“Antieméticos
em Oncologia” foi escrito por José Zago Aleixo e Sabina Bandeira
Aleixo. Abaixo, o que aprendi lendo esse texto.
Tratamento oncológico e tratamento antiemético.
Tratar câncer com
quimioterapia provoca náusea e vômito. Antieméticos são
necessários para o controle desse efeito colateral tão frequente e
tão intenso. Na verdade, intenso o bastante pra afetar o estado
nutricional de pacientes na quimioterapia. Até que não tem medo
de vomitar pode temer os vômitos causados pela quimioterapia: o
tratamento com cisplatina causa vômito agudo e tardio, cada um tendo
que ser controlado por uma substância diferente (no primeiro caso,
antagonistas do receptor de 5-HT3 e, no segundo caso, antagonistas do
receptor de NK1). A radioterapia também causa esse efeito colateral:
irradiação do corpo inteiro provoca vômitos 90% das vezes.
Então, tratamento
contra câncer implica terapia antiemética, não obstante o método
de tratamento, porque ambos os métodos provocam vômitos. Por outro
lado, recusar o tratamento e simplesmente aceitar ficar com câncer
também provoca vômitos. Felizmente, tem um monte de remédio pra
vômito que funciona muito bem hoje em dia.
Mecanismo do vômito.
O chamado “centro
do vômito”
não fica em uma área específica do sistema nervoso como se fosse
um órgão, mas é distribuído entre conexões no tal tractus
solitarius. Tal centro pode ser estimulado por outro mecanismo, a
zona quimiorreceptora de gatilho. Essa zona detecta certas
substâncias no corpo e, em sua presença, estimula o centro do
vômito. O centro do vômito pode também ser estimulado pelo sistema
digestivo, óbvio, quando uma substância nociva é detectada. Se
você passar por uma vagotomia, o centro do vômito não poderá mais
ser estimulado pelo sistema digestivo. O centro do vômito também
pode ser estimulado pelo aparelho vestibular, que detecta movimento
(daí a cinetose, isto é, o enjoo que você sente quando está num
barco ou veículo em movimento). Ele também pode ser estimulado pelo
córtex cerebral (daí o vômito causado pelo medo ou pelo nojo, a
“náusea psicológica” e o vômito antecipatório).
Antieméticos.
O primeiro remédio
pra vômito examinado é o antagonista
do receptor 5-HT3. Quando se trata de controlar o vômito causado
pela quimioterapia, este é o melhor medicamento. São exemplos de
antagonistas do receptor de 5-HT3: granisetrona, tropisetrona,
dolasetrona e palonosetrona. Eles têm como efeito colateral prisão
de ventre e dor de cabeça. Esses medicamentos não devem ser usados
em altas doses porque operam pelo bloqueio de neurotransmissores: se
já estiverem bloqueados, aumentar a dose não aumenta a eficácia,
porque não haveria mais o que fazer. Logo, doses altas são
desperdício. Tanto faz se é uma injeção ou comprimido ou se a
dose é única ou fracionada ao longo do dia. Use tropisetrona e
dolasetrona com cautela se tiver problemas cardíacos. Se tiver
problema de fígado, a ondasetrona tem que ser ministrada em doses
não superiores a 8 mg/dia.
O segundo remédio
pra vômito é o esteroide. Esteroides como antieméticos funcionam
melhor em conjunto com outro antiemético. Um exemplo é a
dexametasona. Têm como efeitos colaterais a hiperglicemia e a
insônia.
O terceiro remédio
pra vômito é o antagonista do receptor de NK1. Esse medicamento é
de uso oral e é usado em conjunto com dexametasona e antagonistas do
receptor de 5-HT3 pra tratar o vômito causado por terapia baseada em
platina.
O quarto remédio
pra vômito é o antagonista de receptor dopaminérgico. Sozinhos,
eles têm baixa eficácia. São exemplos de antagonistas de receptor
dopaminérgico: prometazina, haloperidol, droperidol, metoclopramida
e alizaprida. Tem como efeitos colaterais reação extrapiramidal,
sedação e hipotensão.
O quinto remédio
pra vômito é o benzodiazepínico. Eles reduzem a ansiedade,
servindo no tratamento pra vômitos de origem psicológica. Um
exemplo de benzodiazepínico é o lorazepam.
O sexto remédio pra
vômito é o canabioide.
Estes agem melhor que os antagonistas do receptor dopaminérgico. Um
exemplo de canabioide é dronabidol. Apesar de ser bom pra controlar
o vômito, esse medicamento causa tontura, alucinações e disfonia.
É melhor administrado por via oral.
O sétimo remédio
pra vômito é o anti-histamínico. Esse medicamento é melhor
utilizado pra reduzir a intensidade de efeito colateral ocasionado
por terapia com antagonistas do receptor dopaminérgico. Um exemplo
de anti-histamínico é a difenidramina. Não serve pra impedir o
vômito causado por quimioterapia. Mas servem pra impedir o vômito
causado por enjoo de movimento (cinetose). Causam secura na boca,
sonolência e visão turva.
Observações sobre o tratamento antiemético.
Uma náusea pode ser
classificada em três tipos, em relação à quimioterapia: aguda
(quando ocorre no mesmo dia em que a quimioterapia ocorreu, sendo
combatida com os antagonistas do receptor de 5-HT3, dexametasona e os
antagonistas do receptor de NK1), tardia (ocorre depois do primeiro
dia, sendo combatida com dexametasona e antagonistas do receptor de
NK1) e antecipatória (ocorre antes da terapia, por razões
psicológicas, sendo combatida com lorazepam).
Medicamentos
antieméticos devem ser usados quando o sujeito passa por
quimioterapia, radioterapia ou tratamento para câncer avançado. No
caso da quimioterapia, a escolha do antiemético e da dose a usar
depende de qual é o quimioterápico que tá sendo utilizado e como
ele está sendo utilizado. Mulher
vomita mais em quimioterapia. No caso de radioterapia, se usa
antagonistas do receptor de 5-HT3 (granisetrona) e dexametasona para
controlar o vômito, com doses tanto antes da irradiação como
depois dela.
Se for tratar câncer
pelo sistema único de saúde, pode ser que o medicamento antiemético
tenha que ser comprado. Se apesar do tratamento, o cara ainda
vomitar, pode ser que a causa não seja a quimioterapia, mas
distúrbios metabólicos… ou metástase.