“Diálogos entre Hylas e Philonous” foi escrito por Berkeley. Abaixo, o que aprendi lendo esse livro.
- O contato com a natureza revigora a mente.
- O ceticismo total (segundo o qual a única verdade é a de que não há verdade em nada mais) é prejudicial, pois põe tudo no relativismo.
- Uma das causas do ceticismo é o fato de que pessoas de autoridade, como filósofos e cientistas, por vezes afirmam que não existe nenhum conhecimento seguro ou professam como verdade coisas extravagantes e se contradizem.
- Por vezes, o conhecimento do leigo é mais seguro.
- Se aproximar de um objeto ingenuamente pode dar mais resultado do que se aproximar do mesmo com ciência.
- Quando você é convencido de que está errado, mude seu proceder.
- Cético é quem duvida de tudo.
- Quem nega não é cético; o cético duvida, isto é, nem afirma e nem nega.
- Se durante uma discussão, o oponente fala uma besteira, mas uma besteira pequena, não vale a pena discutir sobre ela.
- Negar a matéria não nega a matemática.
- O “verdadeiro cético” não afirma sequer a realidade sensível.
- O que é uma “coisa sensível”: aquilo que posso aprender somente pelos sentidos ou aquilo que eu posso apreender com ajuda de instrumentos que auxiliam os sentidos?
- Por exemplo: lendo um livro, eu vejo letras e vejo a palavra “gato”.
- Porém, o que diz que aquela palavra é gato é a mente, que aprendeu a interpretar os sinais daquela forma.
- Os olhos podem apenas dizer que as letras G, A, T e O estão escritas ali.
- Então, o que é sensível: a palavra “gato” ou as letras que compõem o nome?
- Agravado quando a palavra se refere a algo somente inteligível, mas não sensível, como o amor.
- As causas e a relação de causalidade são inferências racionais, não sensíveis.
- A linguagem é arbitrária: não temos razão para chamar o gato de gato (quem deu esse nome só o deu porque precisava dar um nome ao bicho e esse foi o primeiro que lhe veio à mente).
- O calor tem existência real ou é uma sensação nascida em nós?
- Se ele fosse totalmente dependente de nós, não o sentiríamos nunca, porque o calor só se manifesta como sensação se estamos próximos de uma fonte de energia que nos produza essa sensação.
- O grande problema aqui é de onde vêm as sensações: se forem reativas, são subjetivas; do contrário, são objetivas.
- Não existe sensação intensa que não provoque dor ou prazer.
- Como definir prazer ou dor sem acabar explicando o que é sensação?
- Para alguns, dor e prazer não são distintos das sensações que os provocam.
- O prazer e a dor existem na mente apenas e dispõem as sensações em intensidade.
- Usar critérios subjetivos para graduar calor e frio leva a absurdos.
- Prazer e dor existem só na mente e a prova disso é que algo que é prazeroso para uns é doloroso para outros (o chamado “gosto pessoal”).
- A linguagem em plena acepção da palavra é a linguagem vulgar: se eu estiver falando e você estiver me entendendo, então perfeito.
- A mesma coisa se mostra diferente dependendo do método de observação.
- Se o microscópio é mais confiável, nossa visão normal é falha.
- “Movimento” pode ser entendido como a mudança de posição de um corpo em relação a outro corpo, usado como referência.
- A razão de a cor ser uma característica subjetiva é que diferentes pessoas e animais percebem diferentes espectros.
- Animais pequenos percebem o mundo em escala diferente.
- “Rápido” e “lento” são subjetivos.
- A velocidade é inversamente proporcional ao tempo em que determinado objeto chega a um objetivo.
- As qualidades secundárias, como cor e sabor, são identificadas pelo prazer e pela dor, enquanto as primárias não causam nem um e nem outro.
- Mesmo quando assumimos que as coisas têm existência objetiva, a ideia que fazemos delas é subjetiva.
- Se a extensão for subjetiva, não seria parte da matéria.
- Filosoficamente, substância e substrato são a mesma coisa.
- Cuidado para não usar termos filosóficos por hábito, sem saber realmente o que querem dizer.
- O que é a matéria, afinal?
- Se a filosofia trabalha com conceitos, então, a menos que tenhamos um conceito fechado do que é matéria, não será possível fazer filosofia da matéria.
- Se você concebe algo em sua mente, não há garantia de que esse algo exista fora dela.
- Não é possível dizer a distância exata de algo só olhando pra ela.
- Se eu concebo distância como uma “linha” entre o olho e o objeto focado, não vejo essa linha; ela é hipotética.
- Se eu vejo uma estátua de Júlio César, eu estou vendo a estátua; quem me diz quem ela representa é a razão.
- Muitas vezes, a conexão de uma ideia à outra é puro costume, como é o caso de preconceitos.
- Eu escuto o veículo ou o som que ele produz?
- Só é possível ouvir o som, ó é possível ver a imagem, ó é possível perceber o fenômeno, o que não necessariamente nos dá uma ideia segura do objeto que o produz.
[…] essas relações são frequentemente subjetivas, os céticos achavam que verdades absolutas não era possíveis, porque tudo seria questão de ponto de vista: […]
CurtirCurtir
Pingback por Anotações sobre o “Ensaio Sobre o Entendimento Humano”, de Locke. | Analecto — 13 de agosto de 2018 @ 16:46
Sem falar que suas anotações lembram, pela forma, as anotações feitas pelo próprio Berkeley, e editadas em português do Brasil com o nome de Comentários filosóficos.
CurtirCurtir
Comentário por Alguém — 16 de agosto de 2017 @ 03:36
Não conheço. Pode ser que eu vá atrás.
CurtirCurtir
Comentário por Yure — 16 de agosto de 2017 @ 08:43
Olá, Yure,
enquanto lia sua postagem, para não perder o fio da meada e poder fazer um comentário coerente, fui anotando minhas observações e objeções. O resultado foi um texto relativamente grandinho para um comentário. Então publiquei estas objeções no meu recém criado blog. Espero que possa ser produtivo.
https://salvadordal1.wordpress.com/2017/08/16/hylas-philonous-de-george-berkeley/
CurtirCurtir
Comentário por Alguém — 16 de agosto de 2017 @ 02:40
Maravilha. Obrigado.
CurtirCurtir
Comentário por Yure — 16 de agosto de 2017 @ 08:42
[…] estes temas terão o trabalho (embora prazeroso) de não apenas ler a minha postagem, mas antes ler a postagem de outra pessoa, a qual dirijo a minha […]
CurtirCurtir
Pingback por Resposta às “Anotações sobre os diálogos entre Hylas e Philonous” feitas por Yure | Meu JE-NE-SAIS-QUOI — 16 de agosto de 2017 @ 02:33
[…] Existiam dois tipos de idealista na época de Kant: os que achavam que existência de coisas fora de nós era duvidosa e os que a achavam ser impossível. […]
CurtirCurtir
Pingback por Anotações sobre a crítica da razão pura. | Pedra, Papel e Tesoura. — 31 de janeiro de 2017 @ 10:58
[…] A inclinação de procurar o prazer e se afastar da dor não pode virar lei, porque cada um procura o prazer e foge da dor à sua maneira. Isso não quer dizer que é errado, mas que é pessoal. […]
CurtirCurtir
Pingback por Anotações sobre a crítica da razão prática. | Pedra, Papel e Tesoura. — 22 de janeiro de 2017 @ 20:35
[…] é subjetivo. Não pode ser […]
CurtirCurtir
Pingback por Anotações sobre o Candido ou o otimismo. | Pedra, Papel e Tesoura. — 5 de outubro de 2016 @ 16:38
[…] sentidos são a primeira coisa que ele elimina como sendo “duvidoso”. Os sentidos enganam. Ora, mas os sentidos são seguros! Sim, mas Descartes quer algo de que não se pode duvidar. Se é […]
CurtirCurtir
Pingback por Anotações sobre as meditações metafísicas. | Pedra, Papel e Tesoura. — 28 de setembro de 2016 @ 18:32
[…] critica Berkeley: se nada é corpo e tudo são ideias do nosso espírito, como é que eu morro se levar um […]
CurtirCurtir
Pingback por Anotações sobre o dicionário filosófico. | Pedra, Papel e Tesoura. — 27 de setembro de 2016 @ 14:20