Meu professor mandou-me escrever sobre a visão platônica da retórica, que é explicitada em Górgias. Antes de escrever o trabalho final, farei algumas anotações sobre o texto para só então assemblá-las em algo conciso. Quero partilhar minhas anotações com outros alunos que receberam o mesmo trabalho, então fiquem à vontade para pescar de mim. Por outro lado, é importante que não copiem minhas palavras tal e qual estão dispostas aqui, como alguém fez com meu artigo sobre As Moscas.
- A Retórica pode ser usada para confundir o interlocutor e subtilmente o levar para longe do ponto de partida da discussão, como demonstrado por Sócrates, depois que Polo tentou distraí-lo da pergunta que ele havia feito no começo.
- A Retórica ocupa-se dos discursos.
- Porém, as retórica não se ocupa de todos os discursos.
- Sócrates tenta pegar o Górgias ao dizer que a Medicina se ocupa dos discursos médicos, a Ginástica dos discursos de sua área e por aí vai…
- Não se deveria dizer que essas artes também são Retórica, já que se ocupam dos seus discursos específicos, embora não de todos, como Górgias concordou?
- A Retórica, segundo Górgias, ocupa-se do discurso em si, não de discursos específicos, como no caso das artes manuais, por isso o discurso Médico não é retórico, embora possa fazer uso da Retórica.
- As artes que nada tem a ver com Retórica, são aquelas que podem ser exercidas em silêncio.
- A Retórica está próxima da aritmética, do Cálculo e de outras artes que demandam o uso do discurso.
- Mas a Retórica é distinta dessas outras artes.
- A Retórica atinge seu objetivo por meio do discurso, mas que objetivo é esse?
- Seriam os “negócios humanos”.
- Mas os negócios humanos mais importantes são a saúde, a beleza e a riqueza e a Retórica não está comprometida com essas coisas.
- A Retórica está comprometida com o controle, com a dominação.
- Com a Retórica, pode-se convecer qualquer um e escravizar os outros, mesmo os médicos, ginastas e economistas.
- Em última análise, a Retórica, enquanto estudo do discurso em si, está comprometida com a persuasão.
- Mas aí surge o problema: existem outras artes comprometidas com a persuasão em maior ou menor grau, como a Educação.
- Mas a Retórica persuade na política e na ética.
- Existem duas formas de persuasão: conhecimento e crença, onde a crença pode ser falsa, mas não existe um coisa tal como “conhecimento falso”.
- A Retórica não está comprometida com o conhecimento, mas com a crença.
- Por isso, o retórico nunca é chamado para opinar sobre algo muito técnico, como Arquitetura.
- Porém, se um retórico e um arquiteto forem chamados para opinar em determinada obra, o arquiteto não terá chance de ser ouvido.
- A Retórica pode ser usada de forma positiva e não se deve perseguir os professores de Retórica se os alunos estão fazendo mal uso do que lhes foi ensinado.
- A Retórica só funciona com ignorantes, contudo, posto que o retórico não pode vencer um médico numa discussão sobre Medicina diante de outros médicos.
- O retórico parece ser sábio, mas somente aos ignorantes.
- O bom discurso a ser exposto em determinada área demanda um conhecimento daquela área; o retórico poderá fazer um discurso mais convincente aos médicos se ele já conhecer Medicina antes.
- Para proferir um discurso sobre a justiça, o retórico precisa saber o que é justo.
- Se quem pratica Música é músico, quem pratica Ginástica é ginasta, então é justo é aquele que pratica justiça.
- Para que o retórico discorra sobre justo ou injusto, precisa ele ser justo, mas, sendo justo, não quererá praticar um injustiça, logicamente, segundo Sócrates.
- A cadeia de perguntas socráticas levou Górgias a admitir que o retórico precisa, necessariamente, ser justo e nunca praticar injustiça na medida em que versa sobre justiça, como os sofistas faziam na Grécia Antiga, nos tribunais.
- Se a Retórica ocupa-se dos “negócios humanos”, como a justiça; se o retórico não pode ser injusto, mas alguns alunos podem fazer mal uso da Retórica, do contrário isso não precisaria ser levado em consideração durante a reflexão acerca dos professores de Retórica; Górgias entrou em contradição ao admitir que a Retórica necessariamente é justa, após implicar que alunos podem usá-la injustamente.
- Se Górgias entrou em contradição, sua definição de Retórica como estudo dos discursos voltados aos “negócios humanos” é inválida.
- Sócrates então propõe que a Retórica simplesmente não é arte de nenhum tipo, não é técnica de nenhuma natureza.
- Ela simplesmente produz prazer e satisfação.
- Ou seja, é “adulação”, no sentido de rotina que induz prazer naquele desfruta dela.
- Mais que isso, é um simulacro da política.
- Usando da adulação, ela “fisga” os ignorantes pelo prazer e, como na democracia todos participam e é natural que apenas uma pequena parte de um contingente humano seja intelectual, a Retórica obtém sucesso entre as multidões fazendo-se parecer com a justiça, mas na verdade sendo apenas uma confusão das mentes inocentes.
- O retórico, assim, rouba o prestígio dos médicos ao discursar sobre Medicina, dos ginastas ao discursar sobre Ginástica e por aí vai.
- Mas o retórico não está completamente cônscio do que faz, visto que ele não conhece a fundo as coisas sobre as quais discursa (ele conhece o discurso para convencer, mas não o discurso para formar, trabalha com crença e não com conhecimento).
- Vou começar a carregar punhais e dizer por aí que sou tirano; quero ver se dizem que posso queimar uma casa (dá-lhe punhal, parte XXV).
- Parte do poder do retórico consiste em juntar o máximo possível de pessoas para pensar como ele, para que, pela força da maioria, seja mais fácil convencer ainda mais pessoas.
- O grande problema da Retórica como simulacro da justiça é atrapalhar o curso normal da justiça e do castigo justo, vistos como bens que afastam o castigado dos vícios da alma, os que causam os maiores males.
- E é isso que fazem os retóricos, persuadem para livrarem-se dos castigos da justiça pública.
- Mas existe um tipo bom de orador que é aquele que dirige a alma do ouvinte para a justiça e para a temperança (se você tiver lido Contra os Retóricos, poderá pensar que esse é o conciso e enxuto orador dialético).
- O sofista, o usuário da Retórica com intenções formadoras, é ainda melhor que o orador político, porque o orador político não se importa com a formação do ouvinte.
- “Adulação” é empregado também no sentido de “satisfação imediata e inconsequente de uma necessidade”.
Mandei um e-mail de teste, responde por lá.
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Comentário por Doce de Caju — 18 de junho de 2014 @ 11:45
Certo.
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Comentário por Yure Kitten — 18 de junho de 2014 @ 11:57
Se respondeu? Porque eu não recebi.
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Comentário por Doce de Caju — 18 de junho de 2014 @ 13:53
Respondi. Checa o diretório de spam.
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Comentário por Yure Kitten — 18 de junho de 2014 @ 16:02
Enviei um e-mail com as fotos, depois responda pelo e-mail o que achou.
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Comentário por Doce de Caju — 16 de junho de 2014 @ 08:57
Eu vi. Você continua uma gracinha.
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Comentário por Yure Kitten — 17 de junho de 2014 @ 10:50
Eu gostaria que você fosse mais profundo na analise da minha forma hahaha.
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Comentário por Doce de Caju — 17 de junho de 2014 @ 12:22
Meio difícil com você vestido.
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Comentário por Yure Kitten — 17 de junho de 2014 @ 13:12
Não me achou mais gordo?
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Comentário por Doce de Caju — 17 de junho de 2014 @ 15:59
Achei, sim. Mas quase não deu pra notar. Perdoe, sou meio trouxa às vezes quando se fala de aparência. Afinal, eu curso filosofia.
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Comentário por Yure Kitten — 17 de junho de 2014 @ 19:31
Enviei a foto mas fale comigo por e-mail, pode ser?
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Comentário por Doce de Caju — 18 de junho de 2014 @ 09:18
Claro.
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Comentário por Yure Kitten — 18 de junho de 2014 @ 10:41
Interessante o artigo, isso eu utilizo muito no meu dia-a-dia de vendas.
O que você acha da Dialética Erística?
Te mandarei a foto hoje a noite.
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Comentário por Doce de Caju — 13 de junho de 2014 @ 12:41
Nem é artigo ainda, bebê gostoso. O artigo está ainda sendo escrito, agora que terminei as anotações do Górgias. Agora estou misturando com anotações que fiz do Contra os Retóricos, do senhor Sexto Empírico. Quando o professor der a nota pro meu trabalho, aí, sim, colocarei aqui um artigo conciso. Acho que qualquer coisa erística precisa ser tomada com muita cautela.
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Comentário por Yure Kitten — 13 de junho de 2014 @ 16:33