentro das cidades, entre oficial e aprendiz.
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A propriedade feudal era constituída pela propriedade de terra, pelo trabalho dos servos e pelo trabalho próprio.
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A estrutura social e o estado são resultados das ações dos indivíduos particulares, empíricos, que agem como podem em condições sobre as quais, muitas vezes, tais indivíduos não têm poder.
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As primeiras ideias estavam entrelaçadas com a vida material.
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Essas ideias eram fundamentalmente ligadas à atividade material e somente em momentos posteriores que os homens foram formando ideias mais abstratas (“movimento intelectual ascendente” ou “da terra ao céu”).
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Ideias elevadas podem se originar de “sublimações” do processo empírico quotidiano.
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Assim nasce, por exemplo, a metafísica, a qual, por estar em um nível mais elevado de ideação, tem pouca semelhança com o fato concreto.
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Assim, a evolução da metafísica é, na verdade, a evolução do homem: quando o homem muda, seu pensamento e os produtos de seu pensamento também mudam.
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A consciência é, portanto, determinada pela vida e não pode determinar tal vida.
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Alguns intelectuais incitam tumultos pra trazer suas ideias de volta à memória do público que não se lembra mais delas.
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A contradição dentro de uma filosofia é um problema daquela filosofia, não uma contradição no mundo ao qual a filosofia se reporta.
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As ideias não são a base do mundo empírico!
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Quando uma pessoa critica duas, uma dessas duas pode repetir as críticas ao outro, de forma hipócrita, como se tais críticas não tivessem sido feitas a ele também.
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Filósofos não são heróis, nem todo filósofo revoluciona o mundo.
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As vontades que sentimos são uma força que se origina em nós e domina sobre nós: não podemos escolher que sentimentos teremos e quando.
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A compreensão correta de um trabalho pode desagradar o autor.
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Por exemplo, quando eu entendo um trabalho corretamente e lhe faço uma crítica pertinente.
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A crítica não é abstraída dos críticos, não podemos tratar conceitos como independentes das pessoas que os concebem.
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Por existir, você faz história.
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Você deve ler o trabalho objetivamente, não necessariamente como o autor queria que você lesse, o que pode levar você a concluir de forma diferente do autor sobre um determinado tema.
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Se você não ler objetivamente (a partir de si mesma, por si mesma e em si mesma), terá sua interpretação do texto viciada.
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A filosofia deve participar da vida política.
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Hegel recomendava a leitura de resenhas porque elas pode ultrapassar o objeto apreciado por elas (presumivelmente a obra original), mas isso está incorreto, porquanto existem resenhas que nada tem a ver com a obra resenhada.
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O melhor é ler a obra original.
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Antes de se lamentar pela justiça não prestar atenção em você, se pergunte se a justiça existe em primeiro lugar.
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Crianças não são metafísicas.
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Adolescentes não são metafísicos também.
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É preciso confessar que crianças e adolescentes geralmente não se guiam por princípios maiores, mas pelo prazer, e que há coisas mais temíveis que a própria consciência.
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Você não precisa de metafísica ou lógica pra aproveitar a vida.
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Você não está sozinho no mundo, nem mesmo metaforicamente.
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A coisa sobre a qual você pensa é indiferente ao que você pensa sobre ela.
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Destruir sua própria opinião sobre alguma coisa não destrói nem a coisa, nem seu conceito universalmente válido.
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Acreditar não é dominar, especialmente se você acredita em algo falso.
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Não seja crédulo, não seja ingênuo.
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Buscar um mundo melhor é admitir que o seu não está mais servindo.
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Ao contrário da crença popular, a família natural não é um valor muito importante na cristandade (Mateus 10:35-39; Mateus 12:46-50; Mateus 19:10).
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O ideal de sábio varia para cada escola filosófica (o ideal de sábio no estoicismo não é o mesmo ideal de sábio no epicurismo).
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Os estoicos não condenavam o incesto.
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A teoria do contrato social, isto é, de que o estado nasce do acordo mútuo entre os homens, parece ter sido mencionada pela primeira vez por Epicuro.
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Para provar sua tese, pensadores inescrupulosos omitem detalhes históricos, mas uma “verdade” que só pode se sustentar pela omissão de coisas que aconteceram é falsa.
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Quando você sabe pouco, você pode falar mais profundamente das poucas coisas que sabe, mas menos da relação dessas coisas com outras.
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Se você considera algo como verdade, geralmente você não procura outra verdade que substitua a primeira, a menos que você deixe de considerar a primeira como verdade por alguma razão, normalmente externa.
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Ao pressupor algo, é melhor você ser capaz de provar tais pressupostos.
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O nada é infértil.
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O cantor ou o pensador não se criam do nada no momento em que o homem passa a cantar ou pensar: se o homem se torna cantor ou pensador quando começa a pensar ou cantar, então o homem faz de si mesmo, não do nada, um cantor ou pensador.
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Há pessoas dispostas a defender falsidades com provas falsas e uma lógica falsa.
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Não se faz fenomenologia de nada com apenas um aspecto do objeto de estudo.
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Condições industriais e de intercâmbio influenciam a sociedade, que se adapta a elas, consequentemente resultando também numa adaptação por parte do estado, o que pode levar mesmo a uma adaptação da parte da religião local.
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“Obsessão” é o pensamento que submete o homem.
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O comportamento noticiado é anterior à notícia (não se pode dizer que um político é corrupto porque o jornal diz que ele é, mas que o jornal diz que o político é corrupto porque a corrupção do político já existe, a menos que o jornal esteja mentindo).
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“Sagrado” varia conforme cultura: a nossa Bíblia Sagrada pode não ser sagrada para outros povos.
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Assim, nossos costumes morais não podem ser tidos como absolutos, como se, por exemplo, certos tipos de relação sexual fossem universalmente reprovadas.
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Ideias não punem, mas pessoas pagas pra punir, essas punem.
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“Não seguir nenhuma máxima” já é uma máxima.
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Os negros têm importância histórica: lembre que o Egito fica na África e já foi potência mundial, onde ocorreu um desenvolvimento rápido da matemática.
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A igreja católica era um aspecto da idade média, não a idade média, a qual tinha um aspecto profano, como têm todas as épocas.
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Diferentes “estágios” de “evolução” humana podem não estar dispostos em hierarquia: o estágio anterior pode ser tão bom ou até melhor que o atual.
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Por exemplo, a reforma protestante não torna o protestantismo melhor que o catolicismo.
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Não se muda o mundo apenas combatendo ideias.
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O sistema hegeliano não reflete o mundo: a visão de mundo que Hegel tem não é o mundo real.
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O presente não necessariamente é melhor que o passado.
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Pra você, coisas abstratas são mais importantes que o material a ponto de merecerem dedicação total?
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Entender a história através de uma teoria histórica particular não é o mesmo que entender um período histórico sendo estudado.
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Argumentos não vêm da ignorância.
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Transgredir as regras de um grupo é algo que uma pessoa pode fazer em cada caso particular, mas essa pessoa ainda pode querer que todos os outros respeitem essas regras.
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Isso porque o grupo deixaria de existir (bem como os benefícios de se pertencer a ele) se todas as regras fossem quebradas por todos.
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A família burguesa é só um tipo de família.
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Por exemplo: entre os trabalhadores, a família é bem flexível, se organizando de acordo com necessidades reais.
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A família é uma necessidade social, econômica.
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O desenvolvimento da indústria acaba requirindo um novo tipo de família, mas idealmente que a família não exista.
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O professor mal pago se consola com a importância de sua função.
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É ridículo dizer, mesmo implicitamente, que somente o conhecimento sobre Hegel educa.
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Se você vai plagiar alguém, ao menos entenda o que está plagiando.
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Um trabalho com pretensão universal não pode ter como pressuposto a história local, seja de uma cidade ou de um país.
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Mudar o que se diz de uma coisa não muda a coisa.
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Boa vontade sozinha não basta.
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Ter boa vontade sem tomar ação é sinal de abatimento e impotência.
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Sem condições econômicas, não haverá concentração política.
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Um movimento social pode não ser representado pela ideologia que se faz dele.
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Quando há condições econômicas, condições industriais e concorrência, a monarquia absoluta se torna um estorvo.
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Seu chefe paga você mal porque o governo deixa e o governo deixa porque seu chefe paga um imposto alto a esse governo: é como se o chefe comprasse do governo o direito de pagar mal seus empregados.
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Não ponha limites ao seu pensamento.
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Uma crença sem ações é infértil: uma coisa é acreditar no poder do dinheiro e outra é reconhecer que o dinheiro tem poder enquanto as condições que lhe dão poder permanecerem onde elas estão.
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Reunir os trabalhadores em um bloco que lute por um objetivo comum é muito difícil.
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Greves só conseguem bons resultados se forem revolucionárias.
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Revoluções de verdade implicam armamento.
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Direções pro futuro não se encontram na filosofia especulativa, que é explicativa e não prescritiva.
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O estado burguês se mantém com a liberdade de trabalho, isto é, com a competição entre os trabalhadores.
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Assim, derrotar o estado burguês pode ser possível pela supressão do trabalho: se todos pararem de trabalhar, que serão dos burgueses?
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A criança tem direitos humanos!
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A criança dever ser liberada!
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Se há algo de errado na sociedade, conserte-a.
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A culpa de você não se dar bem com a sociedade pode não ser sua, mas da sociedade.
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Por exemplo: não podemos dizer que a criança que trabalha e sofre porque o trabalho é pesado demais pra ela tem culpa por não gostar de sua situação.
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Não, a culpa é mesmo da sociedade por permitir e às vezes estimular o trabalho infantil.
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Aliás, dizer que a culpa é sua e que só depende de você mudar a si próprio é desestimular sua cooperação com outros em prol de uma mudança social benéfica a todos, sendo portanto um convite ao isolamento.
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O estado de necessidade deve ser abolido.
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A sociedade permite o desenvolvimento pessoal.
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A recompensa do trabalhador é mais trabalho: observe como todos querem pagar o mínimo possível pelo seu serviço.
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O comunismo é um movimento prático que persegue fins práticos através de meios práticos.
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Nenhum comunista está atolado em questões teóricas; o negócio é identificar o problema, traçar o plano de ação e agir de acordo.
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O comunista não quer que o salário de todos seja igual!
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No máximo quereria o fim do salário, mas, se houver salário, ele não pode ser igual.
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O fato de você ter muitas posses não lhe dá o direito de levar vantagem sobre quem não tem tanto quanto você.
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Quem tem cidadania, aproveita tal cidadania, mas quem não tem, quer tê-la.
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Cuidado com aqueles que não veem você como ser humano, mas apenas como trabalhador.
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O comunismo é amoral.
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Trabalho não é felicidade, nem bem-estar (embora algo no trabalho possa proporcionar essas coisas, o que não significa que esse algo não possa ser encontrado fora do trabalho).
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Sentimentalismo não é argumento.
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Você não é sua profissão.
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Muitos cristãos deixam de ser cristãos ao não poderem mais suportar sua miséria.
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Você não pode exigir abnegação completa de qualquer pessoa.
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Ninguém manda na sua opinião.
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Uma dos atributos da propriedade privada é sua negociabilidade.
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O dinheiro que você tem leva os outros a cometer absurdos, mesmo sem serem pagos; basta que se veja o tratamento dado aos ricos mesmo por pessoas que não partilham de sua riqueza.
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Relações capitalísticas são sociais.
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Uma ideia revolucionária pode ser apropriada e usada de forma reacionária.
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Lutar contra conceitos não é o mesmo que lutar contra as coisas a que os conceitos se referem.
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O estudo do mundo real pode prescindir da filosofia.
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Um livro sem núcleo é um mau livro.
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Para dissuadir uma pessoa de seu comportamento, fale das consequências práticas desse comportamento, não de conceitos abstratos.
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O egoísta prejudica a si próprio enquanto causador de consequências negativas práticas.
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Nossas vidas influenciam nossos princípios, que são criados também por causa da vida.
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Algumas dicotomias, depois de explicadas, desaparecem.
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O comunismo é amoral.
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O interesse geral é sempre professado por grupos privados.
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Se é assim, então interesse geral e interesse privado podem coincidir, já que um cria o outro.
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Satisfazer a um anseio é satisfazer a si mesmo.
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A consciência que temos de nós mesmos não será a consciência que as gerações futuras tinham de nós, mas isso não quer dizer que a consciência deles sobre nós é a verdadeira, como se nós não soubéssemos o que somos agora.
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Dizer que a satisfação do seu desejo não é a satisfação real, a satisfação de si mesmo, é tentar colocar você contra você mesmo, colocando em dúvida seu autoconceito.
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Há quem use a máxima “ame ao próximo como a ti mesmo” para justificar o egoismo (“cada um é o próximo de si mesmo”).
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Não deixamos de existir quando deixamos de nos perceber.
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O desenvolvimento de nossas habilidades depende de circunstâncias favoráveis: não adianta você ter talento pra medicina e não ter recursos pra de fato cursar medicina a fim de exercer tal função.
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Suas múltiplas aptidões não podem se desenvolver sem um ambiente que proporcione o desenvolvimento.
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Assim, sucesso pessoal não depende só de você mesmo.
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Uma aptidão reprimida passa despercebida.
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Você é limitado por sua capacidade e por seu ambiente.
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Buscar a si mesmo na autonegação não é liberdade.
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Fazer o que você pode e poder aquilo que você faz não é onipotência.
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O discurso revolucionário só serve para propagar ideias revolucionárias; não tem sentido um discurso revolucionário que defenda uma ideia conformista.
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Algumas verdadeiras contradições só podem ser conciliadas na aparência e não sem muita retórica.
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Uma ideia que não faz diferença em sua vida não tem valor pra você.
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Um texto que usa um termo-chave em sentidos diferentes ao longo do texto sem dizer que tal termo está sendo usado em diferentes acepções é desonesto: o termo deve ser corretamente definido em cada novo uso.
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Uma palavra não deve ter seu significado deturpado.
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Não se sirva da etimologia ou da fonética para igualar termos com significados patentemente diferentes, como se pudessem ser aplicados da mesma forma.
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Fazer algo complexo ou absurdo soar fácil facilita a aceitação do argumento.
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Mudar de assunto no meio do raciocínio dificulta seu entendimento e, consequentemente, dificulta sua crítica.
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“Não” pode ser entendido em mais de um sentido.
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Não tome conceitos como a realidade: neutralizar, expor ou derrubar um raciocínio não muda nada por si só.
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O excesso de exemplos esconde a falta de conteúdo.
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Qual o sentido de acreditar numa ideia que não beneficiará você?
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A forma como os mais baixos julgam suas ações não interessa.
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Criticar a religião de alguém não funciona se a pessoa se sente beneficiada pela religião.
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Criticar a religião de alguém é criticar a representação que você tem dessa religião.
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Você quem decide quais livros merecem sua atenção.
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A polícia é um poder burguês.
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A prisão não melhora sua moral.
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Existe a prática de tirar algo de uma classe pra depois elevar essa qualidade removida ao status de necessária a todos, tornando sub-humana a classe da qual a qualidade foi abstraída.
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Necessidade é vocação e missão.
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Catorze horas de jornada de trabalho é jornada de animal de carga.
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Se suas condições são ruins, é sua missão mudá-las.
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Alguns trabalhadores não conseguem um nível de recursos suficiente pra sequer sobreviver.
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A falta de determinação é uma determinação.
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A natureza pode desmentir seu discurso.
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Em sociedades hipócritas, pessoas ingênuas veem “o sagrado” por toda parte.
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Autorrenúncia não é liberdade.
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O homem selvagem não é totalmente livre como comumente se pensa; ele apenas têm outros tipos de corrente.
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É possível não entender os elementos que limitam sua liberdade.
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O balão é mais velho que o trem.
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O que nos leva a conceber novas invenções é a necessidade.
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Ninguém lamenta novas invenções benéficas, ninguém lamentou a invenção do trem só porque ele não podia voar.
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Algumas invenções perpetuam a subordinação do homem ao dinheiro, mas isso porque o homem, geralmente, não quer se libertar do dinheiro, mas ter cada vez mais dele.
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Existe liberdade negativa (liberdade para não fazer, desobrigação) e liberdade positiva (liberdade para fazer, poder).
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A dor que o corpo sente não é só do corpo, mas também do dono do corpo.
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Uma pessoa normal que apanha de outra sempre entende que ela não apanha “pro seu próprio bem”.
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Ninguém nasceu pra ser escravo.
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Quando se desmembra alguém, não se está interessado no membro obtido, mas em causar dor: qual o uso de uma perna arrancada?
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Quando você é um burguês mimado, os obstáculos parecem cair por si sós, mas os obstáculos que não caem “por si sós” são também tidos por intransponíveis.
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Existem filósofos e outros intelectuais que o são por obrigação e não gostariam de sê-lo, porque a divisão do trabalho pode também ser injusta até com as elites.
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Algumas pessoas só tem uma coisa pra comer, quando têm o que comer.
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Um livro pode simplesmente não explicar seus termos, de forma que eles não são inteligíveis nem dentro e nem fora do contexto.
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Sensações ocorrem em você sem você precisar aceitá-las e elas são propriamente suas sensações.
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Ninguém pode e ninguém quer tirar do trabalhador o direito de comer.
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É possível fazer um discurso desonestamente usando homônimos de forma caótica, ora como também sinônimos, ora como não sendo sinônimos.
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É possível usar uma palavra abstraída de seu sentido.
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É muito difícil juntar trabalhadores de forma coesa.
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A importância da criança filha de pais de elite não vem da própria criança.
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Realeza não depende somente de reconhecimento.
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O direito deriva do poder.
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Direito é direito: um tipo de direito (como, por exemplo, os direitos humanos) não age contra outros tipos de direito (como, por exemplo, os direitos da criança).
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Lei e direito são coisas diferentes.
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A existência da lei e do estado independem da vontade das classes dominadas.
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A vontade de eliminar a lei ou o estado só surge em certas condições; geralmente, esses não são objetivos que a maioria persegue.
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O crime é a luta do indivíduo isolado contra as leis dominantes.
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A democracia não se exerce por apenas um momento, ela não acaba depois das eleições.
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Afinal, você pode fazer escolhas de que se arrepende depois.
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Destruir o estado não é questão de mera vontade, não é questão de mera mudança de atitude.
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Sem Código Penal, sem punição por crime.
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A violência feita pelo estado nem sempre é direito, a violência feita pelo cidadão nem sempre é crime.
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A vontade sozinha não pode libertar o corpo e, se ela não puder, de que adianta tê-la?
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Não é com a razão que se convence um opressor.
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Se você não sente vergonha, não é o discurso que te incutirá vergonha.
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Não confie num discurso que te chama ao conformismo.
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Só um estado que se acha “sagrado” promoverá censura.
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A república é mais antiga que a monarquia constitucional.
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Não se ataca o estado atacando a ideia de estado, mas sim atacando estado mesmo.
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Se você toma o conceito por aquilo que o conceito representa, você não precisa se preocupar depois em tentar saber por que seu raciocínio não corresponde à realidade se ele não corresponder: o conceito não descrevia o objeto representado.
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O empregador geralmente não gosta do filho do trabalhador.
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Nada de errado em pedir aumento de salário.
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Quando tem muita gente rica, o estado fica endividado.
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Quando a burguesia tem dinheiro o bastante, ela pode comprar porções do estado.
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Se sua filosofia tem a consciência como fundamento, eventualmente você fará filosofia moral.
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Ninguém é pobre porque quer, ninguém gosta de ser pobre.
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Geralmente, você não precisa de autorização estatal pra concorrer com outros.
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A diferença entre o pobre e o rico está além do seu patrimônio: não é só uma questão de quem tem mais.
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O preço de algo não é arbitrário, mas determinado inclusive pelo custo de produção.
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A demanda muda a cada dia, nada garante que você continuará querendo determinada mercadoria amanhã.
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A concorrência está condicionada à oferta e à demanda.
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A concorrência pode tirar até bens espirituais de alguém, como sua religião, sua decência e seu pudor.
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A honra, a decência e até mesmo a sã doutrina religiosa são tirados dos trabalhadores se isso aprouver às elites.
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Se você dá algo a força, não está presenteando.
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Dizer que as coisas concorrem, não as pessoas, é tão válido quanto dizer que são as armas que matam, não seus usuários.
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O dinheiro não é tão popular quanto parece.
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O estado não acabará por si mesmo, não se pode esperar que o governo “morra de velho”.
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Boa vontade não basta.
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O filósofo que tem suas ideias constantemente desmentidas pela realidade é impotente diante da realidade.
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Não podemos mudar as condições do mundo sem nos organizarmos e sem fazer atos públicos: uma mudança apenas interior não muda outra coisa que não o interior.
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“O preço que aprouver” é arbitrário e não é o mesmo que “preço justo”, este definido pelas leis do mercado, pela oferta, pela procura e pelo custo de produção.
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Você não pode pegar algo do outro pela violência e depois dizer que não tomou nada dela.
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Você pode fazer algo que valha mais que seu salário sem que o salário aumente antes: geralmente se pede aumento depois que já se está fazendo por onde merecer o aumento.
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O aumento de salário não garante aumento na qualidade do trabalho.
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Receber salário não é lucrar: lucro e salário são coisas diferentes.
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O chefe não precisa do dinheiro dos empregados, já que ele provavelmente já tem cem vezes mais que cada um deles.
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Qual é o sentido de um trabalho intelectual que não tem pretensões de desencadear mudanças práticas no mundo?
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Se os trabalhadores pegassem todo o dinheiro do chefe e distribuíssem igualmente entre si… não teriam o suficiente.
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Se o trabalhador não estiver interessado em trabalhar pelo salário estipulado e exigir trabalhar apenas por uma quantidade gigante, ninguém o empregará.
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O preço de algo no mercado mundial nada tem a ver com o salário dos que produzem a mercadoria.
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O preço é definido por oferta e demanda.
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A greve é só uma forma de protesto: trabalhadores mais unidos e mais organizados podem protestar de outras formas, talvez mais efetivas.
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Seu trabalho é copiável, seu o produto de seu trabalho pode ser usurpado (plágio).
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Num mundo onde existe divisão do trabalho, talento nunca basta pra ter sucesso: você também precisa da sorte de ter nascido na elite ou com condições de se tornar elite.
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Mesmo você tendo uma educação de elite, seu sucesso ainda é condicionado à demanda pelo seu trabalho.
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A divisão do trabalho também é ruim por outro lado: há uma demanda maior pelo trabalho de poucos intelectuais.
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O ideal seria que ninguém estivesse preso a uma profissão, podendo desempenhar a função que desejasse quando desejasse.
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Não lute contra frases, mas contra as condições que tornam a frase plausível.
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Seu dinheiro não é proporcional à sua capacidade.
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O que significa que o fato de você trabalhar muito não garantirá que você fechará suas contas no azul no fim do mês.
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O problema não é a incapacidade de se adquirir dinheiro, mas o dinheiro.
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O fato de você não ter dinheiro nem sempre é sua culpa.
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Dizer que tudo é de todos não é o mesmo que dizer cada um tem o seu, como se “tudo ser de todos” implicasse propriedade privada.
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Quando duas forças antagônicas entram em acordo, quebrarão esse acordo na primeira oportunidade.
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Você precisa de um chefe que lhe dê salário em troca de trabalho e o chefe só atende você porque precisa de um trabalhador: ninguém se submete a isso sem necessidade.
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As pessoas não elegem um governante esperando que ele aja como trabalhador.
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A relação de prestabilidade é somente uma das relações humanas: nem tudo é exploração do potencial alheio.
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Como você será explorado, isso depende da posição social do explorador.
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Quanto mais você trabalha, mais você tem necessidade de se divertir.
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Por outro lado, se suas opções de diversão são poucas, você poderá se voltar a diversões viciosas.
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Como as diversões são procuradas fora da atividade vital, você sempre tem a sensação de que elas não servem pra nada.
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Cada um se diverte como pode, o que dá origem às “diversões de pobre” e às “diversões de rico”.
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Não se resolve um problema esquecendo o problema.
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A capacidade de desenvolvimento da criança depende da capacidade de desenvolvimento dos pais: filhos de pais que tiveram mais chances de desenvolver seu potencial terão também mais chances de desenvolver o próprio potencial.
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Esse problema é em grande parte devido a falta de oportunidade e pode ser amenizado provendo oportunidades de realização e descoberta de talento pessoal.
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Diferenças biológicas não implicam que pessoas de determinado tipo serão todas inferiores em tudo.
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A natureza não é um limitador definitivo de potencial.
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Não se pode dizer que uma pessoa “burra de nascença” nunca será nada na vida: todos têm potencial para alguma coisa e devem ter seus talentos estimulados depois de descobertos.
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Quanto mais odiamos algo que afirmamos ser uma mentira, mais admitimos pra nós mesmos que aquilo é verdade.
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Algumas características nossas não dependem de nossa humanidade: nós, humanos, usamos a linguagem, mas o fato de eu falar alemão ou francês em particular não depende da minha humanidade, mas das circunstâncias.
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Idiomas surgem de outros, seja por descendência direta ou por mistura, além de serem modificados por outros fatores.
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Você pode ser humano sem saber qual é o conceito de humano.
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Fora que há pessoas que não querem corresponder ao conceito de humano.
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É porque as classes sociais são inerentemente diferentes que toda relação entre proletário e burguês é, além de uma relação entre indivíduos, uma relação de classe.
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A menos que essas classes sejam igualadas ou deixem de existir, não será possível o trato entre sujeitos sem implícita relação de classe.
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A vantagem que um tem sobre o outro só faz sentido em sociedade, seja porque é por ela validada ou porque é por ela engendrada.
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A divisão do trabalho deforma e determina o sujeito, que recebe como que um destino: ou ele pensa ou ele faz, ou ele explora ou ele trabalha.
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A geração seguinte herda os meios de produção da anterior (o que não as impede de procurar meios novos).
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Você se desenvolverá, mas você deve lutar contra as forças que tentam condicionar seu desenvolvimento.
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A propriedade privada transforma os meios de produção e os meios de intercâmbio em forças destrutivas.
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No entanto, usando esses meios de produção e de intercâmbio é possível acabar com a divisão do trabalho e com a propriedade privada, se isso for feito por indivíduos organizados segundo esse objetivo.
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A única determinação justa para nosso desenvolvimento é a conexão que temos entre nós, se bem que tal conexão não está livre de elementos econômicos, solidários e produtivos.
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Você só pode declarar algo como “incomparável” depois de tentar comparar aquilo com outras coisas.
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Leia sem permitir que os livros distorçam sua visão da realidade: a única coisa que garante que o autor do livro está certo é o quão bem tal livro descreve a realidade.
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Uma palavra não é capaz de fazer nada fora do domínio das palavras: as palavras não são coisas.
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O filósofo que afirma que a falta de ideias é o fim da filosofia está tentando, mesmo que inadvertidamente, acabar com a filosofia.
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Se um conceito não tem relação com a realidade, é um conceito sem sentido, que não quer dizer nada.
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Um socialismo verdadeiro tem motivos práticos e objetivos práticos: não é um movimento que se fecha em teoria.
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O comunismo não nasceu de “pensamentos puros”, tal como não nasce só do puro pensamento qualquer sistema filosófico, político ou econômico.
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Um movimento legítimo tem como ponto de partida as necessidades práticas.
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O socialismo deve ser apresentado de forma que qualquer um possa compreendê-lo, porque, do contrário, será um movimento para elites intelectuais (que sozinhas não mudam nada).
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Socialismo é revolucionário, não “filantrópico”.
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Não há socialismo sem os trabalhadores, não se faz socialismo com intelectuais e empresários sem trabalhadores.
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O socialismo é uma ideia francesa.
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Quando a mente do sujeito ainda é pequena, é mais fácil convencê-lo com o gênero narrativo (romances, crônicas, ficção, quadrinhos e outras formas de literatura popular) do que com o gênero dissertativo (artigo científico, monografia, teses e outras formas de literatura científica).
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O gênero narrativo pode funcionar como propaganda.
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Às vezes é melhor pensar numa ideia como sujeita ao tempo do que pensá-la sob a ótica da eternidade: se algo é urgente, pensar se isso deve durar pra sempre pode resultar em perda de tempo.
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Animais se masturbam.
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Estranho é uma pessoa com engajamento político rotulando comportamentos como “natural” ou “não natural”.
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Não existe propriedade privada “falsa” e propriedade privada “verdadeira”: propriedade privada só existe de um modo.
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O comunista que quiser ter sucesso como comunista não pode fingir que a luta de classes não existe: ele precisa admiti-la, não disfarçá-la.
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A Alemanha não é juíza do mundo.
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O nacionalismo é burguês.
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A vida feliz não é um estado natural.
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Para algumas pessoas, voltar à estaca zero é desenvolvimento.
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Apelar pra natureza é uma técnica que já foi usada para justificar a desigualdade social e a escravidão.
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“Afinidade humana natural” é uma construção histórica.
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A polícia é consequência da divisão entre os homens.
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A polícia não é a única força a exercer coação sobre a vontade humana.
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A abstração não precede o fato, a abstração não deve perder uma ligação real com o fato.
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Nossa vida não é toda fruição e o trabalho muitas vezes entra no grupo das atividades das quais não se frui nada ou não se frui o bastante.
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A Alemanha é um país como os outros e não pode pretender se elevar acima das outras nações.
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Uma nação não pode se arrogar o direito de ser guia do mundo.
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É um insulto ouvir que um estrangeiro conhece sua nação melhor que você.
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Criticar uma ideia não se resume a xingar as pessoas que a professam.
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Se você se diz mais sábio ou desenvolvido que os outros, é melhor estar pronto para provar isso…
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O comentário não é a obra comentada.
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O comentário do comentário também não é a obra comentada.
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Você pode se casar não porque ama a pessoa, mas pelo benefício que o casamento pode trazer, mesmo que intelectual.
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Se um comentário erra, o comentário do comentário poderá repetir o erro e até introduzir erros novos.
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Um bom relato biográfico é cronológico e não se abstrai das motivações dos atos narrados.
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Para esconder um plágio, alguns autores criticam o autor que copiaram.
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Todos terão que trabalhar.
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Não fale do que você não leu.
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A história do estado está diretamente ligada à história da economia.
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Moral é coibição das paixões humanas.
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Fazer algo é também dominá-lo.
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Algumas pessoas levam somente fantasias a sério.
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O fim do matrimônio já estava ocorrendo na época em que o livro foi escrito.
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A vida humana é o fundamento da religião e da política, não o contrário.
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Os meios de produção, melhores a cada geração, acabam produzindo bens em excesso, que podem não ser consumidos.
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Quando você escreve um livro, você geralmente não espera que seus leitores escrevam os deles, mas tão somente que a formação do leitor seja aprimorada.
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A superprodução só provoca crise quando começa a afetar o valor de troca das mercadorias.
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Não pense que seu plágio não será detectado só porque você plagiou alguém que, para você, tem pouca importância.
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Aliás, essa pessoa de pouca importância pode estar mais qualificada intelectualmente do que você (afinal, você copiou ela).
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O parlamento e a aristocracia podem criar crises de propósito, a fim de obter apoio do povo em alguma causa de sua escolha.
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Milagreiros se aproveitam da ignorância das pessoas sobre o mundo natural ou o mundo social.
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Esses milagreiros também se apoiam no medo que podem incutir nos seus ouvintes.
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Eles tentam incitar emoções para que sejam cridos mais facilmente, porquanto a emoção suspende a razão.
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O idealismo alemão não é diferente de outras ideologias nacionais e nem melhor que elas.
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Ignorar não é refutar, dizer que seu oponente é fraco demais pra merecer refutação não o refuta.
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A história que você faz não é a história real e pode não corresponder a ela, nem representá-la.
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É um erro pensar que é possível ser materialista sem considerar o objeto também como atividade humana sensível.
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Um materialismo que só considera seus objetos como conceitos é cego para a revolução.
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Provas são dadas na prática.
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A busca pela verdade é uma busca prática.
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Os homens mudam as circunstâncias que os cercam.
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A revolução é uma alteração de circunstâncias.
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O que é sensível é prático.
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As relações humanas entram na essência humana.
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Vida social é vida prática.
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Interpretar o mundo não basta; é preciso transformá-lo.