“Fenomenologia do Espírito” foi escrito por Hegel. Abaixo, o que aprendi lendo esse livro.
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O fato de a filosofia dar diferentes respostas à mesma pergunta não indica falta de método ou de seriedade.
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A ciência precisa ser universalmente inteligível.
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Se ficarmos só repetindo o que já foi dito, não iremos além do começo da investigação.
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Quando um filósofo fala contra o formalismo, pode acabar criando um novo formalismo.
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Um sujeito sem predicados é desconhecido.
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Todos os princípios, ao se pretenderem basilares e universais, se expõem ao erro.
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O objeto da Fenomenologia do Espírito é o nascimento da ciência.
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O caminho para uma ciência superior passa pela busca de conhecimento em si próprio.
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O conhecimento tido por novidade ontem é banal hoje, a ponto de até crianças pequenas saberem.
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Cada momento da ascensão do saber é necessário, não se pode pular etapas.
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Se deve deter-se em cada etapa pelo tempo que for necessário.
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O dogmatismo, a tendência filosófica de sustentar que existem verdades imutáveis, só funciona para certos saberes: “todo o solteiro é um não-casado”, isso nunca vai mudar.
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Mesmo informações óbvias precisam ser pesquisadas ou testadas, porque ninguém nasce sabendo algo só porque é óbvio.
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Uma verdade não necessariamente é óbvia.
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Conhecer algo sem experimentar ou ver a demonstração é conhecer só por fora.
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Um teorema é tido por verdadeiro por seus resultados.
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A filosofia não deve aspirar ser como a matemática, porque a matemática oferece informações quantitativas apenas.
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A matemática sozinha é superficial, mas, aliada a outros saberes, como a física e a química, é que ela mostra seu potencial.
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Se algum dia trabalharmos sem matemática, isso não implica trabalhar sem critério.
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É típico do babaca aceitar o que não entende, quando proferido por alguém de “autoridade”.
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Tem gente que tem vergonha de aprender.
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Se a filosofia não anda é porque muitos filósofos são presunçosos.
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A presunção a que Hegel se refere é a de tomar como princípio coisas estudadas às pressas e chegar ao cúmulo de tomá-las como verdades com as quais se pode condenar alguém.
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Nem todos podem se dedicar à filosofia, mas somente aqueles que têm interesse em obter conhecimento claro sobre algo.
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Há quem pense que não é preciso estudar pra praticar filosofia.
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Filosofar “com o coração” nos leva a dizer o que todo o mundo já sabe ou a dizer coisas que supomos estarem latentes no coração dos outros.
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Esse filosofar com o coração é presunçoso ao extremo: “é verdade porque sinto que é.”
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Quando a filosofia conclui algo distante do senso comum, a conclusão é tida por loucura, mesmo que esteja certa.
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Pensar com o sentimento, sem a razão, é tentar pensar como bicho.
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Pensar verdadeiramente é conceituar precisamente.
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Às vezes se erra menos quando não se tem medo de errar.
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O medo do erro impede uma pessoa de confiar até em si mesmo.
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Hegel se pergunta se o medo de errar já não é, em si, um erro.
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O medo de errar é um medo da verdade: “se as coisas forem de outro modo, sofrerei as consequências.”
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Não assuma que o outro sempre sabe do que você está falando.
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Duvidar é não ter certeza da verdade.
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Desespero é ter certeza de que não há verdade ou que ela nunca poderá ser encontrada.
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Confiar em si mesmo é mais seguro do que confiar em uma autoridade se a autoridade não satisfaz.
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A arte do cético é a de duvidar, procurar erros de raciocínio e criticar.
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O conhecimento termina quando o conceito corresponde ao objeto, isto é, quando a ideia que fazemos de algo está completamente correta e não há nada mais pra saber sobre aquilo.
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O objeto do livro é o saber em si.
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Não há problema algum em anotar verdades: elas não serão menos reais por terem sido escritas.
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O aqui anda conosco e seu conteúdo muda dependendo de onde estamos.
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Existem verdades que só são válidas pra mim.
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Igualmente o espaço pode ser dividido o quanto se queira.
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É preciso “visar” um aqui ou um agora, fazer um recorte do eterno ou do infinito pra que eu possa dizer algo.
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Se o visado não é absoluto, não deve ser encarado como verdade, embora seja necessário.
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A certeza sensível não é universal, porque “visa” um isto.
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Perceber é sentir características.
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Leis gerais são superficiais.
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Uma coisa não é seu agir: eu posso agir de outra forma e continuar sendo o que sou.
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O estado natural da consciência é a vida.
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O senhor precisa de algo, seu escravo vai lá e pega.
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O estoicismo é muito geral ao pregar o bem e a verdade estão no agir racional.
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A consciência é infeliz quando em contradição consigo própria.
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Não basta trabalhar e desejar o bem trabalhado, é preciso entendê-lo, entender o que desejo e para quê trabalho.
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Se algo deve ser, mas ainda não é, então ainda não é verdade.
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Generalizações falham com tanta frequência que é possível generalizar que generalizações são falhas.
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Provável não é o mesmo que verdadeiro.
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A abstração nos permite separar elementos de suas condições acidentais.
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Algo contido em algo não necessariamente está preso.
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Regras superficiais encontram exceções facilmente.
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Dois conceitos relacionados nem sempre são interdependentes, mesmo que o conceito A dependa de B; o conceito B, o qual é necessário ao A, pode muito bem subsistir sozinho.
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Dois conceitos relacionados podem ser independentes.
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O problema das ciências ocultas superficiais, como a astrologia e a quiromancia, é relacionar coisas que não se podem relacionar: personalidade com influência constelar, linhas da mão com tempo de vida.
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A mão é relacionada com o destino porque é pela mão, ou por equivalente, que agimos no mundo: pegamos, fazemos, tocamos, transformamos, mas é só nesse sentido em que se pode relacionar mão e destino.
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As linhas de expressão da mão (adquiridas pelo trabalho), o timbre da voz, a caligrafia, essas coisas são manifestações externas do nosso interior.
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Algo deve ser explicado pela sua ação e não por sua aparência.
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O espírito (mente) é um extremo, o objeto externo é o outro extremo e o corpo é o meio-termo.
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A mente interage com o mundo através do corpo.
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Há uma tendência a fazer ligações apressadas entre ações e certas partes do corpo: a profecia vem do fígado, a raiva vem da vesícula biliar, o amor vem do coração, a concupiscência vem dos rins, porque sentimos esses órgãos quando temos tal ou tal estado de espírito.
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É realmente possível pensar até ter dor de cabeça.
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Um fenômeno é indiferente às leis que estipulamos sobre ele.
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Ao dizer que uma pessoa é de tal jeito por causa, por exemplo, de seu signo, você está dizendo que a pessoa é uma data.
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Não somos nossos signos do zodíaco, nem somos qualquer detalhe de nosso corpo, como fisionomia ou configuração hormonal.
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Não se pode analisar uma pessoa lhe tomando somente um aspecto, especialmente se desconsideramos suas ações.
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É possível justificar um preconceito com argumentos científicos e isso foi feito muitas vezes na história.
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Quem aborrece a ciência e a filosofia, isto é, quem rejeita a razão, se entrega ao demônio e deve ir pro inferno, diz Hegel, com Goethe.
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Não há meio-termo entre a vida e a morte.
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Se todos agissem somente segundo leis próprias, não haveria harmonia.
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Quando se faz um discurso sabendo que uma determinada palavra precisa ser ambígua pra que o discurso funcione, a pessoa que faz o discurso não explica o significado dela, fazendo o discurso como se todo o mundo já soubesse.
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Se alguém perguntar o que a palavra significa, o discursante pode salvar sua intenção respondendo “pergunte ao seu coração.”
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Não é possível agir sem um fim em mente: pense no que você quer, antes de pensar em como chegar lá.
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A vitória de quem você apoiou pode ser tida como uma vitória sua também, embora isso seja impreciso.
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“Mentir” é falar algo incorreto sabendo ser incorreto.
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A utilidade do amor é proporcionar bem ao amado, ao mesmo tempo que a afasta o mal desse amado.
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Não existe “amor inativo”: se é amor, é ativo.
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Para amar alguém, é preciso tratá-lo segundo o conhecimento do que é bom pra aquela pessoa.
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Nem tudo o que não se contradiz é justo.
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Ninguém é inocente, porque todos são responsáveis por suas ações enquanto seres agentes.
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Não reconheceríamos nossos erros se eles não causassem sofrimento.
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Um sacerdócio impostor costuma ficar do lado de governantes corruptos por ser formador de opinião, não muito diferentemente do que a mídia tradicional faz.
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Um sacerdócio impostor só pode fazer o que faz porque o povo é ignorante.
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“Conceito” é um saber simples que sabe a si mesmo e ao seu contrário.
- Se algo é real, é pensável.
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“Fé” é o conhecimento que depende de testemunhos, mas que não podem ser comprovados por você.
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A fé pode não depender de texto.
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É estranho que alguns ponham o agir virtuoso em alvos impossíveis.
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Não basta acabar com a mentira, se não se estabelecer a verdade.
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A constituição humana está na medida certa enquanto é natural.
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A razão é o meio mais seguro de dizer quando algo está em excesso ou em falta.
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A pessoa precisa ser útil, porque tudo é útil a ela.
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Ajudar os outros é ajudar a si mesmo.
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Pensar na utilidade das coisas não é reprovável, mesmo em questões de fé ou sentimento.
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Às vezes a consciência faz coisas sem saber que elas lhe trarão felicidade ou gozo.
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Na indignidade, a felicidade é passageira e só pode ser dada de graça.
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É lícito ser covarde se isso não vai contra os seus deveres como pessoa.
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As feridas do espírito curam sem deixar cicatriz.
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Só é possível conhecer Deus refletindo naquilo que ele revela de si próprio.
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Assim, embora seja possível, pela razão, inferir que Deus existe, as exatas características de Deus não estão ao alcance da simples razão.